Economia 23/10/2025 10:30
Lula sobe tom, critica protecionismo e propõe comércio sem dólar às vésperas de reunião com Trump

Às vésperas de uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planejada para ocorrer na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a subir o tom nesta quinta-feira, dia 23, com críticas ao protecionismo, a uma nova Guerra Fria e propôs comércio em moeda nacional com a Indonésia, uma alternativa ao dólar americano. Lula afirmou que os países não podem ser “dependentes de ninguém”.
“Indonésia e Brasil não querem uma segunda Guerra Fria. Nós queremos comércio livre. E, mais ainda, tanto a Indonésia quanto o Brasil têm interesse em discutir a possibilidade de comercialização entre nós dois ser com as nossas moedas”, disse o petista. “Essa é uma coisa que nós precisamos mudar. O Século XXI exige que tenhamos a coragem que não tivemos no Século XX. Exige que a gente mude alguma forma de agirmos comercialmente para não ficarmos dependentes de ninguém.”
A mensagem é uma crítica direta às ações do presidente americano, que deflagrou uma guerra comercial e tarifária ao voltar ao poder neste ano. Em abril, Trump anunciou um tarifaço recíproco global, que atingiu com 10% as exportações brasileiras. Em julho, aplicou uma sobretaxa de 40%, alegando razões políticas e emergência nacional.
A Indonésia negociou um acordo com os EUA, considerado pelo Brasil como assimétrico, por causa de concessões de tarifa zerada aos americanos, para reduzir a sobretaxa geral a 19%.
O presidente americano já reclamou publicamente de governos que pretendem avançar na pauta da “desdolarização”, como o uso de moedas nacionais ou até a criação de uma moeda alternativa para comércio exterior no Brics, grupo do qual Brasil e Indonésia fazem parte.
Trump chegou a ameaçar impor uma taxa de 100% aos países do Brics caso os planos prosseguissem. A pauta seguiu, mas com menos ênfase nas reuniões deste ano, presididas pelo governo brasileiro. Segundo integrantes do Palácio do Planalto, o assunto não foi debatido nas prévias da próxima reunião entre os presidentes.
No próximo domingo, dia 26, Lula e Trump planejam se sentar para discutir pela primeira vez presencialmente a maior crise diplomática entre os países, em dois séculos.
O encontro deve ocorrer à tarde, em Kuala Lumpur, onde ambos participam como convidados da 47ª Cúpula de Líderes da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). O encontro, ainda não oficializado, vem sendo preparado pelas diplomacias dos dois países.
“A decisão brasileira de reforçar nossa cooperação com a Indonésia e com o Sudeste Asiático não poderia ser mais acertada”, afirmou o presidente, que escreveu um artigo no jornal local The Jakarta Post, sobre a aproximação do Brasil com o bloco.
Segundo dados do governo brasileiro, a corrente de comércio com a Asean atingiu US$ 37 bilhões em 2024, pouco menos do que o Mercosul, mas com um superávit de US$ 15 bilhões, pautado sobretudo em commodities e produtos agrícolas.
Lula fez um pronunciamento público no Palácio Presidencial Merdeka, em Jacarta, ao lado do presidente Prabowo Subianto, depois de almoço com o anfitrião e reuniões privada e ampliada, com equipes ministeriais e empresários. Lula levou à mesa os donos da J&F, Joesley e Wesley Batista. Entre as empresas do grupo, está a JBS, maior empresa de proteína animal do mundo.
O indonésio disse que o encontro foi “intenso e produtivo” e que considera os países como duas potências econômicas emergentes em ascensão.
O presidente citou a simbologia da Indonésia, que em 1955 abrigou a Conferência de Bandung, quando países asiáticos e africanos lançaram as bases de uma nova inserção internacional, baseada na autodeterminação e na não interferência externa, em um movimento pós-colonial.
“O que está acontecendo nesse momento na política e na economia demonstra que, cada vez mais, nós precisamos discutir as similaridades que existem entre os nossos dois países para que a gente possa, cada vez mais, fazer crescer a nossa relação comercial, a nossa relação científica e tecnológica, a nossa relação cultural, a nossa relação política, para que, cada vez mais, a gente seja menos dependente”, afirmou Lula.
A viagem do petista à Ásia, a terceira no ano, tem como pano de fundo o tarifaço de Trump e uma busca de parceiros comerciais alternativos e de equilíbrio para evitar excesso de dependência comercial, seja dos EUA, seja da China. A estratégia traçada no Palácio do Planalto tenta reforçar a posição brasileira de equidistância e não alinhamento automático a potências estrangeiras.
“Nós queremos multilateralismo e não unilateralismo. Nós queremos democracia comercial e não protecionismo”, afirmou o brasileiro. “No atual cenário de acirramento do protecionismo, nossos países têm plenas condições de mostrar ao mundo a capacidade de defender interesses econômicos com diálogo e respeito mútuo.”
Indonésia e Brasil compartilham o compromisso com a paz, com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de uma ordem internacional mais justa.
Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza e continuarão a defender a solução de Dois Estados como o único caminho possível para a paz no Oriente Médio.
O presidente citou que ambos os líderes apoiam o comércio baseado em regras e centrado na Organização Mundial do Comércio e que coindicem a respeito do Brics como “plataforma de defesa dos interesses de desenvolvimento do Sul Global”. Lula disse ser favorável ao ingresso da Indonésia como membro do Novo Banco de Desenvolvimento.
Acordos e Gaza
Os dois governos assinaram acordos nas áreas de estatística, agricultura, energia, ciência e tecnologia e promoção comercial.
Os presidentes decidiram avançar nas negociações para concluir até o final do ano um Acordo de Comércio Preferencial entre o Mercosul e a Indonésia.
Ambos citaram a guerra na Faixa de Gaza. A Indonésia tem sido ator ativo nas discussões, sendo o país com maior população muçulmana do mundo.
“Indonésia e Brasil compartilham o compromisso com a paz, com o desenvolvimento sustentável e com a promoção de uma ordem internacional mais justa. Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza e continuarão a defender a solução de Dois Estados como o único caminho possível para a paz no Oriente Médio”, disse Lula.
Clima
Dias depois de a Petrobras receber aval do Ibama para perfuração de petróleo da Foz do Amazonas, uma decisão com incentivo político do governo, Lula voltou a dizer que “não há desenvolvimento sustentável sem superar a fome e a pobreza”.
A autorização foi duramente criticada por ambientalistas, às vésperas da COP-30, como um sinal na contração do acordo de reduzir a dependência de combustíveis fósseis.
O presidente disse que ele e Subianto concordaram “quanto à urgência de agirmos com determinação para vencer a crise climática” e que os países “trabalharão juntos para uma transição energética justa, rumo a economias menos poluentes e mais sustentáveis, sem prescindir da geração de empregos de qualidade e da redução das desigualdades”.
“Estamos entre os maiores países detentores de floresta tropicais e com maior biodiversidade do mundo. Também somos grandes produtores de biocombustíveis, que terão papel fundamental a desempenhar na transição para economias de baixo carbono”, disse Lula.
Deu em Portal Terra
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