Novo crédito imobiliário chegou e algumas construtoras vão ‘nadar’ em dinheiro - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Imóveis 19/10/2025 14:17

Novo crédito imobiliário chegou e algumas construtoras vão ‘nadar’ em dinheiro

Novo crédito imobiliário chegou e algumas construtoras vão ‘nadar’ em dinheiro

mercado imobiliário brasileiro pode estar prestes a entrar em uma nova fase de expansão. O governo federal anunciou uma ampla reformulação no Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que promete estimular o crédito imobiliário e abrir espaço para o crescimento das construtoras de média e alta renda.

Segundo análises do Goldman Sachs e do Bradesco BBI, empresas como Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3) estão entre as principais beneficiadas pelo novo modelo.

A medida busca aumentar o acesso ao crédito habitacional, impulsionar o setor de construção civil e modernizar a forma como os bancos utilizam os recursos da poupança, criando um ambiente mais favorável para novos empreendimentos residenciais.

Novo modelo amplia teto e flexibilidade dos financiamentos

O novo crédito imobiliário amplia o teto de valor dos imóveis financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

A Caixa Econômica Federal aumentou o limite de financiamento, conhecido como LTV (loan-to-value), de 70% para 80%.

Essas mudanças visam facilitar o acesso de famílias da classe média ao financiamento imobiliário, estimulando a compra de imóveis de maior valor e fomentando a retomada de obras e lançamentos em grandes centros urbanos.

Foto: Shutterstock

Bancos ganham mais liberdade com recursos da poupança

Atualmente, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos da poupança para o crédito imobiliário, 20% ao compulsório do Banco Central e 15% podem ser usados livremente.

Com a nova regra, será possível direcionar 100% dos recursos desde que as instituições originem novos financiamentos habitacionais.

A implementação será gradual, com fase de testes prevista para 2026 e adoção total em 2027. O objetivo é garantir segurança ao sistema e aumentar a liquidez do setor, reduzindo gargalos e incentivando a concorrência entre os bancos.

Cyrela e Eztec aparecem como grandes vencedoras

De acordo com o Goldman Sachs, a nova política deve favorecer principalmente construtoras com foco em empreendimentos de média e alta renda, como Cyrela e Eztec.

O banco destaca a estratégia barbell da Cyrela, que equilibra projetos voltados tanto para famílias de menor renda quanto para públicos de maior poder aquisitivo, como um dos diferenciais que podem garantir alta rentabilidade e solidez financeira nos próximos anos.

Atualmente, as ações da Cyrela são negociadas a cerca de cinco vezes o preço/lucro (P/L), número considerado atrativo em relação à média histórica de 11 vezes registrada na última década.

Desafios e expectativas do mercado financeiro

Apesar do otimismo, o sucesso do novo modelo depende da adesão dos bancos privados. O SBPE ainda enfrenta saques recorrentes, reflexo da diferença entre a rentabilidade da poupança e a taxa básica de juros (Selic).

O Bradesco BBI alerta que, embora a reforma possa melhorar o acesso ao crédito, ainda há incertezas sobre sua execução e impacto real no sistema financeiro.

Parte do setor teme que, caso as novas regras reduzam a atratividade do crédito imobiliário, o resultado possa ser o oposto: menor oferta e retração no financiamento habitacional.

Governo aposta em modernização e fortalecimento da construção civil

Durante o anúncio em São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a medida faz parte de uma estratégia para fortalecer a classe média e estimular a construção civil, um dos setores que mais geram empregos no país.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o novo modelo representa uma modernização do sistema de financiamento, com foco em canalizar “o dinheiro mais barato da economia” para o setor habitacional.

O governo também anunciou uma linha de crédito para reformas, voltada a famílias com renda de até R$ 9.600 por mês, com juros entre 1,17% e 1,95% ao mês, reforçando o incentivo à melhoria habitacional.

Um novo ciclo para o crédito imobiliário?

Se o novo crédito imobiliário realmente conquistar a adesão dos bancos e aumentar a atratividade dos recursos da poupança, o Brasil pode presenciar um novo ciclo de crescimento no mercado de imóveis.

Para construtoras como Cyrela e Eztec, o cenário é promissor: mais crédito disponível, imóveis com valores mais altos e um público com maior capacidade de compra.

O desafio, agora, é transformar essa reforma financeira em resultados concretos, tanto para o setor de construção civil, quanto para as famílias brasileiras que sonham com a casa própria.

Deu em Capitalist
Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista