Meta fecha grupo no Facebook em que membros postavam fotos íntimas das esposas - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado
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Comportamento 24/08/2025 13:22

Meta fecha grupo no Facebook em que membros postavam fotos íntimas das esposas

Meta fecha grupo no Facebook em que membros postavam fotos íntimas das esposas

A Meta fechou um grupo italiano no Facebook onde homens trocavam fotos íntimas das suas esposas e outras mulheres sem o conhecimento delas, após usuários denunciarem o fato às autoridades, gerando fortes protestos em redes sociais.

Capturas de tela feitas antes da remoção do grupo no Facebook mostravam imagens de mulheres em diferentes estados de nudez, às vezes dormindo ou em momentos íntimos.

Sob as publicações, havia inúmeros comentários sexualmente explícitos de homens. Alguns diziam que queriam “estuprar” a mulher, enquanto outros elogiavam o caráter secreto de algumas das fotos postadas.

O grupo era chamado “Mia Moglie❤❤❤” (Minha Esposa) e não tinha qualquer restrição de acesso, chegando a alcançar mais de 32 mil membros. Na quarta-feira (20/8), a Meta anunciou o encerramento do grupo “por violar nossas políticas de Exploração Sexual Adulta”.

“Não permitimos conteúdo que ameace ou promova violência sexual, abuso sexual ou exploração sexual em nossas plataformas. Se tomarmos conhecimento de conteúdo que incite ou defenda o estupro, podemos desativar os grupos e contas que o publicam e compartilhar essas informações com as autoridades”, acrescentou a empresa.

O caso tomou grandes proporções na sociedade italiana um dia antes, quando a influenciadora Carolina Capria denunciou publicamente o “Mia Moglie❤❤❤” em publicação no Instagram que rapidamente viralizou, levando outros usuários a denunciarem o grupo do Facebook às autoridades.

“Essa ligação entre violência e sexualidade está tão enraizada em nossa cultura que, em um grupo público, homens escrevem sem esconder os seus nomes e os seus rostos”, escreveu Carolina.

O grupo ficou ativo por seis anos, o que tem levado a questionamentos sobre a capacidade da Meta de coibir abusos dessa natureza.

Postagem abusiva no grupo Mia Moglie❤❤❤ no Facebook — Foto: Reprodução
Postagem abusiva no grupo Mia Moglie❤❤❤ no Facebook — Foto: Reprodução

A Polícia Postal da Itália, a autoridade policial digital responsável por esses casos, recebeu cerca de 2.800 denúncias — algumas das quais vieram de supostas vítimas, informou a agência de segurança pública ao “Financial Times” na quinta-feira (21/8).

Roberta Mori, do Partido Democrata, disse que este não foi um incidente isolado, mas “mais um exemplo de violência digital estrutural enraizada na mesma cultura patriarcal de dominação” encontrada na França no caso de Gisèle Pelicot, que foi estuprada durante anos pelo marido e seus amigos homens.

Bianca Bellucci, ativista dos direitos das mulheres, disse que o caso foi “a enésima manifestação de uma sociedade patriarcal que trata as mulheres como objetos de posse e troca”. Ecoando a indignação, Fiorella Zabatta, do partido European Greens, disse em redes sociais que o grupo “não era apenas diversão inofensiva”, mas sim um “estupro virtual”.

“Essa ideia tóxica de masculinidade deve ser combatida, e todos nós precisamos agir: a sociedade civil e a política também”, defendeu Fiorella.

Marisa Marraffino, advogada especializada em casos criminais na internet, disse que os membros do grupo “Mia Moglie❤❤❤” que compartilhassem fotos íntimas, ou mesmo fizessem comentários sobre elas, poderiam enfrentar acusações criminais puníveis com até seis anos de prisão e multa de até 15 mil euros (R$ 95 mil), de acordo com lei aprovada na Itália em 2019.

Ricardo Rosado de Holanda
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