Bebidas açucaradas são rapidamente digeridas pelo corpo, o que gera um pico nos níveis de açúcar no sangue, sem oferecer o mesmo valor nutricional.
O seu consumo regular ao longo do tempo pode levar ao ganho de peso, resistência ao hormônio insulina e a uma série de problemas metabólicos associados ao diabetes tipo 2 e às doenças cardíacas, duas das principais causas de morte no globo.
Destaques negativos
Segundo o levantamento, na comparação entre 1990 e 2020, os dados mostraram-se alarmantes, sobretudo, nas regiões em desenvolvimento.
Na África Subsaariana, as bebidas adoçadas com açúcar contribuíram para um aumento de 21% no diabetes e 11% na doença cardiovascular. Já na América Latina e no Caribe, os saltos foram de 24% para o diabetes e 11% para a doença cardiovascular.
Neste cenário, Colômbia, México e África do Sul foram os países mais atingidos. Por lá, estima-se que as bebidas ultraprocessadas sejam responsáveis por aumentos de 48%, 33% e 28%, respectivamente, nos números de novos casos do diabetes tipo 2.
“Bebidas açucaradas são amplamente comercializadas e vendidas em nações de baixa e média renda”, explica Dariush Mozaffarian, autor do artigo, em comunicado. “Essas comunidades não apenas consomem produtos prejudiciais, mas também estão frequentemente menos bem equipadas para lidar com as consequências de saúde a longo prazo”.
À medida que os países se desenvolvem e a renda populacional aumenta, as bebidas açucaradas tornam-se opções acessíveis e desejáveis. Isso, alinhado à falta de uma educação nutricional, ajuda a explicar tal fenômeno, bem como dimensionar o tamanho de seu impacto.
Vale lembrar que, de acordo com o estudo, os homens são mais propensos do que as mulheres a sofrerem as consequências do consumo de bebidas açucaradas. Da mesma forma, jovens adultos correm mais riscos do que seus pares mais velhos.
Como resolver o problema?
“Precisamos de intervenções urgentes e baseadas em evidências para reduzir o consumo de bebidas açucaradas globalmente”, reitera Laura Lara-Castor, que também assina o artigo. “E isso precisa ser feito antes que mais vidas sejam encurtadas por seus efeitos sobre diabetes e doenças cardíacas”.
Como forma de amenizar os impactos da questão, os pesquisadores sugerem uma abordagem multifacetada. Eles citam, por exemplo, desenvolver campanhas de saúde pública, regulamentar a publicidade de bebidas açucaradas e mesmo criar impostos específicos sobre bebidas adoçadas com açúcar.
Alguns países já tomaram medidas nessa direção. O México, que tem uma das maiores taxas per capita de consumo de bebidas açucaradas do mundo, introduziu um imposto sobre as bebidas em 2014. As primeiras evidências sugerem que o imposto tem sido eficaz na redução do consumo, particularmente entre indivíduos de baixa renda.
“Muito mais ainda precisa ser feito, especialmente em países da América Latina e na África onde o consumo é alto e as consequências para a saúde são severas”, conclui Mozaffarian. “Como espécie, precisamos abordar o consumo de bebidas adoçadas com açúcar”.