O déficit recorde das estatais já supera R$ 13,7 bilhões e acende alerta no governo, com crise dos Correios e pressão por reformas estruturais. - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Empresas Estatais 07/12/2025 16:31

O déficit recorde das estatais já supera R$ 13,7 bilhões e acende alerta no governo, com crise dos Correios e pressão por reformas estruturais.

O déficit recorde das estatais já supera R$ 13,7 bilhões e acende alerta no governo, com crise dos Correios e pressão por reformas estruturais.

O que está acontecendo com as estatais federais? Quem acompanha a situação fiscal do país recebeu um novo sinal de alerta após o Banco Central revelar, nesta semana, que as empresas públicas acumulam um déficit de R$ 6,35 bilhões entre janeiro e outubro de 2025.

O dado, divulgado em Brasília, mostra alta de 42,7% em relação ao ano anterior e coloca o governo diante de uma crise que exige respostas rápidas.

O rombo não é isolado. Desde o início do terceiro mandato de Lula, o déficit das estatais já atinge R$ 13,7 bilhões, superando — em menos de três anos — a soma dos prejuízos registrados nas gestões Lula 1, Lula 2, Dilma 1 e Dilma 2, que totalizaram R$ 10,2 bilhões ao longo de mais de uma década.

Os números referem-se às estatais dependentes do Tesouro, como Correios, Serpro, Dataprev, Infraero e Casa da Moeda, mas excluem Petrobras, Eletrobras e bancos públicos. Mesmo assim, o resultado acendeu um debate urgente sobre sustentabilidade financeira e reforma do setor.

Correios vivem a pior crise da história e puxam rombo das estatais

O caso mais grave é o dos Correios, que enfrentam a maior crise de sua existência. Só no primeiro semestre de 2025, a estatal registrou prejuízo de R$ 4,37 bilhões. A projeção para o ano ultrapassa R$ 6 bilhões, o que representa um impacto sem precedentes nas contas públicas.

Para tentar conter o colapso, o conselho da empresa aprovou um empréstimo de R$ 20 bilhões, ainda dependente de aval do Tesouro. A operação pode gerar R$ 2 bilhões anuais em juros, aumentando ainda mais o peso sobre o caixa público.

O plano de reestruturação inclui fechamento de agênciasvenda de imóveis e um novo programa de demissão voluntária.

Especialistas lembram que o problema é estrutural: os Correios perderam mercado para empresas privadas de logística, sofreram queda drástica nas receitas com cartas e acumularam anos de subinvestimento.

Crise das estatais expõe fragilidades do modelo atual

Por outro lado, economistas afirmam que a crise vai muito além dos Correios. Segundo eles, o resultado negativo revela falhas de gestãobaixa produtividade e um sistema que já não acompanha as transformações do mercado.

A LDO de 2026 incluiu uma regra que flexibiliza o déficit permitido, aceitando rombos de até R$ 10 bilhões no próximo ano. Para especialistas, essa mudança funciona como admissão de fragilidade fiscal, reforçando a dificuldade de reequilibrar o setor sem reformas profundas.

Eles defendem que o governo precisa definir quais estatais devem ser privatizadasquais devem receber ajustes de gestão e quais realmente exigem subsídios, mas com total transparência. Caso contrário, o custo da ineficiência continuará recaindo sobre o Tesouro — e, indiretamente, sobre a população.

Governo reage e destaca indicadores positivos da economia

Apesar da pressão crescente sobre as estatais, o governo Lula tem ressaltado dados positivos da economia. O Planalto afirma que o Lula 3 deve registrar o 3º maior crescimento médio do PIB desde o Plano Real, além da menor inflação média da série histórica.

O governo também destaca que:

  • desemprego está no menor nível da história
  • Foram criadas 4,8 milhões de vagas formais
  • renda média atingiu recorde
  • pobreza e a extrema pobreza caíram aos menores patamares
  • desigualdade apresentou queda inédita

Esses indicadores, segundo o Planalto, mostram que o país vive um ciclo de expansão econômica, ainda que acompanhado de desafios pontuais — como o desequilíbrio financeiro das estatais.

O que esperar daqui para frente

Especialistas alertam que o governo precisará agir rapidamente para evitar que o déficit das estatais pressione ainda mais o fiscal em 2026. Sem uma estratégia clara, o rombo tende a crescer numa velocidade superior à capacidade de correção.

Além disso, a necessidade de investimentos em empresas estratégicas como Serpro e Dataprev sinaliza que a discussão sobre modernização, governança e eficiência operacional deve ser inevitável no ano que vem.

Enquanto isso, o debate sobre privatizaçõesreestruturações internas e renegociação de passivos volta ao centro das decisões do governo e do Congresso.

Deu em CPG

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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