Empresas 28/05/2023 11:08

Netflix: como o fim do compartilhamento de senhas pode dar errado

A repressão da Netflix ao compartilhamento de senhas causa impacto na indústria de streaming, e pode dar errado

Em uma jogada surpreendente, a Netflix decidiu reprimir o compartilhamento de senhas, uma prática que já tolerava há anos.

A gigante dos streamings, que vem lidando com a queda na receita e com números oscilantes de assinantes, espera que essa nova estratégia ajude a reverter a situação a seu favor.

Diferentemente de sua postura anterior, a Netflix agora planeja fazer cumprir sua política de uma conta por residência, fazendo com que os membros paguem a mais por compartilhar suas assinaturas com pessoas que vivem em residências diferentes.

A empresa acredita que, ao monetizar esses usuários anteriormente não explorados, poderá recuperar parte da receita perdida nos anos anteriores. No entanto, o sucesso desse empreendimento pode não ser tão simples como se espera.

  • A Netflix atribuiu sua primeira perda de assinantes em mais de uma década ao compartilhamento de senhas.
  • A empresa introduziu o compartilhamento pago em vários países, incluindo o Brasil.
  • Sob as novas regras, os usuários devem pagar R$ 12,90 adicionais por mês para conceder acesso a apenas uma pessoa fora de sua residência.
  • A reação de cancelamento já foi observada na Espanha (que foi um dos países onde o recurso foi testado anteriormente), com uma perda de 1 milhão de usuários.
  • Os executivos da Netflix acreditam que a melhoria da receita compensará as assinaturas canceladas.
  • O relatório da Netflix destacou o crescimento acelerado da base de assinantes no Canadá, superando o dos Estados Unidos.
  • No entanto, há diferenças significativas entre os dois países.
  • A possibilidade de assinantes rebaixarem seus planos deve ser uma preocupação para a empresa.
  • Os planos mais caros da Netflix perdem parte de sua atratividade sem o compartilhamento de senhas

Isso porque os usuários podem ter se inscrito principalmente pela capacidade de transmitir conteúdo simultaneamente em vários dispositivos e residências.

Por exemplo, o plano Padrão da Netflix, com preço de R$ 39,90 por mês, permite a transmissão em dois dispositivos simultaneamente, enquanto o plano Premium, por R$ 55,90 por mês, permite até quatro visualizações simultâneas.

A mudança para o compartilhamento pago pode levar alguns usuários a optar pelo plano Básico mais acessível, com preço de R$ 25,90 por mês, que limita a transmissão a um único dispositivo por vez.

Essa tendência potencial pode afetar negativamente a receita média por usuário da Netflix. Rayburn explica: “Os cancelamentos vão prejudicar, mas os rebaixamentos também vão prejudicar porque a Netflix não pode compensar isso com publicidade”.

Outros streaming podem aderir

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Imagem: Top_CNX / Shutterstock.com

Independentemente de o compartilhamento pago prejudicar ou não as finanças da Netflix, suas consequências podem repercutir em toda a indústria de streaming.

Concorrentes como a Disney, Warner Bros. Discovery e Paramount provavelmente estão observando de perto como os consumidores respondem à repressão da Netflix ao compartilhamento de senhas.

Se for bem-sucedido, outros serviços podem seguir o exemplo, assim como ocorreu com o aumento de preços observado no ano passado.

Paul Erickson, diretor da Erickson Strategy and Insights, destaca o desafio comum enfrentado por todas as plataformas de streaming: como lidar com o compartilhamento de senhas.

Todo mundo vai dar uma olhada nisso ou se orientar pela forma como a Netflix lida com isso, como o consumidor americano reage ou como reage e avança por conta própria.

Paul Erickson

Dada a enorme presença da Netflix no mercado de streaming, não se pode descartar a possibilidade de o compartilhamento pago se tornar uma norma do setor. Erickson acredita que o compartilhamento pago é uma progressão natural na maturação da indústria de streaming, afirmando:

“Isso precisava ser resolvido em algum momento, e está acontecendo agora”.

Além dos investidores da Netflix, parece que poucos estão satisfeitos com essa mudança, especialmente considerando que a Netflix é o único serviço que exige pagamento adicional pelo compartilhamento de senhas.

Ainda é cedo demais para avaliar quantos assinantes a plataforma de streaming pode perder, quantos optarão por planos mais baratos ou quantos realmente comprarão contas adicionais.

No entanto, a Netflix deve agir com cautela ao implementar essa mudança, pois corre o risco de alienar os clientes pagantes que desempenharam um papel vital na expansão do alcance do serviço ao compartilhar suas senhas.

Com informações do The Verge.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista