Se você está sonegando, pare! Novo sistema da Receita Federal vai pegar todo mundo, diz especialista - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Receita Federal 26/10/2025 12:42

Se você está sonegando, pare! Novo sistema da Receita Federal vai pegar todo mundo, diz especialista

Se você está sonegando, pare! Novo sistema da Receita Federal vai pegar todo mundo, diz especialista

Receita Federal está desenvolvendo um novo sistema de arrecadação que promete revolucionar a forma como o Brasil cobra e fiscaliza tributos.

O projeto, baseado em inteligência artificial e automação em larga escala, deve praticamente eliminar a sonegação fiscal no país até o fim da próxima década.

A informação foi originalmente apresentada por Raul Sena, especialista em investimentos, em vídeo publicado em seu canal do YouTube Investidor Sardinha.

Segundo ele, a plataforma representa “um avanço sem precedentes na história da administração tributária brasileira”, com capacidade de cruzar automaticamente dados de pagamento e emissão de notas fiscais.

Sistema 150 vezes maior que o Pix

De acordo com matéria citada por Sena e publicada pelo portal G1, o novo sistema da Receita será 150 vezes maior que o Pix, em volume de dados processados.

A comparação se justifica porque, enquanto o Pix movimenta informações sobre remetente, destinatário e valor, o novo modelo também incluirá detalhes sobre o produto, o serviço, o comprador e o vendedor.

Conforme explicou o especialista, o objetivo da Receita Federal é centralizar e automatizar todo o recolhimento de tributos sobre o consumo — o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) e a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços).

Essas duas cobranças substituirão gradualmente os atuais PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS.

“O sistema vai processar cerca de 70 bilhões de documentos por ano, o que equivale ao total de notas fiscais eletrônicas emitidas no país”, destacou Sena.

Ele ainda comentou que o avanço da inteligência artificial tornou “quase impossível esconder transações financeiras”, e que o governo federal só não implementou antes medidas mais rígidas por motivos políticos e de impopularidade.

Como vai funcionar o novo modelo de cobrança

O especialista explicou que, na prática, o sistema vai impedir a prática comum de vendas “sem nota”.

“Quando o consumidor pagar por um produto ou serviço, a plataforma vai cruzar instantaneamente o valor pago com o valor informado na nota fiscal. Se houver divergência, o sistema notificará a Receita Federal”, afirmou.

Ainda segundo Raul Sena, o processo será automático e independerá de denúncia.

“Não vai existir mais o ‘me enganei na hora de declarar’. A Receita saberá quanto entrou no caixa e quanto foi declarado. Se houver diferença, ela detecta sozinha”, completou.

O novo sistema também contará com um mecanismo chamado split payment, que vai dividir automaticamente o valor pago entre o vendedor e o governo.

Ou seja, os tributos serão repassados em tempo real para os cofres da União, estados e municípios. “O dinheiro dos impostos nem vai passar mais pelo caixa da empresa”, disse Sena.

Fim da sonegação no varejo e nas pequenas empresas

Raul Sena destacou que o impacto será profundo especialmente entre pequenos comerciantes e autônomos, onde a informalidade ainda é alta.

“Hoje, muitos estabelecimentos sequer emitem nota. Postos de gasolina, mercadinhos de bairro e até taxistas raramente fornecem comprovantes fiscais”, observou.

Segundo ele, o cruzamento automático de dados deve eliminar boa parte da sonegação nesse segmento.

“Quando o pagamento for feito via Pix, cartão ou transferência bancária, o sistema já vai separar os impostos devidos e repassar na hora. A única forma de escapar seria pagar tudo em dinheiro vivo — algo cada vez mais raro”, comentou.

O especialista lembrou que a plataforma está em fase piloto com cerca de 500 empresas e deve entrar em funcionamento pleno a partir de 2027, após um período de testes iniciado em 2026.

Transição até 2033 e aumento na arrecadação

De acordo com Sena, o novo sistema fará parte da transição tributária prevista entre 2026 e 2033, quando os atuais tributos sobre consumo serão gradualmente substituídos.

A expectativa é de que a arrecadação aumente significativamente, podendo render entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões adicionais por ano ao governo federal, conforme estimativas de especialistas citadas por ele.

“O Brasil arrecadará mais, mas o ideal seria que, com o fim da sonegação, o governo reduzisse as alíquotas. No entanto, eu pessoalmente duvido que isso aconteça”, afirmou o comentarista.

Impactos sobre contadores e empresas brasileiras

Conforme explicou Raul Sena, o novo sistema vai transformar o trabalho dos contadores no país.

Em vez de buscar brechas fiscais, a função passará a ser voltada para eficiência e planejamento financeiro.

“Boa parte do trabalho de preenchimento de notas e declarações será automatizado. O contador finalmente poderá exercer um papel estratégico”, avaliou.

Ele acrescentou que as empresas precisarão investir em tecnologia e integração de dados, já que “não caberão mais planilhas e operações manuais”.

As companhias que dependem de brechas fiscais para manter a rentabilidade poderão enfrentar dificuldades. “Tem empresa que só sobrevive porque sonega. Esse tipo vai quebrar”, alertou.

Benefícios esperados e créditos tributários automáticos

Além de combater a sonegação, o sistema trará ganhos de eficiência.

Sena mencionou que o modelo permitirá o ressarcimento de créditos tributários em tempo real, o que evitará a cobrança duplicada em diferentes etapas da cadeia produtiva.

“Hoje, o mesmo produto pode ser tributado várias vezes antes de chegar ao consumidor. Com o novo sistema, essa distorção acaba. A empresa paga apenas sobre o valor que realmente agrega”, explicou.

Segundo ele, isso colocará o Brasil mais próximo dos padrões tributários de países desenvolvidos, tornando o ambiente de negócios mais previsível e menos burocrático.

O futuro das declarações de imposto no Brasil

Raul Sena também afirmou que, com o avanço da automação fiscal, o contribuinte pessoa física pode deixar de preencher manualmente sua declaração de imposto de renda.

“A Receita já terá todas as informações. O cidadão só precisará corrigir algo se discordar do valor apurado”, disse.

Ele ainda comentou que o sistema tende a eliminar a necessidade de declarações separadas de investimento, como ações e fundos.

“Tudo será registrado automaticamente. A era da sonegação fiscal está chegando ao fim”, completou.

Uma mudança estrutural no país

Para o criador do canal Investidor Sardinha, o novo modelo pode representar uma virada histórica na relação entre Estado e contribuinte.

“O brasileiro vai perceber o tamanho real da carga tributária e, pela primeira vez, todos vão pagar proporcionalmente”, observou.

Sena concluiu que o sistema pode fortalecer a pressão popular por redução de impostos, já que a cobrança será finalmente uniforme.

“Quando todo mundo pagar, a sociedade inteira vai querer discutir quanto se paga. E isso pode mudar o país”, afirmou.

Deu em CPG

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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