Será que todos que estão no topo da pirâmide são ricos?
Embora para os 90% dos que vivem abaixo da linha de R$ 3.422 seja fácil compreender o que é ser pobre, pois eles sabem por experiência própria, é difícil definir o que é ser rico, pois essa noção acaba sendo subjetiva. Será que é ter dinheiro o bastante para parar de trabalhar?
Ou ter carro importado? Na falta de um consenso acadêmico, muita gente associa riqueza a ostentação.
De acordo com o sociólogo e pesquisador do Ipea, Pedro Ferreira de Souza, apesar de o IBGE conseguir estratificar muito bem os 90% mais pobres da população, “nos 10% mais ricos, quanto mais para cima, maior a subestimação”, afirma ele à BBC News Brasil.
Assim, nesse clubinho dos que ganham mais do que R$ 28 mil, o Pnad acaba
colocando em mesmo compartimento profissionais bem remunerados e alguns
bilionários super-ricos.
(Fonte: GettyImages)
Por que é importante conhecer o topo da pirâmide?
Para o Brasil que, em torno de desigualdade social, está no mesmo patamar de Lesoto, Botsuana, Moçambique e África do Sul, é importantíssimo conhecer o topo da pirâmide social por dois motivos, diz Souza.
Primeiramente, porque quando um pequeno percentual da população concentra grande parte dos recursos, ela tende a “usar todos os meios possíveis para converter o poder econômico em influência política e, assim, conseguir enriquecer ainda mais“.
Segundo, porque é preciso saber onde o dinheiro está em tese “sobrando” para melhora a qualidade de vida dos mais pobres.
Não se trata de confisco, diz o sociólogo, “mas do padrão de Estados Unidos e Europa: tributar onde tem mais dinheiro concentrado e gastar onde tem mais
necessidades”, conclui.