Brasil 28/05/2020 09:43

Apenas 14,2% dos profissionais de saúde se sentem preparados para lidar com Covid-19, revela pesquisa

O Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Escola de Administração de Empresa de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), fez a pesquisa “A pandemia de Covid-19 e os profissionais de saúde pública no Brasil”.

O Núcleo de Estudos da Burocracia (NEB), da Escola de Administração de Empresa de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), fez a pesquisa “A pandemia de Covid-19 e os profissionais de saúde pública no Brasil”.

Entre os resultados, apenas 14,2% dos profissionais da área da saúde entrevistados se sentem preparados para lidar com a Covid-19.

A maioria (64,97%) disseram que não estão aptos, e o restante não soube responder.

O levantamento constatou ainda que os profissionais de saúde das regiões Norte e Nordeste são os mais frágeis. Ao analisar por categoria, os agentes comunitários de saúde (ACS) e agentes de combate a endemias (ACE) são aqueles que se sentem mais despreparados (apenas 7,61% se sentem prontos para enfrentar a crise).

O índice é também bastante preocupante entre profissionais de enfermagem, somente 20,09% dos entrevistados disseram estar preparados para enfrentar a pandemia.

A pesquisa indica ainda que mais de 55% dos profissionais de saúde conhecem alguém que se contaminou ou foi diagnosticado com suspeita de Covid-19.

Por isso, o medo é um sentimento comum a esses profissionais, independentemente da região ou do nível de atenção. Segundo os dados, 91,25% dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate a endemias têm medo da doença. Já para os profissionais de enfermagem, o índice é de 84,31% e para os médicos, 77,68 %.

“Essa pesquisa mostra que os profissionais de quem mais dependemos para enfrentar a pandemia estão em situação de extrema vulnerabilidade. Há escassez de equipamentos de proteção, faltam informações e suporte governamental e a maioria não se sente preparada para lidar com a crise. Isso coloca esses profissionais em uma situação de muita fragilidade, na medida em que precisam estar na linha de frente, mas sentem medo e podem tanto adoecer como se tornarem vetores de contágio”, avalia Gabriela Lotta, coordenadora do NEB e professora da FGV EAESP.

O estudo revela ainda que somente 32% dos profissionais disseram que receberam equipamento de proteção individual (EPI). Entre os agentes comunitários de saúde e os agentes de combate à endemia, o número é ainda menor (19,65%).

“Um trabalho de atendimento na ponta sem o devido EPI gera um risco altíssimo de contágio tanto para profissionais como para usuários dos serviços de saúde. Além disso, aumenta a insegurança desses profissionais e a hostilidade por parte dos pacientes”, explica Lotta.

Com relação ao suporte governamental, mais da metade dos entrevistados afirmam não sentir que o governo os apoia. Esse número é maior quando avaliam o governo federal (67%) em relação à atuação dos governos estaduais (51%).

Sobre o apoio de chefes, 71,82% dos entrevistados disseram não sentir esse suporte. Apenas 21,91% relatam ter recebido treinamento, sendo que a maioria corresponde a médicos.

“É muito grave a maneira como os profissionais estão sendo expostos sem apoio, sem equipamento e sem informações. É como se estivessem sendo jogados num confronto vendados e desarmados. Se o Estado não consegue cuidar de seus próprios profissionais, como esperar que eles possam cuidar da população? Só com atos de heroísmo”, afirma Lotta.

Deu no Portal da FGV

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista