Cidades 10/08/2016 11:34

As uvas do sertão potiguar

Por fatorrrh_6w8z3t

Estudos da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) já demonstraram a viabilidade da vitinicultura no estado. A instituição tem cultivos experimentais de uvas em algumas localidades da região de Mossoró, como é o caso do experimento de Alagoinha e da Fazenda Experimental Rafael Fernandes da Ufersa. São vinhedos voltados para sucos. Em parceria com a Embrapa, estão sendo feitos estudos para avaliar a produção de vinhos no local, assim como em outras microrregiões da Bahia e Pernambuco.  Os resultados dão respaldo para o cultivo na região de Apodi. Por isso, o Sebrae tem implantado um modelo para plantação de uvas em pequenas propriedades que já está sendo executado em Apodi.

O maracujá é outra fruta que tem potencial produtivo na região, já que o maracujazeiro se desenvolve bem nas regiões tropicais e subtropicais, sendo, portanto, de clima quente e úmido. Esses elementos de clima, temperatura, precipitação, umidade relativa do ar e luminosidade influenciam diretamente sobre a longevidade e o rendimento das plantas, o que torna a Chapada do Apodi a área ideal para o cultivo. Hoje, a maior produção de maracujá se concentra na Bahia, que chega a produzir mais de 320 mil toneladas da fruta por ano, sendo responsável por abastecer 73% do mercado nacional.

Com o estímulo e assistência técnica, o Sebrae pretende contribuir para a melhoria do sistema de cultivo do maracujazeiro no estado, promovendo o aumento da produtividade e da competitividade deste agronegócio na região, bem como um produto de melhor qualidade, e assim inserir o Rio Grande do Norte nesse mercado. “O maracujá é uma fruta de alta procura, tudo que é plantado é absorvido pelo mercado, já que o Rio Grande do Norte acaba sendo abastecido por outros estados. Enquanto o limão tem demanda no mercado nacional e, dependendo da variedade, no internacional”, garante o professor Django Dantas.

Na avaliação de especialistas, o potencial da uva, maracujá são enormes, por se tratar de frutas com valor agregado alto e manejo compatível com a realidade da região. “A atividade é bastante rentável, pois é possível produzir duas safras por ano aqui, no nordeste. São frutas com pouca variação de preço, mas com ótimo valor agregado. É tipo de cultura que pode se trabalhar no sistema de agricultura familiar”, argumenta o pesquisador. Em relação à goiaba, a proposta do Sebrae é com o estímulo alavancar a cultura de goiabeiras para ultrapassar a produção anual de goiabas no estado de 3 mil toneladas.

No que se refere ao potencial dos citros, o engenheiro agrônomo e pesquisador da Ufersa, Gustavo Alves Pereira, afirma que há experiências bem sucedidas com mexerica, tangerina, limão e laranja, que estão sendo cultivadas experimentalmente em pomares da Ufersa. No caso da laranja, a produção no Nordeste se concentra em Sergipe. “Estamos conseguindo provar que o Rio Grande do Norte produz citros, e de boa qualidade, sem uso de herbicidas ou pesticidas”, assegura o pesquisador.

A explicação para essas frutas não terem o cultivo iniciando anteriormente está relacionado a questões técnicas, que já estão sendo sanadas, e por receio de prejuízos por parte do fruticultor. “O produtor ainda precisa de segurança com relação a culturas que apresentam problemas com pragas e doenças. No caso da goiaba, o nematoide, que pode ser combatido com uma variedade de goiabeira geneticamente modificada que é resistente a esse tipo de problema. No caso do maracujá, o problema é fusarium, uma espécie de fungo de solo. Mas os citros é só uma questão de manejo. A pesquisa científica precisa resolver esses problemas para dar segurança ao produtor”, explica Django Dantas.

Vinhedo da fazenda Quixabá em Parazinho.Agência_Sebrae

Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista