Indústria brasileira perde espaço para importados no mercado doméstico - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
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Indústria 19/12/2022 11:00

Indústria brasileira perde espaço para importados no mercado doméstico

O setor farmacêutico foi o que apresentou maior alta de penetração das importações, com elevação expressiva de 13,6 pontos, na comparação entre 2021 e 2019, e alta de 80,1% no valor importado no período

Indústria brasileira perde espaço para importados no mercado doméstico

A indústria brasileira teve a maior perda de participação para outros países no mercado doméstico em 19 anos.

De acordo com o estudo Coeficientes de Abertura Comercial (CAC), produzido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com a Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), o maior impacto foi sobre a importação no consumo de farmoquímicos e farmacêuticos, que aumentaram em função da pandemia.

O Coeficiente de Penetração das Importações mede a participação dos bens importados no consumo aparente do Brasil.

O índice aponta tudo o que é produzido internamente, com exceção do que é exportado, adicionado aos bens que são importados.

Em 2021, o indicador registrou a marca de 24,8%, com aumento de 1,4 ponto percentual em relação à edição anterior da análise, em 2019, quando atingiu 23,4%. O resultado obtido durante o período da pandemia de covid-19 marcou novo recorde da série, iniciada em 2003, em preços constantes.

O setor farmacêutico foi o que apresentou maior alta no indicador, com elevação expressiva de 13,6 pontos, na comparação entre 2021 e 2019, e alta de 80,1% no valor importado no período.

“De fato, a necessidade de maior oferta de medicamentos e de vacinas para o enfrentamento da pandemia foi um fator que motivou o crescimento do coeficiente de penetração das importações”, reconhece o superintendente de Desenvolvimento Industrial da CNI, Renato da Fonseca.

“Mas é importante ressaltar que, independentemente desse setor, há uma tendência de crescimento da participação de importados no mercado brasileiro”, observa.

industria
industria(foto: thiago fagundes)

Baixa competitividade

No cenário macroeconômico, o aumento das importações ocorreu mesmo com a desvalorização do real, o que pode ser explicado, de acordo com o estudo, pela defasagem usual de resposta da quantidade importada à taxa de câmbio.

Segundo Fonseca, o levantamento reforça a baixa competitividade brasileira em relação aos concorrentes estrangeiros, o que é um desafio para o país.

“O crescimento dos indicadores sobre importação e a relativa estabilidade da exportação apontam que seguimos com o desafio de elevar a competitividade da indústria brasileira. Quando a competitividade é baixa, as empresas enfrentam dificuldades para competir tanto no mercado doméstico quanto no externo, e a retomada do crescimento econômico é comprometida”, descreve o superintendente.

Paralelamente à participação de produtos do exterior, em movimento similar, também cresceu o coeficiente de insumos industriais importados.

O indicador, que avalia a participação dos insumos importados no total de insumos industriais utilizados pela indústria de transformação brasileira, também bateu recorde, com crescimento de 24,3% em 2021, um aumento de 1,6 pontos percentuais.

De acordo com Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e de Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas (NPII- FGV), o país não tem capacidade de suprir sua demanda interna por insumos industriais.

“Sem dúvida a indústria brasileira vem sofrendo há bastante tempo. É o chamado custo Brasil, um velho conhecido, somado a graves problemas de infraestrutura, juros e impostos altos. É uma soma de fatores que afetam a nossa competitividade”, afirma.

Ricardo Rosado de Holanda
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