Voos estão mais turbulentos do que há 40 anos, conclui estudo - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado
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Aviação 18/06/2023 09:35

Voos estão mais turbulentos do que há 40 anos, conclui estudo

Pesquisadores da Inglaterra constataram que rotas “agitadas” da aviação já sofrem os efeitos do ar mais quente em razão das emissões globais de CO2

Voos estão mais turbulentos do que há 40 anos, conclui estudo

Segundo a pesquisa, publicada na revista Geophysical Research Letters no último dia 8 de junho, turbulências de ar claro, que são invisíveis e perigosas para aeronaves, aumentaram em várias regiões do mundo.

Em um ponto específico sobre o Atlântico Norte – uma das rotas de voo mais movimentadas do planeta –, a duração anual total de turbulência severa aumentou 55%, de 17,7 horas em 1979 para 27,4 horas em 2020, de acordo com o estudo.

Já a turbulência moderada aumentou 37%, de 70 para 96,1 horas; e a turbulência leve teve alta de 17%, saltando de 466,5 para 546,8 horas.

Gráfico representa aumento da turbulência de 1979 a 2020 no mundo. — Foto: Mark Prosser et al.

Gráfico representa aumento da turbulência de 1979 a 2020 no mundo. — Foto: Mark Prosser et al.

Para os autores, esses aumentos são consistentes com os efeitos das mudanças climáticas. O ar mais quente das emissões de CO2 está intensificando um fenômeno conhecido como tesoura de vento, que é uma alteração brusca na velocidade e/ou direção do vento em uma distância curta.

Isso fortalece a turbulência de ar claro não só no Atlântico Norte como no mundo todo.

“A turbulência torna os voos irregulares e às vezes pode ser perigoso. As companhias aéreas precisarão começar a pensar em como administrarão o aumento da turbulência, já que custa à indústria US$ 150-500 milhões anualmente, apenas nos Estados Unidos”, adverte Mark Prosser, autor correspondente do artigo, em comunicado.

“Cada minuto adicional gasto viajando pela turbulência aumenta o desgaste da aeronave, bem como o risco de lesões aos passageiros e comissários de bordo.”

Embora os Estados Unidos e o Atlântico Norte tenham experimentado os maiores aumentos nas turbulências, o novo estudo aponta que outras rotas de voos “agitadas” na Europa, no Oriente Médio e no Atlântico Sul também estão mais turbulentas.

“Após uma década de pesquisa mostrando que a mudança climática aumentará a turbulência de ar claro no futuro, agora temos evidências sugerindo que o aumento já começou”, observa o professor Paul Williams, cientista atmosférico da Universidade de Reading e coautor da pesquisa.

“Devemos investir em melhores sistemas de previsão e detecção de turbulência, para evitar que o ar mais agitado se traduza em voos mais irregulares nas próximas décadas.”

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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