Nove em cada dez brasileiros dizem que crianças preferem celular e TV a brincar na rua - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Crianças 08/10/2025 07:38

Nove em cada dez brasileiros dizem que crianças preferem celular e TV a brincar na rua

Nove em cada dez brasileiros dizem que crianças preferem celular e TV a brincar na rua

Uma pesquisa nacional divulgada nesta semana revela que a infância brasileira está cada vez mais associada às telas. Segundo os dados, 88% dos brasileiros acreditam que as crianças de hoje não querem mais brincar na rua, preferindo ficar no celular ou diante da televisão.

Os dados são do Instituto Locomotiva, em pesquisa feita em parceria com a QuestionPro.

O índice representa 143 milhões de pessoas e aponta para uma percepção sobre mudanças culturais nas brincadeiras infantis, marcado pelo afastamento das ruas.

Para 81% da população, as crianças de hoje só se divertem com brinquedos comprados, ao contrário das gerações passadas, que improvisavam brincadeiras com o que tinham disponível.

Essa percepção é compartilhada entre todas as gerações, mas aparece com mais força entre os chamados Baby Boomers (pessoas nascidas entre 1946 e 1964), com 88%, e é menos presente entre os jovens da Geração Z (nascidos entre meados da década de 1990 e o início dos anos 2010), com 74%.

Além disso, 75% acreditam que as crianças de hoje possuem muito mais brinquedos do que as de antigamente. Em contrapartida, a ideia de que brincar ao ar livre é mais saudável continua forte.

Cerca de 77% dos brasileiros afirmam que é melhor para a criança brincar na rua do que ficar diante das telas. Entre a Geração Z, esse percentual chega a 82%, o que chama a atenção por se tratar de uma geração mais conectada e que já cresceu entre as telas, mas ainda assim reconhece a importância de outros espaços para a infância.

Para o presidente do Instituto Locomotiva, Renato Meirelles, os números apontam para um dilema contemporâneo. “A infância brasileira vive um paradoxo. Nunca tivemos tantas opções de brinquedos e recursos tecnológicos, mas ao mesmo tempo cresce a sensação de que o brincar perdeu espaço.

O que está em jogo não é apenas como as crianças se divertem hoje, mas quais memórias e vínculos elas vão carregar para o futuro”, avalia.

Tipos de brincadeira

A pesquisa também aborda percepções culturais em torno do brincar. A maioria dos brasileiros (64%) acredita que não existe “brincadeira de menino ou de menina” e que cada criança deve escolher do que brincar.

Essa visão é mais comum entre as mulheres (71%) e entre os jovens da Geração Z (70%), sugerindo maior abertura entre grupos historicamente ligados ao cuidado e entre as novas gerações.

Por outro lado, um terço da população (32%) ainda mantém uma visão tradicional, considerando errado que meninos brinquem de boneca, ou meninas brinquem de carrinho.

Essa percepção aparece de forma mais intensa entre os homens (40%), enquanto entre as mulheres o indicador cai para 24%.

O levantamento foi realizado de 9 a 11 de setembro de 2025, por meio de entrevistas digitais de autopreenchimento.

Ao todo, foram 1.500 entrevistas representativas da população brasileira com 18 anos ou mais, ponderadas por gênero, faixa etária, escolaridade, classe social e região, conforme parâmetros da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) Anual de 2024. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais.

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista