Parte essencial da fortuna vem da venda de livros e cursos sobre empreendedorismo, inteligência emocional e liberdade financeira.
A tabela de preços de todo o catálogo oferecido vai de R$ 497 a R$ 150 mil. O mais caro se chama “O conselheiro” e é oferecido a pessoas físicas e a empresas. Um dos mais populares, “O pior ano da sua vida”, custa R$ 3 mil. Em entrevistas, já disse ter 1,5 milhão de alunos.
A expansão dos negócios fez com que ele seja dono hoje de 29 empresas, em uma rede que contempla plataformas digitais de ensino, colégio de ensino básico, incorporadoras imobiliárias, empresas de marketing direto e até um resort no interior de São Paulo.
A estrutura é controlada por sete holdings e tem como sede uma área de cerca de 5 mil metros quadrados em Barueri, na Grande São Paulo. Frases motivacionais decoram a área de espera na portaria
: “O primeiro que acorda salva todo mundo”, “quem TENTA não consegue” e “o mais sábio vai se adaptar a qualquer situação” são alguns dos slogans que podem ser lidos por ali.
Funcionários entram e saem usando uma camiseta do “Programa Multiplicador de Talentos”, um dos treinamentos da empresa de Marçal, e também com o boné com o “M” usado por ele nas aparições públicas.
Ainda hoje, há muito da igreja dentro dos negócios de Marçal. Uma das plataformas criadas por ele se chama “Quartel General do Reino” e promove reuniões menores em diferentes cidades e países, em um mesmo sistema de “células” feito na Igreja Videira, onde tudo começou.
Com tanta afinidade no meio religioso, chegou a ser convidado para ser pastor, mas não quis. Um pastor que o conhece arrisca uma explicação sobre a negativa:
Marçal não poderia mais trabalhar só para si mesmo e teria que mudar o estilo virulento, por exemplo, abandonando os palavrões.
Ofensa a funcionários
Ex-colegas de trabalho lembram episódios em que o jeito exaltado muitas vezes manifestado em debates apareceu. Uma vez, juntou papéis jogados em uma área em que não poderiam estar, por uma regra da empresa, chamou os funcionários para o auditório e despejou o saco cheio de lixo.
Em outra ocasião, chamou colegas de “endemoniados”, segundo contaram ao GLOBO cinco pessoas que trabalharam com ele. Conforme os relatos, Marçal ficou irritado porque equipamentos haviam sido quebrados. Um trabalhador gravou o momento, publicou na internet, e o caso chegou à chefia.
Hoje, as mesmas redes sociais das quais foi alvo servem de vetor para a disseminação de “cortes” em que divulga ações da campanha e faz ataques ácidos a adversários na corrida eleitoral. Procurado para comentar, Marçal não se manifestou.
— O Pablo (Marçal) não pode alegar que ninguém disse a ele que as coisas que ele faz não estão certas. Essa forma virulenta e agressiva de fazer política é errada — diz o professor de sociologia e filosofia Marcos Roberto, que deu aulas para Marçal no ensino Médio.