Transportes 01/06/2025 17:42
O trem-bala submarino que conectará dois continentes: viagem de 1.000km a 800km/h por baixo do oceano

Conectar continentes separados por oceanos através de um trem-bala submarino é um dos sonhos mais audaciosos da engenharia moderna.
A perspectiva de viagens de 1.000 km a velocidades de 800 km/h por baixo do mar promete revolucionar o transporte global, o comércio e a integração entre nações.
Mas até que ponto essa visão é uma realidade palpável ou permanece no campo da ficção científica? Este artigo investiga a viabilidade desses projetos grandiosos, analisando o caso mais avançado da Ligação Fixa do Estreito de Gibraltar, bem como outros conceitos, para separar o tecnicamente possível do puramente especulativo no cenário atual.
A busca humana por superar barreiras geográficas e conectar civilizações impulsionou inúmeras proezas de engenharia. No século XXI, essa aspiração se volta para ferrovias de alta velocidade cruzando mares.
A visão de um trem-bala submarino intercontinental, no entanto, frequentemente contrasta conceitos futuristas, como um Hyperloop transatlântico operando a mais de 4.800 km/h com custos trilionários, com projetos mais concretos e em estudo, que possuem escalas e tecnologias consideravelmente distintas.
Analisar essa disparidade é crucial para entender a viabilidade real desses empreendimentos.

A ideia de uma ligação física permanente entre Europa e África pelo Estreito de Gibraltar é antiga, ganhando impulso formal com um acordo hispano-marroquino em 1979.
O objetivo é conectar as redes ferroviárias dos dois continentes, impulsionando a integração econômica e o fluxo de pessoas e mercadorias.
Atualmente, o projeto está em fase de estudos de viabilidade, conduzidos pela SECEGSA (Espanha) e SNED (Marrocos), com uma previsão de conclusão mais realista para aproximadamente 2040, não mais para a Copa do Mundo de 2030.
A tecnologia proposta envolve um sistema de trem de alta velocidade (TAV), operando entre 200-250 km/h, em dois túneis ferroviários principais e um túnel de serviço.
ligação teria cerca de 40 km de extensão total, com 28-30 km submarinos, atingindo profundidades de até 475 metros.
Os principais desafios são a complexa geologia na região da Soleira de Camarinal (solos instáveis, atividade tectônica) e os altos custos, estimados entre 6 e 15 bilhões de euros, podendo chegar a 25 bilhões.
Outros projetos de trem-bala submarino são ainda mais ambiciosos.
O Túnel Transatlântico, frequentemente associado ao Hyperloop (ex: Londres-Nova York), prevê cerca de 5.500 km de extensão, velocidades acima de 4.800 km/h e custos astronômicos de aproximadamente 20 trilhões de dólares, sendo considerado altamente teórico.
Já a Travessia do Estreito de Bering, ligando Ásia e América do Norte (Rússia e Alasca), teria cerca de 80-90 km, mas enfrenta imensos desafios geopolíticos, ambientais e de custo de infraestrutura em regiões remotas. Há uma clara diferença de viabilidade entre esses conceitos e o projeto de Gibraltar.
A construção de um trem-bala submarino intercontinental é uma das tarefas mais complexas da engenharia. A geologia dos leitos marinhos é um grande obstáculo, exigindo investigações geotécnicas detalhadas e caras para mapear solos instáveis, falhas tectônicas e rochas de difícil perfuração.
Escavar túneis com máquinas TBMs em grandes profundidades, sob imensa pressão hidrostática e em condições de solo imprevisíveis, testa os limites da tecnologia atual.
A segurança é outra preocupação primordial. Sistemas de ventilação robustos para controle de qualidade do ar e fumaça, protocolos de evacuação eficientes e a integridade estrutural contra sismos em túneis longos e profundos são críticos e elevam os custos.
Os orçamentos para tais megaprojetos são astronômicos, e assegurar financiamento de longo prazo diante dos riscos envolvidos é um desafio considerável.
Especialistas em engenharia e infraestrutura reconhecem o potencial transformador de projetos como o túnel do Estreito de Gibraltar.
No entanto, há cautela significativa quanto aos prazos e custos, principalmente devido aos obstáculos técnicos e geológicos. Muitos consideram a década de 2040 uma meta mais realista para Gibraltar, se os desafios forem superados.
Quanto a conceitos mais extremos, como um túnel Transatlântico por Hyperloop, o ceticismo entre os especialistas é ainda maior.
Os custos proibitivos e a imaturidade da tecnologia para uma aplicação tão complexa e em tamanha escala os colocam como “sonhos distantes” no futuro previsível. O sucesso de empreendimentos como o Eurotúnel serve de precedente, mas cada novo projeto submarino apresenta desafios únicos e de maior magnitude.
Recapitulando, projetos de ligação ferroviária de alta velocidade (TAV, operando entre 200-350 km/h) através de estreitos marítimos relativamente curtos (dezenas de quilômetros), como o de Gibraltar, embora extremamente desafiadores e caros, estão dentro do escopo teórico do que a engenharia atual e futura próxima pode, em tese, alcançar.
Sua concretização depende da superação de obstáculos geológicos específicos e da mobilização de vastos recursos financeiros e vontade política.
No entanto, a visão de um trem-bala submarino cobrindo distâncias de centenas ou milhares de quilômetros sob o oceano, operando a velocidades de 800 km/h ou mais, como proposto na questão inicial, permanece firmemente no campo da ficção científica ou da especulação teórica de muito longo prazo no contexto tecnológico e econômico atual.
Os desafios técnicos e os custos são simplesmente intransponíveis com as capacidades de hoje. O sonho de cruzar oceanos sobre trilhos persiste, mas o caminho é longo e complexo.
Deu em CPG
Descrição Jornalista
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