A partir de 2025, o cenário da nutrição infantil global passará por uma mudança histórica: haverá mais crianças obesas do que abaixo do peso.
Segundo o novo Relatório de Nutrição Infantil do UNICEF, cerca de 9,4% das crianças de 5 a 19 anos convivem com obesidade, enquanto 9,2% estão abaixo do peso. Há 25 anos, a realidade era oposta: quase 13% tinham baixo peso e apenas 3% eram obesas.
Embora diferentes, os dois quadros são considerados formas de desnutrição.
O baixo peso está ligado à falta de alimento e nutrientes, enquanto a obesidade está associada ao excesso de calorias ruins e à carência de vitaminas e minerais. Ambos comprometem o desenvolvimento saudável e representam riscos sérios à saúde.
O lado positivo é que cada vez menos crianças sofrem com desnutrição severa. Isso significa avanços importantes na prevenção da fome extrema, já que estar abaixo do peso pode afetar o crescimento, a imunidade e até levar à morte em casos graves.
Por outro lado, o crescimento acelerado da obesidade preocupa especialistas. Hoje, 188 milhões de crianças em todo o mundo já vivem com essa condição.
A obesidade infantil aumenta a probabilidade de desenvolver doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão e problemas cardiovasculares, além de elevar custos para os sistemas de saúde.
Estimativas indicam que, até 2035, o sobrepeso e a obesidade poderão custar mais de US$ 4 trilhões por ano, o equivalente a cerca de 3% da economia global.
Entre os principais fatores estão o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados – como refrigerantes, salgadinhos, macarrão instantâneo e bolachas recheadas – e a queda da atividade física.
Dados da OMS apontam que mais de 80% dos adolescentes não praticam sequer uma hora de exercícios diários, como é recomendado.
Alguns países já adotaram medidas mais rígidas. O Chile implementou rótulos de advertência em alimentos e restringiu propagandas infantis, enquanto o México proibiu a venda de ultraprocessados em escolas. Essas ações mostraram impacto positivo, reduzindo o consumo de produtos ricos em açúcar e gordura.
No entanto, especialistas alertam que o problema é global e exige mudanças estruturais: políticas públicas, regulação de mercado e educação alimentar.
A queda no número de crianças com baixo peso é um avanço, mas o crescimento da obesidade deixa claro que o desafio da nutrição no século 21 não está apenas em garantir calorias, mas em melhorar a qualidade daquilo que as crianças consomem.