Rio de Janeiro solicitou aos EUA classificação do Comando Vermelho como organização terrorista - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Crime organizado 08/11/2025 09:36

Rio de Janeiro solicitou aos EUA classificação do Comando Vermelho como organização terrorista

Rio de Janeiro solicitou aos EUA classificação do Comando Vermelho como organização terrorista

Pedido confirmado pelo secretário de Segurança

O governo do Rio de Janeiro confirmou que encaminhou aos EUA pedido para que o  (CV) seja reconhecido como organização terrorista. A informação foi confirmada pelo secretário de  do estado, Victor Santos, em entrevista à rádio CBN Rio.

Embora o próprio secretário reconheça que o grupo não se enquadra, hoje, na legislação antiterrorismo brasileira, ele ressaltou o valor estratégico de obter a classificação junto aos EUA, por possibilitar ações complementares que atuem sobre a infraestrutura financeira da facção.

“O americano, ele controla todo o sistema SWIFT, as transações financeiras no mundo inteiro. Isso, para a gente, é interessante que a gente tenha uma agilidade, uma rapidez muito maior de bloquear eventual ativo que pertence a essa organização criminosa”.

Contexto: megaoperação e debate nacional

O pedido do Rio de Janeiro surge em meio a um acirrado debate nacional sobre a possibilidade de enquadrar facções criminosas como terroristas.

O tema ganhou força após uma recente megaoperação policial no estado, justificada pela necessidade de desarticular lideranças do Comando Vermelho na região.

A operação mobilizou cerca de 2.500 policiais civis e militares e provocou intensos confrontos e o fechamento de vias em comunidades. Inicialmente, as autoridades confirmaram 64 mortes, mas o balanço final subiu para 121 óbitos, entre os quais quatro policiais.

Esse episódio foi classificado como a ação policial mais letal da história do estado, superando episódios anteriores como o massacre do Carandiru (referido historicamente).

Impacto no  e na legislação

A repercussão da operação teve reflexos diretos no Congresso.

A votação do Projeto de Lei (PL) 1283/2025, que propõe classificar facções criminosas como organizações terroristas no país, foi adiada pela Comissão de Constituição e  (CCJ) da Câmara dos Deputados, diante do aceso debate e das controvérsias sobre definição legal e impactos práticos.

Além das vítimas fatais, a megaoperação resultou na  de 113 suspeitos e na apreensão de 118 armas, conforme balanços oficiais divulgados pelas autoridades envolvidas.

Justificativa estratégica e limitações legais

Na entrevista, Victor Santos destacou que a solicitação aos EUA tem caráter estratégico, por abrir caminhos para medidas que o ordenamento jurídico nacional, na prática, hoje não alcança — sobretudo no que tange ao congelamento ou ao bloqueio de recursos e ativos com alcance internacional.

Ainda assim, a medida não muda, por si só, o enquadramento jurídico interno do grupo perante a legislação brasileira.

Consequências e desafios para a segurança pública

A iniciativa do Rio de Janeiro revela tanto a intenção de ampliar instrumentos de combate às facções quanto as dificuldades em traduzir operações de grande impacto em ganhos de segurança percebidos pela população.

O cenário levanta questões sobre proporcionalidade, efeitos sobre direitos civis e a necessidade de articulação entre esferas federais e parceiros externos para enfrentar organizações criminosas com atuação transnacional.

 

Deu em ContraFatos

 

Ricardo Rosado de Holanda
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