Com testagens em diferentes momentos, foi possível corrigir questões como falsos negativos, além de permitir avaliar que, com o passar do tempo, a quantidade de anticorpos contra a covid-19 varia, sendo que, em aproximadamente 8% dos casos, os anticorpos não conseguem ser detectados nem na fase mais aguda da infecção.
Os autores alertam que ainda não há um consenso de modelos matemáticos sobre qual deve ser o percentual mínimo de pessoas infectadas pelo novo coronavírus para gerar a imunidade de rebanho para a covid-19. Segundo eles, este parâmetro ainda é desconhecido e os modelos têm previstos resultados muito divergentes.
A imunidade coletiva, no entanto, não deve ser interpretada como uma estratégia contra a covid-19, alertam especialistas. “[O estudo] não deve ser considerado política pública mas a constatação de uma realidade”, escreveu nas redes sociais o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Júlio Croda.
O assunto já foi tópico de coletivas da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Em julho, por exemplo, o diretor do Departamento de Doenças Transmissíveis da organização, Marcos Espinal, reforçou que não recomenda que países tentem obter a imunidade de rebanho já que a perda de vidas seria massiva. Como a infecção não é tão leve quanto outras, não é possível que todos se contaminem ao mesmo tempo e se imunizem dessa forma.
Segundo especialistas, apostar nessa estratégia sem cautela poderia sobrecarregar o sistema de saúde. “O custo em termos de vidas perdidas será imenso, assim como o custo econômico”, disse Espinal.
Manaus foi uma das cidades mais afetadas pela covid-19, registrando, oficialmente, mais de 47 mil casos e 2,4 mil mortes pela doença.