Bebidas 26/07/2024 18:04
Não beber é melhor para a saúde do que tomar uma taça de vinho ao dia
Estudo canadense questiona o mito dos benefícios do consumo diário de álcool e aponta falhas metodológicas em pesquisas que indicam o contrário
Quem nunca ouviu falar que tomar uma taça de vinho por dia pode ser bom para o coração?
Ou ainda usou essa desculpa para encerrar a noite abrindo uma garrafa? Durante anos, os benefícios das bebidas alcoólicas foram amplamente divulgados, amparados em estudos científicos. No entanto, uma nova pesquisa coloca isso em xeque — e atribui a mensagem otimista de pesquisas anteriores a falhas na metodologia.
Pesquisadores do Canadá conduziram um projeto de revisão da literatura científica sobre os hábitos de consumo de álcool de pessoas e o tempo elas viviam. Ao todo, o grupo analisou 107 publicações.
Os resultados encontrados foram publicados em um artigo na revista Journal of Studies on Alcohol and Drugs.
Segundo os especialistas, colocando os estudos lado a lado, eles perceberam que a maioria deles fazia uma comparação tendenciosa entre indivíduos que bebiam muito com sujeitos que bebiam pouco por conta de questões ligadas à saúde.
Isso significa que, entre os abstêmios e os bebedores ocasionais, há um número de pessoas doentes, o que diminui a saúde média do grupo e faz com que os bebedores leves a moderados pareçam estar em pé de igualdade.
“Foi um golpe de propaganda da indústria do álcool propor que o uso moderado de seu produto prolonga a vida das pessoas”, afirma Tim Stockwell, autor do estudo, ao jornal The Guardian.
“A ideia impactou as diretrizes de consumo e as estimativas de doenças em todo o mundo. Além de ter servido como um impedimento para a formulação de políticas eficazes sobre álcool e saúde pública”.
Atualmente, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera um consumo máximo de 21 unidades de álcool por semana para homens e de 14 unidades para mulheres. Meio litro de cerveja contém, em média, 1 unidade, enquanto uma taça de vinho de 125 ml contém cerca de 1,5 unidades.
Muitos estudos sobre o impacto do álcool na saúde mostram um efeito de “curva J”, no qual as taxas de mortalidade são mais baixas entre aqueles que bebem pouco.
Quando a equipe canadense combinou os dados das pesquisas em sua análise, sugeriu que bebedores leves a moderados — aqueles que tomam entre uma bebida por semana e duas por dia — tiveram um risco 14% menor de morrer do que os abstêmios.
Porém, em uma inspeção mais detalhada, esse benefício aparente some. Nos estudos de maior complexidade, que incluíram pessoas mais jovens e garantiram que ex-consumidores e consumidores ocasionais não fossem considerados abstêmios, não houve evidências de que pessoas cujo consumo era leve ou moderado vivessem mais.
“As estimativas dos benefícios do álcool para a saúde foram exageradas, enquanto seus danos foram subestimados. Ao incluir as pessoas que pararam ou reduziram a bebida por motivos de saúde no grupo de comparação, compromete-se a amostragem, dado que isso faz com que os indivíduos bem o suficiente para continuar bebendo parecessem ainda mais saudáveis”, explica Stockwell.
Um grande estudo publicado no Lancet medical journal em 2018 conclui que não existe um nível seguro de ingestão de álcool. Segundo os autores, as bebidas levaram a 2,8 milhões de mortes em 2016 e foi o principal fator de risco para morte prematura e incapacidade em pessoas de 15 a 49 anos.
Entre os maiores de 50 anos, 27% das mortes globais por câncer em mulheres e 19% em homens estavam relacionadas aos hábitos de beber.
Outra pesquisa, publicada em 2023 na revista Nature, relacionou o álcool a mais de 60 doenças, incluindo cirrose hepática, derrame, vários tipos de câncer gastrointestinal, gota, catarata e úlceras gástricas.
O levantamento analisou mais de meio milhão de chineses.
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