Depois de enfrentar problemas por causa da falta de médicos, as escalas na rede de saúde de Natal estão normalizadas, conforme disseram à imprensa nesta quinta-feira (11), o prefeito Paulinho Freire e o secretário de Saúde da capital, Geraldo Pinho.
As lacunas começaram no dia 1º deste mês por conta de mudanças na forma de contratação de médicos terceirizados, que era feita pela Coomed até o final de agosto, mas foi transferida para as empresas Justiz e Proseg, vencedoras de uma licitação realizada pelo Município para a oferta desse profissionais à rede.
Na manhã desta quinta, o prefeito visitou a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Cidade da Esperança acompanhado do secretário de Saúde. Ambos disseram que a situação foi normalizada, resultando, inclusive, em um menor tempo de espera na rede de assistência.
“Aqui na Cidade da Esperança, estamos com 10 médicos, dois a mais do que era para ter. As escalas estão completas, em todas as UPAs”, disse o chefe do Executivo municipal.
O secretário Geraldo Pinho afirmou que a regularização aconteceu antes do prazo determinado pela pasta, de 10 dias. Ele disse que o tempo de espera também está menor, assim como a superlotação das unidades.
“Reduzimos o tempo de espera de seis horas para 60 minutos. Nesses primeiros dias de setembro, aqui na Cidade da Esperança já foram feitos 3.997 atendimentos – às vezes, foram mais de 500 atendimentos diários, cerca de 18 por hora. Ainda assim, em uma semana conseguimos diminuir pela metade a superlotação interna de pacientes esperando leito para transferência – de cerca de 100 para 50”, frisou o secretário, ao afirmar que em unidades como o Hospital dos Pescadores e o Centro Clínico José Carlos Passos – neste último, chegou a faltar cardiologista – a situação também está normalizada.
“Nesses 10 dias, no Hospital dos Pescadores as filas foram zeradas em variados turnos. Algumas notícias chegaram a divulgar três mortes em um único dia na unidade, mas eram pacientes que estavam em estado grave. Não tem nada a ver com falta de assistência. No Centro Clínico chegou a faltar um cardiologista, mas agora não mais”, disse o secretário. A reportagem esteve no Centro Clínico, na Ribeira, no final da manhã desta quinta. Funcionários da direção não quiseram conceder entrevistas, mas confirmaram que não há falta de cardiologista.
Já na UPA de Cidade da Esperança, o sentimento quanto às mudanças de atendimento varia de paciente para paciente. Um deles, que preferiu não se identificar, disse não ter notado avanços.
“Cheguei há duas horas com minha esposa, e até agora não fomos atendidos. Acho que não teve mudança alguma”, falou. Já Alice Gabriela, de 21 anos, afirmou que notou celeridade ao menos os primeiros atendimentos. “Cheguei há uma hora. Já passei pela triagem e agora estou aguardando a consulta”, relatou ela, que estava com uma crise respiratória.
“Geralmente, o atendimento demora três horas para a triagem. Mas hoje eu percebi que foi mais rápido”, acrescentou Alice. Ricardo Pinto, diretor da UPA de Cidade da Esperança, comentou que havia um fluxo de atendimento melhor em todos os setores da unidade.
“As salas de internamento estão praticamente vazias, tanto na pediatria como na área adulta. Então, a gente tem observado uma melhoria, até mesmo em relação a reclamações da população”, falou Ricardo Pinto.
Geraldo Ferreira, presidente do Sindicato dos Médicos do RN (Sinmed), que está em Brasília esta semana, rebateu as informações da Prefeitura.
“O que eu tenho recebido de informações é que as escalas continuam incompletas, que médicos cobrem mais de um local, acumulando sala vermelha com sala amarela e pronto-atendimento. As escalas de pediatra são cobertas por outros profissionais. O mesmo tem ocorrido em UTI, onde quem cobre não são intensivistas. E nas escalas das maternidades estão pegando cirurgiões gerais, em vez do obstetra”, denunciou Ferreira.
OSs
Outra pauta da rede de saúde de Natal nos últimos dias é a terceirização da gestão das quatro Unidades de Pronto-Atendimento, que seria tocada por Organizações Sociais de Saúde (OSS).
Na segunda-feira (8), a Justiça do Rio Grande do Norte determinou a suspensão dos Editais de Convocação Pública nº 01/2025, 02/2025, 03/2025 e 04/2025, lançados pela Prefeitura de Natal para contratar as organizações, ao considerar que os documentos apresentados pela gestão municipal não comprovam de forma clara a vantagem da terceirização.
Segundo a decisão, os Estudos Técnicos Preliminares apresentados “carecem de dados objetivos, indicadores mensuráveis ou metodologia de cálculo” que sustentem a escolha pelo modelo de parceria com OSS.
O prefeito Paulinho Freire disse que a suspensão partiu da própria gestão.
“Estamos entrando em entendimento com o Tribunal de Contas do Estado para fazer a contratação da melhor forma possível”, pontuou.
O secretário Geraldo Pinho esclareceu, no entanto, que ainda não há um cronograma para a retomada do processo.
“A suspensão por parte da Prefeitura ocorreu na quinta-feira (4), por meio de uma portaria. Estamos em diálogo com o Ministério Público de Contas e com o TCE sobre o tema. Tenho esperança de que um entendimento vai ser construído para que a gente possa retomar o cronograma e avançar na implementação da gestão das OSS. Mas não há prazo para isso”, finalizou o secretário.”