Eleições 05/07/2025 13:34

Os sinais de que Tarcísio caminha para disputar a Presidência em 2026

Embora venha repetindo que tentará a reeleição em São Paulo no ano que vem, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), e seus aliados, têm dado cada vez mais sinais de que a disputa à Presidência da República será seu destino político em 2026.

Os últimos discursos públicos, o lançamento de uma versão estadual do programa Bolsa Família e até a perda de peso estão entre os indícios de que Tarcísio caminha para concorrer ao Palácio do Planalto como representante do bolsonarismo nas urnas.

Na última sexta-feira (4/7), Tarcísio foi anunciado como um presidenciável “inequívoco” pelo ex-ministro da Defesa Raul Jungmann, em um painel do Fórum de Lisboa, organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O governador sorriu, mas não comentou sobre o assunto. Em seu discurso, abordou pautas nacionais, como diplomacia, controle da inflação e reforço de segurança nas fronteiras.

Uma semana atrás, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na manifestação na Avenida Paulista, Tarcísio também mirou assuntos federais e atacou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como ainda não havia feito desde se tornou governador.

Aliados também observam que os movimentos de líderes partidários de direita e centro-direita, em torno de uma candidatura presidencial de Tarcísio, tem se intensificado nos últimos meses.

Além disso, o chefe do Palácio dos Bandeirantes é o candidato favorito da maioria dos agentes do mercado financeiro e empresários do agro, tem desempenhado em pesquisas de intenção de votos e investiu até numa rotina mais saudável, que o fez perder 20 quilos.

Arco de alianças

Um deputado do PL e aliado de Tarcísio disse que observa, nas últimas duas semanas, “uma composição política nos bastidores cada vez mais concreta”, para viabilizar a candidatura presidencial do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

O arco de alianças teria o PL, de Bolsonaro, a federação União Progressista, entre o União Brasil e o PP, o PSD, presidido pelo secretário de Tarcísio Gilberto Kassab, além do MDB, que está em negociações para se unir ao Republicanos, partido ao qual o governador de São Paulo é filiado.

Líderes desses partidos, como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Ciro Nogueira, do PP, têm considerado publicamente a candidatura de Tarcísio.

Discurso anti-Lula e alívio ao STF

De forma sútil em Lisboa e escancarada na Avenida Paulista, Tarcísio de Freitas tem centrado ataques contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), um discurso que combina com o de um candidato presidencial da oposição.

Na Paulista, Tarcísio disse frases como, “nós vamos vencer” ou “nós vamos dar essa resposta no ano que vem”, enquanto Bolsonaro admitiu que não “precisa ser presidente”.

Embora tenha endurecido as críticas ao governo e dito que “ninguém aguenta mais o PT”, o governador de São Paulo poupou ministros do STF, principais alvos do protesto bolsonarista do dia 29 de junho.

Para o cientista político Murilo Medeiros, o discurso sinaliza que Tarcísio de Freitas sabe que, se quiser ser presidente, precisará do apoio de Bolsonaro, que garante cerca de 30% do eleitorado.

“O governador Tarcísio, bem avaliado em São Paulo e player fundamental para 2026, tem atuado de forma muito estratégica e até de forma inteligente, tem se posicionado na crítica ao PT de forma pública, mas sem partir para radicalismos”, avaliou.

O governador também rivaliza com Lula em programas de governo. Em contraponto ao “Minha Casa, Minha Vida”, Tarcísio fortaleceu o “Programa Casa Paulista”, criado pelo então governador Geraldo Alckmin. Em maio, o chefe do Palácio do Planalto lançou o “SuperAção”, que dá auxílios e promove cursos a famílias vulneráveis. Na avaliação de aliados, o programa é uma “vacina eleitoral” ao argumento de que o governo Tarcísio não fez entregas sociais.

Desempenho nas pesquisas

  • Ao longo do mês de junho, Tarcísio aparece empatado com Lula em várias pesquisas eleitorais.
  • Em 5 de junho, Tarcísio subiu dois pontos percentuais na simulação do instituto Quaest para o 1º turno e apareceu com 40% das intenções de voto no segundo turno, contra 41% de Lula.
  • O Datafolha publicou uma sondagem eleitoral no último dia 14, Tarcísio aparece empatado tecnicamente, mas numericamente à frente do petista numa simulação de segundo turno: Tarcísio teria 43% dos votos contra 42% de Lula.
  • O instituto Paraná Pesquisas também colocou Tarcísio à frente de Lula em um eventual segundo turno. Na sondagem de 24 de junho, o governador de São Paulo tem 43,6% e o atual mandatário fica com 40,1%.

Perda de 20 quilos

Há duas semanas, Tarcísio de Freitas publicou nas redes sociais um vídeo em que fala sobre acompanhamento médico e retomada à prática de esportes para perder “mais de 20 quilos”. Aliados relatam que o governador têm feito o uso “off label” de um medicamento para diabetes tipo 2.

Na mesma época, Bolsonaro havia comentado a perda de peso do governador em Presidente Prudente.

“Apesar dele ter emagrecido uma arroba [unidade de medida de peso usada para pesar animais] ele vai ficar melhor, tenho certeza. Sentiu o gostinho da política, não sai mais. Tem um grande futuro pela frente. Um baita de um gestor”, disse o ex-presidente.

Sem movimentos bruscos, aliados têm dito que Tarcísio “joga parado” e seguirá emitindo opiniões que transcendem o Estado de São Paulo, enquanto aguarda o momento certo para se colocar como um candidato, mas para isso deve receber “um chamado externo”. Esse prenúncio já estaria preparado por líderes da direita para o fim deste ano ou os primeiros meses do ano que vem.

Deu em Metrópoles
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista