Sobrecarga materna
Na opinião de Renato Kfouri, presidente do Instituto de Imunologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, outro ponto que impactou esse declínio é o sucesso da vacinação nas décadas anteriores.
“Na época em que convivíamos com essas doenças, as pessoas tinham receio que seus filhos tivessem sarampo, meningite, e poliomielite e por isso as coberturas vacinais se elevaram entre as décadas de 1980 e 2000, justamente pela percepção de que não vacinar era um risco muito grave”, explicou o médico.
“No entanto, quando a imunização em grupo é atingida e as doenças são eliminadas, a população passa a não conviver mais com esses perigos, e começam a questionar a necessidade da imunização uma vez que as enfermidades não são mais uma ameaça iminente.”
Embora as mães de todos os cantos do país sejam afetadas por esses desafios, o problema é maior nas camadas mais vulneráveis com mulheres negras e de baixa renda. Enquanto, por exemplo, mulheres das denominadas classe A e B (51%) têm o auxílio para se lembrarem da vacinação, isso não ocorre com as mulheres da região Norte e apenas 25% possuem esse auxílio.
Muitas das entrevistadas também relataram ter que faltar no trabalho para conseguir levar os filhos aos postos de saúde, mas nem sempre é possível.
As tarefas do dia a dia impossibilitam que as mães consigam gerenciar a carteirinha dos filhos, fazendo com que muitos pequenos não completem o esquema vacinal.
Ter a escola como uma aliada pode ajudar a mitigar esse problema, uma vez que a instituição é a mais frequente e presente na vida da família brasileira.
No estudo, 9 em cada 10 mães acreditam que a escola pode facilitar o acesso à vacinação infantil. Além disso, 91% das entrevistadas disseram que autorizaram seus filhos a serem vacinados nas instituições escolares.