Em tempos de rotinas aceleradas e trocas cada vez mais digitais, o ato de presentear voltou a ganhar protagonismo na vida dos brasileiros.

Uma pesquisa inédita da Consumoteca, liderada pelo antropólogo Michel Alcoforado, mostra que escolher um presente com intenção se tornou um gesto estratégico para reafirmar vínculos — especialmente num momento em que 40% das pessoas dizem se sentir mais distantes e 34% veem suas relações como superficiais.

O estudo, realizado com 1.296 entrevistados em todas as regiões do país, revela que o presente físico ressurge como o maior “ativo de vínculo”, enquanto as transferências instantâneas, como o Pix, enfrentam resistência por serem percebidas como impessoais.

Para 28% dos participantes, esse tipo de repasse “não transmite carinho ou intenção”.

“A gente não está esfriando, está selecionando melhor com quem quer se manter próximo”, explica Alcoforado. “E o presente é a prova concreta de que alguém parou, pensou e dedicou tempo ao outro.”

Laços em transformação

A pesquisa aponta que o esforço financeiro e emocional ao presentear se concentra no núcleo íntimo: parceiros, filhos e pais. Filhos recebem, em média, 7,6 presentes ao ano; parceiros, 6,4.

Outros destaques do estudo incluem:

• Vínculos Prioritários: Relações mais íntimas exigem presentes personalizados e com maior carga afetiva.
• O amigo voltou: Depois de anos de afastamento, 38% dos entrevistados afirmam ter se reaproximado dos amigos em 2025.

PIX emocional x P.I.X. afetivo

Apesar da praticidade, o presente via transferência bancária gera uma sensação de “dedicação insuficiente”, principalmente em relações mais distantes, onde pode ser interpretado como um gesto frio — quase equivalente à ausência do presente.

Em contraponto, a ideia de um “P.I.X. – Presente com Intenção de Xodó” surge como um novo modo de olhar para o ato de presentear: algo que exige escolha, tempo e afeto num cotidiano cada vez mais acelerado.

Fragrâncias no topo do afeto

O estudo também mapeia preferências no universo da beleza. As fragrâncias aparecem como o presente mais escolhido por simbolizar atenção e cuidado, seguidas por hidratantes corporais, maquiagens e sabonetes.

Perfumes são considerados opções “universais”: funcionam para vínculos íntimos, como parceiros e cônjuges, mas também para círculos ampliados, como colegas de trabalho e vizinhos.

A personalização é apontada como o verdadeiro “xodó” do ato de presentear — escolher algo que reflita o conhecimento sobre o outro, seja uma fragrância sofisticada para relações próximas ou itens de autocuidado que transmitam cuidado e presença.