PGR foi contra acordo de delação de Mauro Cid, mas Moraes seguiu com homologação - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
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Política 21/02/2025 08:19

PGR foi contra acordo de delação de Mauro Cid, mas Moraes seguiu com homologação

STF revela que PGR foi contra acordo de colaboração premiada de tenente-coronel Mauro Cid

PGR foi contra acordo de delação de Mauro Cid, mas Moraes seguiu com homologação

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do  Tribunal Federal (STF), de suspender o sigilo da delação do tenente-coronel Mauro Cid trouxe à tona um detalhe até então pouco discutido: a Procuradoria-Geral da República (PGR), sob o comando de Augusto Aras na época, foi contra o acordo de colaboração premiada.

O órgão apontou inconsistências legais e argumentou que as condições do acordo não eram seguras.

PGR Questionou Falta de Provas Antes do Acordo

O despacho da PGR, assinado pelo então subprocurador-geral Humberto Jacques de Medeiros em 6 de setembro de 2023, expressava a necessidade de uma verificação mais detalhada das provas antes da celebração do acordo.

Segundo Medeiros, o Ministério Público Federal deveria ter garantias concretas sobre a efetividade da colaboração, o que “não ocorreu adequadamente no caso concreto”, conforme revelou o site Metrópoles.

A PGR optou por não validar o acordo nas condições apresentadas, argumentando que caberia ao Ministério Público analisar futuramente a viabilidade da colaboração.

Naquele momento, Augusto Aras ainda chefiava a PGR e já havia pedido o arquivamento de investigações relacionadas aos atos antidemocráticos e às chamadas milícias digitais, temas diretamente ligados à delação de Mauro Cid.

Moraes Homologou o Acordo Mesmo Sem Apoio da PGR

Apesar da posição contrária da PGR, o gabinete de Alexandre de Moraes agiu rapidamente. No mesmo dia do despacho da Procuradoria, o ministro marcou uma audiência para ouvir Mauro Cid e confirmar a suposta voluntariedade da delação.

Apenas três dias depois, Moraes homologou o acordo, ignorando a recomendação do Ministério Público.

Em sua justificativa, Moraes declarou que a colaboração premiada “se revela potencialmente eficaz, tendo em vista que traz aptidão para consecução gradativa dos objetos eleitos”. Na época, Mauro Cid estava preso e, com a delação, obteve liberdade provisória, mas sob restrições, como o uso de tornozeleira eletrônica.

Os depoimentos do militar se tornaram a base de grande parte da investigação que culminou na denúncia de 34 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair .

Pressa de Moraes Levanta Questionamentos

A rapidez com que o acordo foi firmado e homologado levanta dúvidas sobre a condução do processo. A delação de Cid se tornou peça-chave para as acusações contra Bolsonaro e aliados, mas sua validade jurídica segue sendo contestada.

A revelação da resistência da PGR ao acordo reforça as suspeitas de que houve uma manobra estratégica para garantir a delação a qualquer custo.

Deu em ContraFatos

Ricardo Rosado de Holanda
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