Igreja e coaching: como Pablo Marçal pavimentou fortuna de R$ 169,5 milhões - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado
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Eleições 09/09/2024 06:16

Igreja e coaching: como Pablo Marçal pavimentou fortuna de R$ 169,5 milhões

O GLOBO conversou com 18 pessoas que conviveram com o candidato à prefeitura de São Paulo para entender a transição entre o passado pobre e o presente multimilionário

Igreja e coaching: como Pablo Marçal pavimentou fortuna de R$ 169,5 milhões

Enquanto cuidava de microfones, amplificadores e outros equipamentos do sistema de som da Igreja Videira, em Goiânia, Pablo Marçal se manteve atento a outras oportunidades que o trabalho em uma instituição religiosa poderia proporcionar.

Participou de pequenos grupos de oração, se cacifou para coordenar reuniões maiores e fez cursos, que incluíam técnicas de liderança.

Aprendeu um pouco sobre gestão, moldou o jeito de falar ao estilo enfático dos pastores e formatou as bases que o levariam a, em menos de 20 anos, trocar um salário mensal de R$ 240 por uma fortuna declarada de R$ 169,5 milhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 Nas últimas semanas, O GLOBO conversou com 18 pessoas que conviveram com o ex-coach para recontar os passos da trajetória do jovem estudante de Direito em Goiânia que virou líder na disputa pela prefeitura de São Paulo, empatado tecnicamente com dois adversários.

Segundo o Datafolha, o candidato do PRTB tem 22% das intenções de voto, mesmo índice de Ricardo Nunes (MDB), enquanto Guilherme Boulos (PSOL) aparece com 23%.

A atuação como técnico de som na Igreja Videira ocorreu na mesma época em que foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em 2005, por participar de um esquema que aplicava golpes bancários.

Marçal fazia uma lista de e-mails para um integrante do grupo que enviava mensagens chamativas, com o intuito de roubar senhas. O hoje candidato chegou a ser preso e condenado, mas a sentença depois prescreveu, e o caso não foi adiante.

Shows de música gospel

A demissão da igreja — que ocorreu por desentendimentos internos — acabou virando mola profissional. Na antiga Brasil Telecom, para onde foi em seguida, chegou à função de gerente de telemarketing, posto que abriu portas para que fizesse um “treinamento técnico comportamental”.

O material seria usado nos anos seguintes, quando largou a carteira assinada pela carreira de coach impulsionada por cursos on-line.

— Assistindo aos vídeos dele, era basicamente o mesmo curso. Na época, ele nem tinha capacitação para ministrar um treinamento do tipo — lembra o professor de Teologia Augusto Miranda, responsável pelas aulas na ocasião.

Ao mesmo tempo que falava a colegas que gostaria de ser CEO da gigante de telecomunicações, depois comprada pela Oi, pavimentava o caminho para outras experiências no mundo corporativo.

A partir dos contatos na igreja, ajudou a organizar shows de música gospel que renderam alto lucro. Com dinheiro guardado e um interesse cada vez maior pelos temas comportamentais, conheceu um coach que teria papel fundamental na história que viria a seguir. Thiago Geordano recorda que Marçal perguntou a ele quanto faturava por ano e ficou impressionado com a resposta: R$ 12 milhões.

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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