Wall Street Journal sugere infiltração estrangeira em órgão dos EUA em caso Filipe Martins - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Política 20/10/2025 06:48

Wall Street Journal sugere infiltração estrangeira em órgão dos EUA em caso Filipe Martins

Wall Street Journal sugere infiltração estrangeira em órgão dos EUA em caso Filipe Martins

The  (WSJ) voltou a abordar, neste sábado (19), o caso do ex-assessor presidencial Filipe Martins, com novas críticas à conduta da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP).

O jornal revelou que o órgão admitiu oficialmente, em 10 de outubro, ter cometido um erro ao registrar a entrada de Martins em território norte-americano em dezembro de 2022 — informação que foi usada no Brasil para justificar sua  preventiva por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do  Tribunal Federal (STF).

A coluna assinada por Mary Anastasia O’Grady, uma das principais analistas políticas do jornal, afirma que a correção do registro ocorreu mais de 18 meses depois de Martins apresentar provas de que nunca havia deixado o Brasil naquela data.

Segundo o texto, o CBP reconheceu formalmente que o “registro incorreto foi usado para justificar os meses de prisão” do ex-assessor.

Suspeita de manipulação interna nos EUA

Wall Street Journal levanta dúvidas sobre a origem do erro e chega a questionar se houve “penetração estrangeira dentro do CBP”, sugerindo que alguém pode ter adulterado os dados do sistema americano.

“O Brasil penetrou na divisão de fronteira?”, pergunta o artigo, destacando que há indícios de interferência externa ou manipulação intencional no banco de dados do órgão.

De acordo com o jornal, o CBP entregou documentos às autoridades norte-americanas e à mas com trechos censurados, ocultando nomes de servidores, datas de acesso e registros de alteração. Para O’Grady, o caso “não parece ter sido um simples erro burocrático”.

“O público não saberá a verdade até descobrir quem entrou no sistema e criou o registro fraudulento”, conclui a colunista.

Como o registro foi usado no Brasil

WSJ lembra que o registro falsificado de entrada nos EUA foi utilizado no Brasil como prova de tentativa de fuga, o que levou o ministro Alexandre de Moraes a decretar a prisão preventiva de Filipe Martins, sob a justificativa de que ele teria acompanhado Jair  na viagem a Orlando, em 30 de dezembro de 2022.

A defesa, porém, apresentou registros de localização, testemunhos e comprovantes de movimentação bancária que mostravam que Martins permaneceu em Brasília durante aquele período. Mesmo assim, o dado incorreto sustentou a decisão judicial por meses, até ser reconhecido como erro.

Jornal norte-americano acompanha o caso desde 2024

Wall Street Journal tem acompanhado o caso de forma contínua desde julho de 2024, quando publicou o primeiro artigo de Mary O’Grady sobre o tema. Na ocasião, a colunista já havia apontado a inconsistência do registro de viagem e alertado para o uso político da informação pela Justiça brasileira.

Em um segundo texto, publicado em julho de 2025, O’Grady revelou que o registro falso havia sido removido do sistema do CBP, mas reapareceu meses depois, o que levantou suspeitas de interferência deliberada.

“Alguém trabalhando dentro do CBP, em nome de interesses políticos brasileiros opostos a Bolsonaro, teria uma motivação”, escreveu à época.

A advogada de Filipe Martins, Ana Bárbara Schaffert, acionou autoridades norte-americanas com base na Lei de Liberdade de Informação (FOIA) para obter detalhes sobre o caso, mas o WSJ relata que as respostas oficiais permanecem incompletas e censuradas.

O artigo termina com a mesma provocação que encerrou a reportagem anterior do jornal:

O que é pior? O crime ou o encobrimento?”

Deu em ContraFatos
Ricardo Rosado de Holanda
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