Tão significativa e inspiradora quanto a música pode ser, ela também pode ajudar enquanto você estuda, trabalha em projetos escolares e faz lição de casa. Como professora assistente clínica de audiologia, posso afirmar que as pesquisas mostram que a música pode aumentar sua concentração e até mesmo motivá-lo.
Essa conexão depende, em parte, da pessoa. Algumas pessoas precisam de silêncio para fazer lição de casa.
Os cérebros humanos têm uma capacidade limitada de realizar multitarefas, e algumas pessoas são melhores em fazer duas coisas ao mesmo tempo do que outras. O estilo de música, a atividade que você está fazendo e o esforço necessário para concluir o trabalho também são fatores importantes.
Alguns tipos de música funcionam melhor do que outros
Diversos estudos descobriram como a música pode afetar os hábitos de estudo e trabalho:
- Ouvir música instrumental ou familiar no fundo interfere menos em tarefas de estudo do que músicas com letras ou músicas desconhecidas. A música instrumental também parece atrapalhar menos a compreensão de leitura e tarefas que exigem memória verbal e visual, em comparação com músicas com letras.
- Um estudo mostrou que músicas suaves e rápidas tiveram um impacto positivo no aprendizado, enquanto músicas altas e rápidas, altas e lentas, ou suaves e lentas dificultaram o aprendizado.
- Músicas animadas, com um ritmo mais acelerado, podem ajudar em atividades que exigem movimento ou motivação, como exercícios físicos ou arrumar o quarto.
- Quanto mais difícil for a tarefa – por exemplo, memorizar material, resolver problemas ou aprender algo novo – maior a chance de a música ser uma distração, o que muitas vezes faz as pessoas optarem por desligá-la.
Mas antes de escutar suas músicas favoritas enquanto estuda, não ignore um detalhe importante: o volume.
O dano começa cedo
Quer você ouça música por alto-falantes, fones de ouvido ou fones auriculares, um volume muito alto pode prejudicar sua audição. Isso é chamado de perda auditiva induzida por ruído, e acontece mais frequentemente do que se imagina – sons de alto volume podem destruir estruturas minúsculas e delicadas, semelhantes a pelos, no ouvido interno, que ajudam a ouvir.
O dano ao ouvido interno pode ocorrer com uma única exposição a um som extremamente alto ou com exposições repetidas a sons altos ao longo de meses ou anos. Embora algumas partes do ouvido possam se reparar, o ouvido interno não consegue se regenerar.
Cerca de 1 em cada 5 americanos com idades entre 12 e 19 anos – aproximadamente 17% – apresentam sinais de alterações auditivas induzidas por ruído em um ou ambos os ouvidos, o que pode levar à perda auditiva no futuro.
Volume, tempo, distância
O quão perigoso um som é para sua audição depende de três fatores: o volume do som, o tempo de exposição e a proximidade do som.
Os sons são medidos em decibéis, ou dB, e a escala dBA reflete como o ouvido humano percebe o som.
Geralmente, sons com 70 decibéis ou menos são seguros para audição. Conversas geralmente registram cerca de 60 dBA, enquanto o tráfego urbano atinge cerca de 80 dBA.
Sons potencialmente prejudiciais incluem cortadores de grama (cerca de 95 dBA), shows de rock (cerca de 120 dBA) e fogos de artifício (cerca de 140 dBA).
A Organização Mundial da Saúde sugere limites de exposição semanal com base na intensidade do som. Por exemplo, é seguro ouvir um som de 75 dBA por até 40 horas por semana. Mas ao ouvir algo a 89 dBA, esse limite cai drasticamente para cerca de uma hora e meia.
Sinais de que você foi exposto a um som perigosamente alto incluem audição abafada, zumbido nos ouvidos e dificuldade em manter uma conversa a 1 metro de distância.
Embora sua audição geralmente volte ao normal após essas experiências, há um custo. Essa mudança temporária na audição pode causar danos permanentes às estruturas do ouvido interno e, eventualmente, prejudicar sua audição.
Como se proteger
Tecnologias não disponíveis há alguns anos agora podem alertá-lo sobre ambientes de escuta arriscados. Aplicativos de medição de som determinam se o volume ao seu redor está muito alto, assim como alguns smartwatches.
Se estiver ouvindo por alto-falantes, o aplicativo pode avisar se o volume estiver muito alto. Ao usar fones de ouvido ou auriculares, mantenha o som em até 60% do volume máximo permitido pelo dispositivo. Uma regra prática: se outra pessoa puder ouvir o som vindo de seus fones de ouvido a um metro de distância, o volume está muito alto.
Use fones de ouvido ou auriculares de alta qualidade, com cancelamento de ruído, para ouvir áudio de forma segura em níveis mais baixos. Alguns modelos também possuem limite de volume.
Use protetores auditivos, como tampões descartáveis ou abafadores, quando estiver em ambientes com sons altos, como shows, fogos de artifício ou cortadores de grama.
Você também pode simplesmente reduzir o tempo de exposição. Fazer pausas evita a superexposição.
Seguindo essas dicas, você poderá aproveitar sua música, jogos e conversas favoritas por décadas. Preste atenção no tipo de música que ajuda sua concentração, em vez de distraí-lo, e seus estudos podem se beneficiar também.
*Este artigo foi publicado originalmente em inglês no site The Conversation. Sua autoria é de Jillian Hubertz professor assistente clínico em Ciências da Fala, Linguagem e Audição na Universidade de Purdue, nos Estados Unidos.
Deu em Galileu