Trump e Lula: saiba quais serão os próximos passos das negociações entre EUA e Brasil - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Economia 27/10/2025 09:27

Trump e Lula: saiba quais serão os próximos passos das negociações entre EUA e Brasil

Trump e Lula: saiba quais serão os próximos passos das negociações entre EUA e Brasil

Após o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, especialistas enxergam um cenário promissor para os próximos passos nas negociações entre Brasil Estados Unidos, desde que resoluções práticas sejam apresentadas rapidamente.

A primeira reunião formal entre os chefes de Estado ocorreu nesse domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, onde ocorre a 47ª Cúpula da Asean (Associação de Nações do Sudeste Asiático). A conversa de aproximadamente 50 minutos foi “franca e construtiva”, de acordo com Lula.

O encontro deve marcar o retorno de uma relação amigável entre os dois países após a tensão diplomática a partir das tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros em agosto e as sanções a autoridades e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

De acordo com o coordenador do curso de pós-graduação em Política e Relações Internacionais da Fespsp (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), Alexandre Coelho, agora, os dois governos precisam traduzir o gesto diplomático em resultados concretos, que ele acredita que devem vir antes do final de 2026.

“A gente tem que ter em mente que o encontro de Kuala Lumpur, obviamente, não vai ainda encerrar uma crise bilateral, mas está inaugurando uma janela de oportunidade para a reconstrução de confiança entre Brasil e Estados Unidos”, observa Coelho.

Para a pós-doutora em direito internacional Priscila Caneparo, a agenda posiciona o Brasil como um grande ator regional e influente na América Latina em momento importante.

“Justamente quando os Estados Unidos querem retomar esse vácuo de poder que ele deixou, principalmente no governo [Joe] Biden. E também sinaliza, tanto do lado dos Estados Unidos quanto do lado do Brasil, a volta do diálogo para que não haja uma nova escalada da guerra comercial”, analisa.

Ou seja, politicamente, o encontro estabelece o protagonismo de Trump ante as negociações, enquanto para Lula, mostra ao presidente norte-americano que ele não pode intervir na soberania brasileira.

Negociações

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, os presidentes concordaram em buscar soluções para as tarifas impostas ao Brasil e planejam visitas recíprocas.

Vieira ainda disse a jornalistas logo após a reunião no domingo que Trump teria determinado o início imediato de um processo de negociação entre as duas nações.

“Trump disse que dará instruções à sua equipe para que comece um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda, porque é para ser resolvido em pouco tempo. Ainda neste domingo haverá uma reunião entre brasileiros e americanos”, declarou o ministro, que também informou que Lula se prontificou a atuar como interlocutor junto a Trump, e o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Uma porta importante foi aberta, indicando avanço nas negociações em relação às tarifas de 50%, mas ainda não foram anunciadas soluções concretas.

Caneparo destaca que, enquanto o Brasil expôs suas demandas, os EUA não apresentaram contrapartidas. Por isso, é necessário aguardar e qualificar as expectativas sobre o que os EUA vão oferecer.

“É importante a gente antecipar que vai ter justamente a questão das terras raras, a regulamentação das big techs e vai ter uma imposição de tarifas ainda em pontos cruciais, como o café e o gado bovino”, ressalta.

Os chamados minerais estratégicos e terras raras estão no centro de um embate entre Estados Unidos e China, e o Brasil pode surgir como um potencial parceiro estratégico dos norte-americanos.

📝Os minerais raros são usados para fabricação de diversos produtos de alta tecnologia, como celulares, computadores, turbinas eólicas, equipamentos médicos e até mesmo mísseis e caças.

Coelho concorda e diz que, apesar do tom positivo, as incertezas sobre o cronograma das negociações persistem.

“A suspensão das tarifas vai depender de avaliações políticas internas nos Estados Unidos, enquanto o governo brasileiro vai precisar demonstrar resultados tangíveis para os setores produtivos domésticos”, comenta.

Sobretudo, Caneparo explica que a revisão das tarifas envolve um processo burocrático e técnico, que pode demorar mais do que o previsto.

“A gente sabe que setores cruciais como aço e alumínio não vão ter um regresso efetivamente em relação às tarifas, mas até se chegar em algo concreto, eu acho que, progressivamente, elas serão suspensas e, progressivamente, elas serão renegociadas”, diz.

“Acredito que nos próximos meses é importante checar a definição do mecanismo de revisão tarifária, acompanhar um cronograma, se ele existir, provavelmente deve existir, o avanço de grupos de trabalho bilaterais sobre as sanções e sobre a questão do comércio”, completa Coelho.

Deu em R7

Ricardo Rosado de Holanda
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