Jovens 16/11/2021 09:15
A surpreendente queda de criatividade em adolescentes do mundo detectada pela OCDE
E quais podem ser as consequências disso para seu futuro como cidadãos e profissionais?
O que faz com que adolescentes de 15 anos de diferentes cidades do mundo se achem menos criativos, curiosos, persistentes e responsáveis do que crianças de 10 anos?
E quais podem ser as consequências disso para seu futuro como cidadãos e profissionais?
Esses temas permeiam um relatório recente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) sobre essas e outras habilidades socioemocionais, que a entidade diz considerar cruciais para o desenvolvimento presente e futuro de crianças e jovens em idade escolar – e tão importantes de serem estimuladas quanto disciplinas como ciências ou matemática.
Para mensurar essas habilidades globalmente pela primeira vez, a OCDE realizou uma pesquisa em dez cidades: Bogotá e Manizales (Colômbia), Daegu (Coreia do Sul), Helsinque (Finlândia), Houston (EUA), Istambul (Turquia), Moscou (Rússia), Ottawa (Canadá), Sintra (Portugal) e Suzhou (China).
Foram aplicados questionários em estudantes de 10 anos e de 15 anos, a respeito de seus comportamentos, atitudes e preferências, para avaliar se eles enxergavam em si mesmos um conjunto de 15 habilidades socioemocionais: desde responsabilidade e curiosidade até persistência, resistência ao estresse, cooperação, tolerância, sociabilidade, autocontrole e criatividade.
Depois, a OCDE entrevistou os pais e professores desses alunos, para ver se a forma como as crianças viam a si próprias era parecida à forma como elas eram vistas pelos adultos – o que de fato ocorreu na maioria dos casos.
E o que chamou a atenção dos pesquisadores é que, de modo geral, jovens de 15 anos pareciam ter (segundo sua própria visão e a dos adultos) quase todas as habilidades socioemocionais muito menos desenvolvidas, em comparação com as crianças de dez anos.
Ou seja, aparentemente há uma queda significativa nessas habilidades à medida que as crianças crescem e entram na adolescência.
Essa queda foi mais pronunciada em meninas na maioria das habilidades analisadas – se por um lado as garotas demonstraram mais empatia, espírito de cooperação e responsabilidade do que os meninos, estes reportaram mais regulação emocional, sociabilidade e energia do que elas.
Por fim, os estudantes de níveis socioeconômicos mais altos manifestaram, na média, mais habilidades socioemocionais do que os jovens mais pobres, em todas as cidades participantes do estudo.
“Essa queda (entre as idades de 10 e 15 anos) fica muito clara quanto se trata da criatividade, que aparece em níveis muito mais baixos entre os jovens de 15 anos”, afirmou o diretor de educação da OCDE, Andreas Schleicher, durante um seminário virtual realizado pelo Centro Nacional de Educação e Economia dos EUA (NCEE na sigla em inglês) em 27 de outubro.
“Pode ser que esses jovens estejam mais inseguros e constrangidos (do que as crianças de 10 anos), mas pode ser também que nossos sistemas educacionais não estejam incentivando a criatividade dos jovens.”
Schleicher ressaltou o valor que essas habilidades emocionais têm para o mercado profissional do futuro e para a cidadania:
“Sabemos o quanto a curiosidade e a criatividade são importantes no mundo em que vivemos. A capacidade de criar é o que nos diferencia da Inteligência Artificial dos computadores.”
Além disso, disse ele, “a criatividade não é algo isolado: os alunos mais criativos também exibem níveis muito maiores de empatia, tolerância e responsabilidade.”
Embora essa edição da pesquisa da OCDE não tenha sido realizada no Brasil, pesquisadores do tema no país observam um cenário semelhante por aqui.
Um exemplo disso vem de uma pesquisa de habilidades socioemocionais feita em novembro de 2019 pelo Instituto Ayrton Senna com 110,2 mil estudantes da rede estadual de ensino de São Paulo, divulgada em maio deste ano.
Os alunos do 9° ano do ensino fundamental (que costumam ter por volta de 14 e 15 anos) se perceberam como menos desenvolvidos na maior parte das habilidades estudadas – divididas em cinco grupos, que são amabilidade, autogestão, engajamento com os outros, abertura ao novo e resiliência emocional -, em comparação com alunos do 5° ano (crianças de 10 anos, mais ou menos) ou mesmo com alunos mais velhos, do último ano do ensino médio.
“Chamou bastante nossa atenção a queda de confiança entre os adolescentes”, diz à BBC News Brasil Gisele Alves, especialista do Instituto Ayrton Senna. Ela destaca o quanto isso pode afetar o aprendizado, por exemplo, de disciplinas como matemática: “Ser cerceado ao cometer erros (em exercícios pode provocar) essa baixa na autoconfiança.”
Durante o seminário do NCEE, palestrantes ressaltaram que a adolescência é um período de grande transformação emocional e física dos jovens.
Susan Rivers, pesquisadora de habilidades socioemocionais nos EUA, questionou se as conclusões da OCDE não estariam deixando de levar em conta “o papel da puberdade e do crescimento cerebral ocorridos durante a adolescência, que é também uma época magnífica, rica e desafiadora, então não surpreende que jovens precisem de habilidades mais fortes para navegar por essas águas”.
Essa mesma observação é levantada por pesquisadores brasileiros.
“As crianças têm um tipo de demanda para suas habilidades socioemocionais, e daí chega a adolescência e muda tudo”, explica Ricardo Primi, pesquisador do laboratório de políticas e práticas educacionais do Instituto Ayrton Senna (EduLab21).
Ocorre um “turbilhão emocional” que coloca essas habilidades em xeque na adolescência, fazendo com que os jovens vejam a si mesmos como menos capacitados, agrega Primi.
No seminário, Schleicher concordou que esses fatores são relevantes. Mas ele argumenta que, mesmo que esse declínio de criatividade seja uma mera autopercepção, o que realmente importa é o impacto que isso vai ter nas expectativas desses jovens sobre seu próprio futuro.
“Porque se um jovem de 15 anos se percebe como menos criativo, ou se uma menina de 15 anos se enxerga como menos criativa do que os meninos, isso vai influenciar a escolha que cada um deles fará; vai influenciar a carreira às quais aspiram”, disse Schleicher.
Deu na BBC
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