Crime organizado 30/10/2025 09:16
Da atuação nos EUA ao ‘tudo 2’: 5 fatos pouco conhecidos sobre o Comando Vermelho

A cidade do Rio de Janeiro amanheceu nesta quarta-feira (29) sob o impacto de uma das cenas mais chocantes de sua história recente: moradores do Complexo da Penha, na Zona Norte, carregaram dezenas de corpos até a Praça São Lucas, após uma das operações policiais mais letais já registradas no Brasil.
Segundo o G1, desde terça-feira (28), pelo menos 128 pessoas morreram – o número supera até aquele registrado no Massacre do Carandiru, em 1992.
O confronto, que mobilizou 2,5 mil agentes policiais, marcou o início de um novo capítulo da guerra travada contra o Comando Vermelho (CV), a mais antiga e poderosa facção criminosa do estado do Rio de Janeiro.
A missão teve como principal alvo Edgar Alves de Andrade (de codinome “Doca” ou “Urso”), apontado como líder do CV na Penha.
Como destaca o jornal O Globo, a ação foi descrita por Cláudio Castro, governador do Rio de Janeiro, como uma “operação contra narcoterroristas”.
A afirmação, no entanto, gerou críticas de entidades de direitos humanos, que denunciam possíveis execuções e uso excessivo de força bruta para com toda a população moradora das comunidades, inclusive indivíduos sem qualquer relação com o tráfico.
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Esse é apenas o ponto mais recente de uma história que começou há quase 50 anos, dentro das prisões do Rio, e que hoje ultrapassa fronteiras, com ramificações internacionais e códigos próprios, como o famoso “tudo 2”.
Para entender como o CV se transformou em um dos grupos criminosos mais influentes da América Latina, vale revisitar cinco momentos e fatos que marcaram sua trajetória. Conheça, a seguir:
Em meio ao luto e à tensão após a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, o Disque Denúncia divulgou, nesta terça-feira (28), um cartaz oferecendo recompensa de R$ 100 mil pela captura de Edgar Alves de Andrade, de 55 anos.
A cifra iguala o valor pago por informações sobre Fernandinho Beira-Mar, atual chefe máximo da facção, preso há duas décadas.
Foragido e com mais de 20 mandados de prisão, Doca é investigado por mais de 100 homicídios, incluindo execuções de crianças e desaparecimentos de moradores, de acordo com O Globo.
Em 2023, foi apontado como mandante da morte de três médicos na Barra da Tijuca, confundidos com milicianos.
Nas comunidades sob seu domínio, ele é cultuado como uma espécie de “símbolo” do poder armado. Grafites espalhados pela Penha mostram um urso com colete e fuzil, referência direta à “Tropa do Urso”, grupo que comanda.
A recompensa milionária reflete o grau de influência e o desafio que sua figura representa para o Estado – um líder que opera nas sombras, mas dita regras em parte expressiva do território carioca.
O que hoje se conhece como Comando Vermelho nasceu de uma decisão do regime militar. Em 1969, o Decreto-Lei nº 898 alterou a Lei de Segurança Nacional e permitiu que o governo misturasse presos políticos (guerrilheiros, estudantes e opositores do regime) com bandidos comuns nas penitenciárias.
Essa política, motivada pelo desejo de negar a existência de presos políticos no Brasil, acabou criando um efeito colateral devastador: os detentos comuns passaram a conviver com militantes organizados, que tinham forte senso de coletividade, disciplina e estratégia.
O aprendizado de resistência e solidariedade entre os presos se converteu, anos depois, em uma organização criminosa, lembra O Globo
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O berço do Comando Vermelho foi o Instituto Penal Cândido Mendes, na Ilha Grande, em Angra dos Reis. Ali, entre as celas superlotadas e a ausência do Estado, nasceu a Falange LSN, embrião do CV.
Na década de 1970, nomes como William da Silva Lima (“Professor”), Rogério Lemgruber (“Bagulhão”) e José Carlos dos Reis Encina (“Escadinha”) criaram um sistema interno baseado em regras rígidas, solidariedade entre presos e uma espécie de “caixa comum” para ajudar famílias e financiar fugas.
Em 17 de setembro de 1979, um motim sangrento marcou a ascensão definitiva do grupo. Seis detentos rivais foram mortos, num episódio considerado o “batismo de sangue” da futura facção. A partir daí, a Falange Vermelha – rebatizada depois como Comando Vermelho – passou a dominar o presídio e, mais tarde, expandiu-se para fora das grades, indica o portal Terra.
Na virada para os anos 1980, o tráfico de drogas nas favelas cariocas ofereceu a oportunidade que consolidaria o poder da organização. O que nasceu como um grupo de autodefesa virou máquina de guerra e lucro, movida a fuzis e cocaína.
O alcance do Comando Vermelho não se limita mais ao Brasil. Segundo relatório entregue pelo Estado do Rio ao governo de Donald Trump, a facção atua nos Estados Unidos, com conexões voltadas ao tráfico internacional e à lavagem de dinheiro.
O documento, elaborado pela Inteligência da Secretaria de Segurança Pública fluminense, busca apoio americano para classificar o CV como organização terrorista.
Como ressalta a CNN Brasil, embora o governo federal brasileiro rejeite essa designação, por entender que o grupo não tem motivação ideológica, o dossiê revela o grau de internacionalização da facção. Indica-se que ela opere em mais de 20 estados brasileiros e mantenha parcerias transnacionais no envio de drogas e armas.
Nas ruas, o Comando Vermelho impõe o medo e, nas redes, o “tudo 2” – um código simbólico que identifica seus membros e simpatizantes.
De acordo com o UOL, o número “2” aparece ao lado de emojis de bandeira vermelha e mãos fazendo o gesto de paz e amor, marcando presença digital em comunidades virtuais e perfis ligados às áreas dominadas pela facção.
Segundo o Observatório de Segurança Pública da Unesp (OSP), consultado pelo portal, esses sinais servem como forma de autoafirmação e controle simbólico dos territórios, aproximando o discurso criminal da cultura popular das periferias.
O fenômeno reflete a tentativa das facções de moldar a linguagem da internet, transformando-a em ferramenta de poder e pertencimento.
Em regiões dominadas por Doca, por exemplo, é comum o uso do emoji de urso, em alusão direta ao seu apelido. Já os rivais do Terceiro Comando Puro (TCP) usam o “tudo 3”, com o emoji de peixe, em referência ao traficante Peixão.
Para muitos moradores, esses códigos fazem parte da rotina: “Aqui é tudo 2” ou “aqui é tudo 3” deixaram de ser apenas frases para virarem marcadores geográficos do medo.
Descrição Jornalista
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