Indústria 03/07/2021 09:58

Produção industrial se recupera e volta ao patamar pré-pandemia

Produção das fábricas avança 1,4% em maio e volta ao patamar de fevereiro de 2020, no período anterior à pandemia, mas está longe do pico de maio de 2011. Além disso, o setor enfrenta desafios, como a falta de componentes

A produção industrial nacional avançou 1,4% em maio, na comparação com abril, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta sexta-feira (2/7).

O resultado interrompeu três meses consecutivos de queda, mas ficou abaixo das expectativas do mercado, em torno de 1,6%.

O setor ainda apresenta recuperação desigual entre os segmentos pesquisados.

Com o desempenho de maio, conforme as informações do IBGE, a indústria brasileira retorna ao mesmo patamar de fevereiro de 2020, no cenário pré-pandemia. Apesar do avanço, o setor ainda se encontra 16,7% distante do recorde registrado em maio de 2011.

Já na comparação com maio de 2020, no auge da recessão provocada pela pandemia da covid-19, o crescimento foi de 24%. Nessa base de comparação interanual, foi a nona taxa positiva consecutiva e a segunda mais elevada da série histórica, abaixo apenas da registrada em abril deste ano (34,7%). No acumulado de janeiro a maio, o setor produtivo acumula alta de 13,1%, e em 12 meses registra avanço de 4,9%.

Conforme os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) do IBGE, a alta de 1,4% na margem foi acompanhada por duas das quatro das grandes categorias econômicas e por 15 dos 26 ramos de atividade pesquisados.

Os grupos de bens intermediários e o de bens duráveis apresentaram queda na margem de 0,6 e de 2,4%, respectivamente. Enquanto isso, as categorias de produtos semiduráveis e não duráveis e de bens de capital avançaram 3,6% e 1,4% na mesma base de comparação. Bens de consumo tiveram avanço de 1,5% em relação a abril.

Eliminando perdas
Entre as atividades com influências positivas mais importantes, destacam-se o setor de produtos alimentícios, com alta de 2,9% em relação a abril, após queda de 3,2% no mês anterior; o setor de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com avanço de 3%, eliminando parte da perda de 10% registrada em abril; e o segmento de indústrias extrativas, com crescimento de 2%, o terceiro crescimento mensal consecutivo, acumulando expansão de 10% no período.

As taxas anualizadas, devido às bases muito pequenas de maio de 2020, apresentaram crescimento expressivo em todas as categorias. A de bens duráveis, por exemplo, saltou 149,4%, com destaque para o setor de veículos automotores, reboques e carrocerias, que apresentou variação de 216%.

Enquanto isso, as categorias de bens de capital, de bens intermediários e de semiduráveis e não duráveis avançaram 76,7%, 27% e 13,2%, respectivamente.

O economista-chefe para a América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, destacou que o crescimento da indústria em maio foi impulsionado pelos aumentos na produção de bens de consumo não duráveis e de bens de capital, mas lembrou que várias indústrias ainda estão sendo impactadas pela pandemia e pela queda no fornecimento de insumos e produtos intermediários, como chips no setor automotivo (veja matéria ao lado).

“O recuo de medidas de bloqueio e o aumento da mobilidade durante a segunda semana de abril e ao longo de maio abriram caminho para um fortalecimento gradual da atividade industrial”, destacou ele, citando como exemplo a elevação na utilização da capacidade instalada das fábricas.

Deu em Correio Braziliense

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista