Cada pessoa se comporta de uma maneira diferente quando mente. Essa diversidade levou Leanne ten Brinke, pesquisadora da Universidade da Colúmbia Britânica – Okanagan, e outros colegas a estudarem como os seres humanos reconhecem mentiras.
Publicada na revista Law & Human Behavior e divulgada nesta quinta-feira (21), a pesquisa revela que identificar uma mentira é mais difícil do que parece.
As pessoas costumam acreditar que podemos identificar um mentiroso apenas por meio de seus padrões de fala ou, sobretudo, pelas suas expressões faciais. Mas o estudo destacou que, muitas vezes, nenhum destes fatores é relevante ou influente para se identificar uma mentira.
“Apesar da natureza corriqueira da mentira, os humanos são ruins em detectá-las. A precisão da detecção por pessoas não treinadas é estimada em 54%”, afirma Leanne. Em 2012, a pesquisadora também tomou as mentiras como seu objeto de pesquisa e, em 2025, decidiu rever algumas de suas conclusões antigas.
Identificando um mentiroso
Como o ditado diz: “mentira tem perna curta”. Mas, claro, existem sinais. O que o Leanne revelou é que esses indícios não são tão explícitos quanto se pensava.
Em 2012, ela propôs em sua primeira pesquisa a existência de vários traços comportamentais que poderiam servir como parâmetros de identificação de uma mentira.
Na ocasião, foram estudados os apelos públicos de pessoas que imploravam pelo retorno seguro de um parente desaparecido.
Em alguns casos, os autores dos apelos foram posteriormente considerados responsáveis pelo assassinato da pessoa desaparecida — o que significa que eles estavam mentindo.
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“Mentirosos altamente motivados podem se esforçar tanto para parecer críveis que dão ainda mais sinais de que estão mentindo”, diz Leanne, em comunicado. “Em situações de alto risco, emoções fortes também podem dificultar a capacidade dos mentirosos de esconder ou fingir seus sentimentos”.
O estudo mais recente mostrou, contudo, que os comportamentos dos mentirosos não são previsíveis nem precisos. Por isso, não se deve presumir que qualquer indicador de mentira – sejam as expressões faciais ou a hesitação na fala – se aplica a todas as pessoas, especialmente em interrogatório ou demais situações de alta pressão.
Na nova pesquisa, foi analisada uma amostra de 96 apelos públicos, incluindo 82 suplicantes genuínos e 14 enganosos.
Os pesquisadores transcreveram as gravações e identificaram a presença de surpresa na parte superior da face e felicidade na parte inferior. Em seguida, eles utilizaram um método de pesquisa para determinar a contagem e a proporção de palavras em cada apelo.
“Palavras provisórias foram usadas significativamente mais por suplicantes enganosos (em comparação com os genuínos) tanto na amostra original quanto na de replicação”, concluíram os cientistas. “Suplicantes enganosos usaram significativamente menos palavras em ambas as amostras, embora essa relação tenha sido significativa apenas na amostra original”.
Além disso, os mentirosos em ambas as amostras aparentemente sorriram mais do que aqueles indivíduos que diziam a verdade. No entanto, os resultados não forneceram um quadro claro da confiabilidade dos indícios comportamentais, já que alguns indícios se replicaram entre as amostras, outros não.
De acordo com os especialistas, “mais pesquisas serão necessárias para compreender os fatores que produzem resultados variáveis entre as amostras, apesar do uso dos mesmos métodos de investigação”.
Deu em Galileu