Vacinação contra covid-19 em descompasso: menos de 40% das doses foram aplicadas - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado
PMN – 200 dias – 0909 a 0910

Vacina 08/02/2021 10:02

Vacinação contra covid-19 em descompasso: menos de 40% das doses foram aplicadas

Com nove milhões de doses disponíveis, foram aplicadas, até agora, menos de 40%, imunizando parcialmente cerca de 1,7% dos brasileiros. Em campanhas contra a gripe, o país é capaz de vacinar até 1,5 milhão de pessoas em um único dia

Vacinação contra covid-19 em descompasso: menos de 40% das doses foram aplicadas

Se, há um mês, a cobrança era para dar início à campanha nacional de imunização contra a covid-19, agora, o país assiste à morosidade do governo em fazer com que as poucas doses disponíveis no país cheguem, de fato, aos grupos mais vulneráveis.

Para além da escassez de unidades, a falta de um plano de operacionalização central efetivo levou cada um dos entes federativos a interpretar as prioridades de maneira distinta, o que acaba gerando um descompasso no ritmo de entrega.

Enquanto alguns estados zeraram seus estoques e precisaram paralisar os próximos passos, outros não chegaram a conseguir aplicar nem 20% das vacinas.

No total, desde o início da imunização, em 18 de janeiro, cerca de 3,58 milhões de brasileiros receberam a primeira aplicação, uma média de 170 mil vacinados por dia.

Os dados são do Painel Covid-19 — Estatísticas do Coronavírus, plataforma criada pelo analista de sistemas e matemático Giscard Stephanou a partir de dados oficiais das secretarias de estado e do Ministério da Saúde. Dos nove milhões de doses distribuídas, foram aplicadas menos de 40%, imunizando parcialmente cerca de 1,7% da população.

É fato que parte do estoque relativo à CoronaVac está reservada para garantir a segunda dose, agendada para ocorrer até 28 dias após a primeira aplicação.

Ainda assim — ao considerar que os dois milhões de doses da Covishield, conhecida popularmente como a vacina de Oxford/AstraZeneca, já foram liberados — o percentual de doses aplicadas em relação às distribuídas deveria estar em 61%, patamar que o país teria capacidade de atingir, pela experiência com o Programa Nacional de Imunização (PNI), em uma semana. É o que argumenta o médico sanitarista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília Cláudio Maierovitch.

“Era melhor que já tivesse acabado, porque aí já teríamos mais gente vacinada”.

Em ritmo normal de campanhas nacionais, como a vacinação contra a gripe, o país é capaz de imunizar entre 1 milhão e 1,5 milhão de pessoas em um único dia.

Em 2019, por exemplo, o Dia D levou 5,5 milhões aos postos de saúde.

Para o diretor científico da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José Davi Urbaez, é possível observar com clareza que o Brasil não está vacinando no ritmo em que é capaz, mas o ponto de partida do problema é a falta de oferta.

“A quantidade de imunógeno é pequena e isso tem levado a essas campanhas meio mornas”. Conforme o especialista, a situação em que o Brasil se vê no momento é reflexo de uma “política de sabotagem sistemática de tudo que representa controle da pandemia”.

Por mais que a oferta esteja aquém da necessidade do momento, Maierovitch reforça que a falta de planejamento do governo federal culmina no atual momento. “Foi criado um clima de imprevisibilidade que poderia ter sido diferente.

Todos os gestores estaduais e municipais estão muito cautelosos a ponto de terem dificuldade de se organizar, desacelerando o já prejudicado ritmo da vacinação, emitindo orientações distintas entre si”.

Deu no Correio Braziliense

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista