Política 02/06/2023 09:42

Entenda em 7 pontos a insatisfação dos deputados com o governo Lula

Segundo deputados, o Executivo demora na liberação de emendas parlamentares e indicações de cargos políticos e falha no diálogo com os deputados.

Ao deixar para a última hora a votação da medida provisória que reorganiza a estrutura dos ministérios do governo Lula, sob o risco de perda de validade, a Câmara dos Deputados deu um recado de insatisfação com a articulação política do Planalto.

Segundo deputados, o Executivo demora na liberação de emendas parlamentares e indicações de cargos políticos e falha no diálogo com os deputados.

Durante a votação do texto na noite da quarta-feira (31), o deputado Elmar Nascimento (União-BA), líder do partido que tem 59 deputados e dois ministérios na Esplanada, deixou claro que a vontade inicial da sua bancada era “derrotar o governo”.

“Tudo isso é fruto da forma contraditória, desgovernada, de falta de uma base estabilizada”, afirmou.

Liberação de emendas

O orçamento da União de 2023 prevê o pagamento de R$ 36,5 bilhões em emendas parlamentares. A maior parte delas (quase R$ 29 bilhões) são emendas individuais e de bancada, que têm execução impositiva, isto é, o governo é obrigado a pagar ao longo do ano.

Até o fim de maio, o governo empenhou (ou seja, reservou os recursos) para R$ 4,9 bilhões dessas emendas. Boa parte foi empenhada às vésperas de duas votações importantes – R$ 1,1 bilhão antes da análise do arcabouço fiscal e mais R$ 1,7 bilhão no dia anterior à votação da MP dos ministérios.

Apesar da cifra bilionária, os deputados avaliam que ainda é pouco. A título de comparação, até maio de 2022 o governo de Jair Bolsonaro já havia empenhado R$ 11,9 bilhões. Em 2020, entre janeiro e maio, foram empenhados R$ 12,7 bilhões.

Até mesmo deputados governistas têm reclamado que são cobrados em suas bases eleitorais porque as emendas parlamentares não têm chegado.

Há ainda um outro tipo de “emenda”, em um formato informal. São os recursos “herdados” do orçamento secreto, que foi declarado inconstitucional no ano passado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Cerca de R$ 10 bilhões foram direcionados para gastos discricionários do Executivo. Apesar de ser um recurso formalmente do governo federal, parlamentares cobram as indicações desses valores também como forma de garantir apoio no Congresso.

Os recursos são de difícil rastreio, mas técnicos no Congresso afirmam que, até a votação da MP, haviam sido liberados pouco mais de R$ 3 bilhões – o que parlamentares ainda consideram um valor insuficiente.

Indicação de cargos

Parlamentares reclamam que não conseguiram emplacar seus apadrinhados em cargos do segundo e do terceiro escalão do governo, porque as indicações ficam travadas na Casa Civil, comandada por Rui Costa.

Na avaliação do governo, é preciso agilizar essas nomeações, mas os principais problemas estão nas condições dos nomes indicados.

levantamento da Casa Civil mostra que as indicações de aliados ficam sob análise, em média, apenas por sete dias.

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista