Um estudo de 20 meses sobre emaciação em crianças entre 6 e 59 meses de idade realizado em toda a extensão da Faixa de Gaza registrou que os casos de desnutrição variaram significativamente de janeiro de 2024 a agosto de 2025, muito por conta das restrições à ajuda humanitária durante a guerra.
Os dados, obtidos por equipes da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA), foram publicados em 8 de outubro na revista científica The Lancet.
Quadros de desnutrição por Gaza
Emaciação é definida como tipo grave de desnutrição, ocorrendo quando o corpo humano começa a quebrar seus próprios tecidos – como gorduras e músculos – devido a falta de energia e proteína para se sustentar.
Junto à perda extrema de peso e massa muscular, a desnutrição e o agravamento da emaciação aumentam o risco de morte.
Como pontua a Science News, uma das formas de avaliar o quadro de desnutrição em uma criança é medindo a circunferência do braço entre o ombro e o cotovelo.
A emaciação aguda pode ser verificada em casos de uma medida entre 115 milímetros e pouco menos de 125 milímetros, enquanto a emaciação severa é qualificada numa circunferência inferior a 115 milímetros.
Resultados de bloqueios de auxílio humanitário
No início de agosto de 2025, quase 16% (1.213 de 7.668) das crianças avaliadas apresentavam emaciação aguda, sendo que 3,7% (280 de 7.668) estavam com emaciação severa. De acordo com o estudo, os resultados equivalem a mais de 54.600 crianças necessitando de cuidados terapêuticos e auxílio humanitário.
Outros dados também mostram os efeitos de meses de severas restrições à ajuda humanitária no estado de saúde de crianças pequenas em Gaza: entre setembro de 2024 e meados de janeiro de 2025, a emaciação aumentou de 8,8% para 14,3% dentro do grupo. Em Rafah, quadros de grave desnutrição foram observados em 32,2% das crianças com idade entre 24 e 59 meses.
O acesso insuficiente a alimentos, água, medicamentos e combustível na Faixa de Gaza permanece afetando dezenas de milhares de crianças, que “sofrem de desnutrição aguda evitável e enfrentam um risco elevado de mortalidade”, como descrevem os autores no estudo.
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