Educação 12/06/2023 05:53
5,2 milhões de jovens no Brasil estão em situação de desalento
Diagnóstico inédito sobre ocupação de jovens no Brasil mostra que o desemprego afeta, sobretudo, mulheres pretas e pardas com filhos pequenos. Baixa escolaridade é um dos principais fatores
O desemprego no Brasil atinge 5,2 milhões de jovens entre 14 e 24 anos, a maioria mulheres, pretos e pardos.
Os números são da pesquisa inédita da Subsecretaria de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, elaborada a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
O estudo revela que 55% desses jovens são mulheres e pessoas pretas e pardas. Entre os desocupados, 52% são mulheres e 66% são pretos e pardos.
Aqueles que nem trabalham nem estudam — os chamados nem nem — somam 7,1 milhões. Desse total, 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são pretos e pardos.
Na avaliação do professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Ramos, a alta taxa de desemprego entre os jovens constitui um fenômeno comum em todo o planeta.
“Poucos países fogem à regra. As maiores taxas de desemprego são observadas entre a população jovem. Entre essas nações que são exceção estão as nórdicas, como Alemanha E Áustria”, afirma.
Nesses últimos países citados, observa Ramos, a articulação entre o sistema escolar e o mundo do trabalho é uma constante.
“A educação se articula com as necessidades de formação das vagas abertas. No Brasil, as escolas, sobretudo da rede pública, não preparam os jovens para o mercado de trabalho. Isso é fator preponderante para o desemprego”, avalia.
Sobre o fato de a proporção maior de desempregados ser entre mulheres e pessoas pretas e pardas, de acordo com a pesquisa, o especialista observa que esse fenômeno independe da faixa etária, mas revela características estruturais difíceis de mudar a curto prazo.
Intitulado Empregabilidade Jovem Brasil, o estudo aponta, ainda, que apenas 14% dos jovens trabalhadores desempenham atividades técnicas nas áreas de cultura, informática e comunicações, enquanto 86% se ocupam com tarefas menos desafiadoras, como operador de telemarketing, vendedor e motorista de aplicativo.
O ponto em comum foi a informalidade, com 51% das mulheres e 56% dos pretos e pardos nessa situação.
A estudante de biomedicina Giovana Baia, 22 anos, se viu obrigada a trabalhar como babá por não ter encontrado vaga de estágio em sua área.
Ainda assim, ela está determinada a seguir em frente, partir para uma pós-graduação e abrir o próprio negócio.
“O mercado de trabalho é competitivo e injusto tanto para quem tem um bom currículo como para quem não tem experiência”, diz ela.
Giovana considera que a exigência de experiência é um grande empecilho para o primeiro emprego.
“Se participo de uma entrevista para vendedora, por exemplo, é sempre exigido que eu tenha experiência. Mesmo as empresas que afirmam não ser necessário ter experiência sempre dão preferência a quem já tem. De toda forma, é muito mais difícil conseguir avançar no processo seletivo de qualquer emprego”, lamenta.
A jovem espera que, num futuro próximo, esse cenário mude e haja mais oportunidades para a população em geral, e que o mercado de trabalho reaja positivamente e acolha os jovens desempregados.
“É importante que sejam criados novos programas e políticas públicas destinados à introdução dos jovens nas empresas”, considera.
Estudante do quarto semestre de jornalismo, Paulo Victor Barreira, 22, atuava na comunicação interna e externa de uma grande empresa.
Agora desempregado, ele conta que não teve boa experiência em seu último trabalho.
“Era um ambiente de cultura organizacional tóxico”, lembra, confessando que sua expectativa é trabalhar em ambientes mais acolhedores, que se preocupe, de fato, com o trabalhador. “Pretendo conseguir vaga em um lugar onde as pessoas possam desenvolver melhor suas atividades, sem pressão excessiva e rotina exaustiva”, sonha.
De acordo com a Subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner, há no Brasil 35 milhões de jovens de 14 a 24 anos, mas o que se observa é que, principalmente entre ocupados e desempregados, muitos ainda não completaram o nível médio.
“Essa credencial é a mínima para conseguir postos de trabalho de melhor qualidade ou para conseguir se inserir em cursos que tragam mais densidade de conhecimento e habilidades para obter um posto melhor. Essa pesquisa mostrou que só 14% das ocupações em que os jovens estão são com essas características, que ajudam o jovem a transitar para ocupações melhores e ter uma perspectiva de futuro”, afirma Montagner.
Para ela, um dos objetivos do estudo é contribuir para incentivar toda a sociedade, professores e empregadores, além do próprio jovem, a compreender essa dinâmica e a relevância da escolaridade.
“Devemos compreender a importância da capacitação no nível médio para que os jovens possam, se achar que não é o caso de trabalhar, procurar no mundo do trabalho ocupações que lhe deem perspectiva e que garantam uma vida digna com salário adequado”, ressalta.
Para o diretor executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), Humberto Casagrande, o levantamento ressalta, de forma incontestável, uma série de desigualdades que existem no Brasil entre a mulher negra, o jovem adolescente, o jovem adulto e o trabalho informal.
“A partir dessa pesquisa, podemos discutir os rumos, como transformar esse quadro estatístico. São vários caminhos a seguir, como na linha do jovem aprendiz e do ensino técnico”, sinaliza.
(Com informações da Agência Brasil/Correio Braziliense)
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