Fotografia 17/04/2024 16:21

Nova técnica restaura fotos dos anos 1800 — e o resultado surpreende; veja

Método inovador desenvolvido por cientistas para restaurar imagens pode evitar a corrosão em materiais modernos e ser usado em fósseis e outros artefatos históricos

O registro de imagens com daguerreótipo foi o primeiro processo fotográfico a ser comercializado para o público, ainda no século 19. Mas muitas das fotografias da época estão hoje corroídas devido à exposição ao ambiente ao longo do tempo.

Foi pensando nisso que pesquisadores desenvolveram uma técnica para recuperar as fotos por meio do uso de radiação síncotron.

A novidade foi divulgada nesta segunda-feira (15) e está registrada em estudo publicado na edição de maio do periódico Journal of Cultural Heritage.

A partir de imagens da década de 1850 pertencentes a colecionadores particulares e à Galeria Nacional do Canadá, a equipe de pesquisa mostrou que a técnica é eficaz em fotos manchadas — porém, desde que as partículas da imagem ainda estejam intactas.

Uma imagem de daguerreótipo é composta de partículas de amálgama de prata-mercúrio ou de prata-mercúrio-ouro sobre uma placa de cobre revestida de prata.

Os tons de cinza característicos dessas fotos são produzidos pela reflexão da luz dessas partículas. Diferente dos negativos de fotos analógicas, cada daguerreótipo é único.

Processo de restauração de imagem do século 19 — Foto: Tsun-Kong Sham et al
Processo de restauração de imagem do século 19 — Foto: Tsun-Kong Sham et al

“Revelar imagens que pareciam perdidas para sempre é o mais empolgante”, disse Tson-Kong Sham, professor de Química da Universidade Western Ontario, no Canadá, em comunicado. “Temos um vislumbre das pessoas que viveram no século 19 que não teríamos de outra forma e aprendemos sobre sua história e cultura.”

Segundo Sham, é possível determinar com a técnica se um metal pode ser resistente à corrosão ou de qual forma ele foi corroído. “No caso de um material já corroído, você pode saber qual é o produto dessa corrosão e sua distribuição na superfície e, em seguida, pode voltar atrás e pensar em como evitar que a corrosão ocorra”, ele explica.

Imagem em processo de restauração — Foto: Tsun-Kong Sham et al
Imagem em processo de restauração — Foto: Tsun-Kong Sham et al

A descoberta segue uma pesquisa feita em 2018 e publicada na Scientific Reports que apontou que uma recuperação não invasiva das fotos pode ser feita com uso de fluorescência de micro raios-X baseada em síncrotron, uma radiação que se estende por um amplo espectro.

Detalhes de imagem restaurada por cientistas — Foto: Tsun-Kong Sham et al

Detalhes de imagem restaurada por cientistas — Foto: Tsun-Kong Sham et al

De forma indireta, os raios X que ajudam os pesquisadores a enxergar a imagem sob a corrosão também podem danificá-la.

“Normalmente, os raios X não danificam os metais visivelmente, por isso não achei que afetariam as placas, mas talvez as impurezas químicas ou a própria corrosão no daguerreótipo tenham sido aquecidas e deixado uma pequena marca por onde a luz do feixe de raios X passou”, conta Sham.

A técnica também poder ser usada para estudar outros artefatos históricos e fósseis e prevenir a corrosão em materiais modernos.

“Esta técnica pode ser amplamente utilizada em todas as áreas da ciência, desde a observação de tecidos até a ciência dos materiais”, aponta o pesquisador.

Uma das fotos do século 19 restaurada pela equipe — Foto: Tsun-Kong Sham et al
Uma das fotos do século 19 restaurada pela equipe — Foto: Tsun-Kong Sham et al

Deu em Galileu

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista