Natureza 05/07/2025 09:17

Falha de Samambaia é responsável por terremotos no Nordeste; entenda os riscos

A Falha de Samambaia é considerada a maior do Brasil, com 38 quilômetros de extensão e até 4 km de largura e é principal estrutura geológica responsável pelos abalos sísmicos no Nordeste brasileiro.

Atingindo profundidades entre 1 e 9 km, ela atravessa os municípios de Parazinho, João Câmara, Poço Branco e Bento Fernandes, no Rio Grande do Norte. Próxima a ela está a Falha de Poço Branco, de menor porte, mas também ativa.

A região da falha é monitorada em tempo real por estações sismológicas, que registram frequentemente abalos de baixa intensidade.

A geologia do Nordeste contribui para essa situação. O subsolo é composto por blocos de rochas extremamente antigas, cobertas por camadas de solo muito finas, variando entre 4 e 25 metros. Em alguns pontos, a rocha chega a ficar exposta na superfície, amplificando os efeitos dos abalos.

Diferentemente dos terremotos tectônicos, mais comuns nas bordas das placas continentais, os sismos nordestinos ocorrem em regiões intraplaca, devido à movimentação ou acomodação de blocos rochosos ao longo das falhas. Infiltrações de água, acomodação natural do solo ou mesmo grandes obras podem desencadear abalos.

Terremoto de 1986

A Falha de Samambaia ganhou notoriedade após o terremoto de 1986. Na época, a população de João Câmara acordou durante a madrugada com estrondos e tremores intensos, provocando pânico e a fuga de milhares de moradores de suas casas. O episódio foi amplamente documentado pela imprensa local.

Moradores até hoje relatam o desespero ao ver as telhas das casas despencarem e, até mesmo, ver pessoas sob escombros. A tragédia motivou avanços na pesquisa e no preparo da comunidade para futuros abalos.

O sismo de João Câmara foi o de maior magnitude em uma série de eventos sísmicos que tiveram início no ano de 1986. O primeiro tremor aconteceu no dia 21 de agosto de 1986 e alcançou 4,3 na escala Richter. No mês seguinte, foram dois eventos sísmicos: 4,3 e 4,4, respectivamente.

O terremoto principal ocorreu no dia 30 de novembro, com magnitude de 5,1, seguido por milhares de réplicas.

Em João Câmara, a Defesa Civil mantém parceria com pesquisadores do LabSis da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) para informar a população e agir rapidamente diante de abalos. O trabalho educativo realizado na cidade visa garantir que os moradores saibam como proceder em caso de novos tremores, reduzindo riscos de acidentes.

Outras falhas

No Brasil, já foram mapeadas 48 grandes falhas geológicas, segundo levantamento da UFMG. Sudeste e Nordeste concentram a maior parte dessas estruturas, que, embora menos propensas a grandes terremotos do que regiões em bordas de placas, ainda exigem monitoramento constante.

Além do Rio Grande do Norte, outros estados também possuem cidades situadas sobre falhas, como Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Acre, Ceará e Paraná. Em alguns casos, como Itacarambi (MG) e Tarauacá (AC), já foram registrados terremotos de maior magnitude, com danos e até vítimas fatais.

Especialistas reforçam que, embora a posição do Brasil no centro da placa tectônica sul-americana reduza a frequência e a intensidade dos terremotos, a existência das falhas torna o risco real, ainda que menor do que em países como Japão ou Estados Unidos.

Deu em R7

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista