* Outro fator a ser considerado nos principais momentos do Botafogo na última temporada: um técnico de pulso firme, centralizador, que comanda o futebol, está antenado a tudo e blinda o departamento todo, não apenas o elenco. Treinador quase diretor executivo. Casos de Luís Castro e Artur Jorge. Definitivamente, não foi o caso com Carlos Leiria e Renato Paiva. Davide Ancelotti parece bem intencionado, mas ainda está aprendendo, em meio a tantos desafios que o Botafogo e o futebol brasileiro impõem.
* O Botafogo deixou para trás também o fator identificação, a sintonia com a torcida conquistada por diversos jogadores. Como Gatito Fernández, Gregore, Thiago Almada, Luiz Henrique, Igor Jesus, Tiquinho Soares, Júnior Santos, Tchê Tchê, Eduardo etc. Quer dizer que era para ficar com todos? Não. Mas o elenco hoje tem poucas referências.
* Em seu ápice, o Botafogo foi ofensivo, amassou adversários, não teve medo, tinha como lema jogar igual dentro e fora de casa. Quando preciso, não tinha medo ou vergonha de se defender bem, de saber sofrer, de suportar pressão.
Em 2025, o time é o dos três volantes na hora de decidir. No jogo contra o Racing na ida de Recopa Sul-Americana, nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes contra o Palmeiras e da Libertadores contra a LDU. Em comum nesses três jogos: derrota. “Insanidade é fazer a mesma coisa repetidamente e esperar resultados diferentes”.
* Está aí uma das explicações da derrota e para a LDU. Davide Ancelotti montou um time sem ataque, com dois pontas auxiliares de laterais e um centroavante que era um meia baixo improvisado. Convidou o adversário a atacar. Pouco fez para conter. Demorou a mexer, parecia não ter estratégia ofensiva preparada. Foi merecidamente eliminado.
* O Botafogo mudou o futebol brasileiro em 2024. Foi o primeiro clube a abrir o bolso para contratações em torno ou acima de US$ 20 milhões, como Luiz Henrique e Thiago Almada.
Outros perceberam e passaram a investir mais. Foram atrás de jogadores na Europa em fim de contrato, montaram times físicos e intenso, ampliaram departamento de scout. Enquanto o Glorioso estava no topo e não se preparava para se manter, os outros se preparavam para subir. Agora, é minimizar a velocidade da descida, tentar se equilibrar e voltar a escalar.
* E não há como dissociar o que acontece em campo do que ocorre fora dele. John Textor errou no planejamento, se enrolou no Lyon, vive disputas judiciais e gera um ambiente de instabilidade, onde ninguém sabe o que acontecerá a curto, médio e longo prazo. Talvez nem ele mesmo.
O futebol pode dar um pouco de paz obtendo resultados, o crucial é acertar o extracampo para o clube poder retomar o projeto vitorioso que ficou em 2024.