Vestígios da cidade perdida de Rungholt, que foi engolida pelo Mar de Wadden, na
costa da Alemanha, há quase 700 anos, foram encontrados por um grupo de
arqueólogos.
A descoberta pode eliminar, de vez, as dúvidas sobre a existência da
localidade que se tornou uma lenda no país.
Também conhecida como a “Atlântida alemã”, em referência à lendária ilha citada por
Platão, ela foi localizada durante a maré baixa na região entre as costas da Alemanha, Holanda e Dinamarca. Conforme o comunicado, os pesquisadores usaram técnicas
magnéticas para detectá-la abaixo dos bancos de areia e lama.
A equipe composta por especialistas das universidades de Kiel e Johannes Gutenberg de Mainz, entre outras instituições, encontrou restos de construções como uma igreja grande e outras duas menores. Um dique marítimo e sistemas de drenagem também foram localizados.
(Fonte: Universidade de Kiel/Divulgação)
Em entrevista ao Daily Mail, os autores da descoberta disseram que as dimensões
amplas da igreja principal sugerem que ela era uma “paróquia com função superior”. Já os demais elementos apontam a existência de um grande sistema de proteção para impedir os avanços da maré.
Como Rungholt desapareceu?
De acordo com a lenda local, a “Atlântida do Mar do Norte” afundou no Mar de Wadden devido a um castigo divino. Tudo começou em 1361, quando uma turma de jovens bêbados tentou obrigar um padre a dar o sacramento da unção dos enfermos a um porco.
Enfurecido, o padre foi a uma igreja no dia seguinte, onde teria pedido a Deus que
punisse os moradores pecaminosos. Pouco tempo depois de o representante da igreja deixar a localidade, Rungholt afundou em meio ao Mar de Wadden, em janeiro de 1362.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Mitos à parte, o que aconteceu, na verdade, foi uma tempestade de grandes
proporções atingindo vários países europeus naquele início de ano. Vilas e cidades
costeiras do Reino Unido, Holanda, Dinamarca e Alemanha tiveram sérios danos após a chuva, que acabou ficando conhecida como o “grande afogamento dos homens”.
Rungholt foi uma das localidades mais afetadas, com o seu sumiço dando início à lenda que dura mais de 600 anos. Os arqueólogos agora correm contra o tempo para
intensificar as buscas por mais prédios e outros elementos que ajudem a revelar como era a vida na cidade perdida, pois a erosão ameaça a preservação das fundações.
Riqueza
Estudos anteriores sugerem que a cidade perdida alemã foi um importante ponto
comercial da região e a sua população levava uma vida bastante luxuosa. Outras expedições recuperaram vários objetos pertencentes aos moradores, como ornamentos de metal,
cerâmica, vasos e armas
Muitos destes itens eram importados da Espanha e da Bélgica e provavelmente estavam na área quando Rungholt afundou. A descoberta deles também ajudou a reforçar a ideia de que a “Atlântida alemã” não era apenas uma lenda.