Para especialistas, surto de gripe tem várias causas, inclusive o relaxamento de ações anticovid - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
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Pandemia 30/12/2021 08:41

Para especialistas, surto de gripe tem várias causas, inclusive o relaxamento de ações anticovid

Nesse documento, a Fiocruz alertou “os demais grandes centros urbanos e turísticos para o risco de importação de casos de influenza – especialmente em locais cujas medidas não farmacológicas para a mitigação da transmissão da Covid-19 estejam com baixa adesão”.

Publicações que questionam se o uso de máscara, álcool em gel, distanciamento social e passaporte sanitário protegem somente contra a covid-19, e não contra a gripe, foram compartilhadas mais de 1,3 mil vezes nas redes sociais desde pelo menos 23 de dezembro de 2021.

No entanto, especialistas explicaram à AFP que o surto de influenza registrado em vários estados brasileiros foi causado por diversos fatores, entre eles a flexibilização dessas medidas protetivas.

“SURTO DE GRIPE Quer dizer que máscaras, álcool em gel, distanciamento social e passaporte sanitário só protegem do C0VlD! É isso mesmo?”, indaga uma das publicações compartilhadas no Twitter (123) e no Facebook (12).

Captura de tela feita em 28 de dezembro de 2021 de uma publicação no Twitter ( . / )

No dia 9 de dezembro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destacou em seu Boletim InfoGripe a presença do vírus influenza A entre os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no estado do Rio de Janeiro no período de 28 de novembro a 4 de dezembro.

Nesse documento, a Fiocruz alertou “os demais grandes centros urbanos e turísticos para o risco de importação de casos de influenza – especialmente em locais cujas medidas não farmacológicas para a mitigação da transmissão da Covid-19 estejam com baixa adesão”.

Nesse mesmo dia, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro informou em seu perfil no Twitter que a sua capital vivia uma “epidemia de influenza”. Além do Rio, outros 16 estados e o Distrito Federal já registraram uma alta nos casos de gripe no fim do mês de dezembro, conforme noticiaram veículos de mídia (12). O surto foi impulsionado por uma nova cepa da influenza A (subtipo H3N2), batizada de Darwin.

Segundo a Fiocruz“a influenza é uma infecção viral aguda que afeta o sistema respiratório” e é “causada pelos vírus A, B, C e D”. O vírus A – que foi o detectado recentemente – é associado a epidemias e pandemias, tem comportamento sazonal e costuma se propagar entre as estações climáticas mais frias.

Mudança de sazonalidade

Marilda Siqueira, pesquisadora e chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo da Fiocruz, explicou ao AFP Checamos que, por causa dos cuidados impostos pela pandemia de covid-19 – como uso de máscaras, lavagem das mãos, menores aglomerações -, a circulação do vírus da gripe diminuiu drasticamente no mundo todo até a chegada do inverno, neste ano, no hemisfério norte.

“Quase não foi detectado o vírus da gripe em quase todos os lugares do mundo. Ele voltou a circular nos países do hemisfério norte, no inverno deste ano, que é normalmente quando ele circula, mas também porque as pessoas já estavam usando medidas menos restritivas [contra a covid-19], disse.

No Brasil, houve uma mudança de sazonalidade, explica a pesquisadora, e o avanço da influenza A, que costuma ocorrer nos meses frios, aconteceu durante a primavera e o começo do verão. Essa circulação do vírus coincidiu com uma trajetória predominantemente de queda nos novos casos da covid-19 no país, o que levou muitas pessoas (123) a flexibilizar as medidas restritivas.

“Aqui no hemisfério sul, o vírus da gripe voltou a circular no mês de novembro porque provavelmente houve a entrada de pessoas vindas de outros países onde o vírus já estava circulando. E, como as medidas de restrição, como máscara e distanciamento social, já não estavam sendo usadas por uma parcela expressiva da nossa população, o vírus se disseminou”, acrescentou a pesquisadora.

Ou seja, ao contrário do que alegam as publicações viralizadas, o surto de gripe não ocorreu apesar das medidas de proteção, mas, sim, no contexto da sua flexibilização.

No município do Rio, um dos primeiros locais em que o surto de gripe foi detectado, medidas restritivas – como a redução de público em teatros, cinemas e shoppings ou o uso de máscaras em locais abertos – foram flexibilizadas em outubro e novembro de 2021 pelo prefeito Eduardo Paes (12).

Deu em Yahoo Brasil

Ricardo Rosado de Holanda
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