Sem categoria 08/01/2020 10:46

Quem roubou o cheiro da manga rosa?

Lá pelo início dos anos 60, quando estava em férias em Natal (vim morar definitivamente aqui em novembro de 1967), ao longo da Hermes da Fonseca, seguindo a pista dos americanos, existiam inúmeros sítios e pequenas granjas.

Lá pelo início dos anos 60, quando estava em férias em Natal (vim morar definitivamente aqui em novembro de 1967), ao longo da Hermes da Fonseca, seguindo a pista dos americanos, existiam inúmeros sítios e pequenas granjas.

O que chamava a atenção logo era a quantidade e as enormes mangueiras existentes.

Nem precisava pular as cercas e arriscar levar um tiro de sal. As mangas caiam no meio da rua. Era só pegar e levar.

A manga rosa e a manga espada eram as mais abundantes.

Mas quero falar destas primeiras. Eram muito bonitas, grandes, suculentas e, principalmente, cheirosas.

Neste final de semana decidi comprar umas mangas. A preferência, com saudade daqueles tempos, foi pela manga rosa.

Pra minha surpresa e decepção, ela não existe mais.

Não tem mais o cheiro marcante e agradável,  aquelas cores amarela e rosa são quase falsas.

Sua polpa doce, carnuda, suculenta, maciça e com poucos fiapos ficaram na lembrancça gastronômica.

Fiapo, aliás, era um detalhe importante no final na degustação.

Demorava um tempo delicioso pra gente se livrar, enfiado entre os dentes.

Nem fiapo a manga rosa de hoje tem que preste.

Vinda da Ásia e tão comum no Nordeste, foi eternizada por Alceu Valença naquela frase “da manga rosa quero o gosto e sumo…”

Façam o favor: quem roubou o cheiro da manga rosa devolva para matar a saudade daquele menino.

OBS: Contei a história para um amigo e ele confirmou minhas suspeitas de que a manga rosa mudou demais.

Levantou, porém, uma esperança: “acho que ainda existem em sítios na estrada de São José do Mipibu”.

 

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista