Mapeamento genético nacional revela ancestralidade do povo brasileiro. RN é o terceiro em ascendência judaica e do Oriente Médio - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado
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Ciência 01/04/2023 09:15

Mapeamento genético nacional revela ancestralidade do povo brasileiro. RN é o terceiro em ascendência judaica e do Oriente Médio

A partir da análise de mais de 200 mil DNAs coletados em testes comerciais, laboratório mapeou as principais ascendências de pessoas de todas as regiões do país

Mapeamento genético nacional revela ancestralidade do povo brasileiro. RN é o terceiro em ascendência judaica e do Oriente Médio

Em um estudo apresentado nesta terça-feira (21), o laboratório brasileiro Genera realizou o maior levantamento de base de dados genômicos da América Latina.

A partir dos resultados de testes genéticos da empresa feitos por pessoas que compraram o produto, foi possível destrinchar parte da história do DNA da população.

A pesquisa reuniu mais de 200 mil códigos genéticos coletados no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Com isso, a empresa traçou a relação entre perfil genético, ancestralidade e particularidades histórico-sociais desses três países, bem como semelhanças e diferenças entre eles.

“Esse é um recorte que abrange pessoas que tiveram condições financeiras para adquirir o produto [teste genético]. No entanto, ainda assim é um volume significativo”, ressaltou o médico Ricardo di Lazzaro, CEO da Genera, em evento de lançamento do estudo em São Paulo.

Os cientistas identificaram que cerca de 75% do DNA da base avaliada nos três países é de origem europeia.

Em segundo lugar vem a ancestralidade africana, com uma incidência de 11%, seguida por Américas (6,5%), Oriente Médio (5,4%), judaica (2,7%) e asiática (2%).

De acordo com a pesquisa, o Brasil tem uma incidência maior de ancestralidade africana em comparação à Argentina e ao Uruguai: são 10,95% por aqui, contra 1,13% na Argentina e 1,94% no Uruguai.

Já a ancestralidade das Américas (povos nativos das Américas) é mais preponderante na Argentina, com 12,59%, seguida de Uruguai (6,73%) e Brasil (6,56%),

Ancestralidade brasileira

De acordo com Lazzaro, o brasileiro é um povo que carrega nos seus genes pedaços de DNA que por muito tempo ficaram separados geograficamente.

A miscigenação fez com que cada um carregasse essa herança genética de diversos lugares do mundo.

Analisando os estados brasileiros, a ascendência europeia se destaca em todas as regiões: 72% da população tem algum traço genético da Europa.

No entanto, nos estados do Sul, a incidência é maior, com 83% em Santa Catarina, 82% no Rio Grande do Sul e 77% no Paraná.

Nordeste é onde está a maioria da pessoas com ancestralidade africana.

Na Bahia, por exemplo, 23% das 3.258 pessoas testadas apresentaram características genéticas da África; já em Sergipe, são 16,9% e no Maranhão, 15,9%.

Os estados com maior origem indígena são aqueles do Norte.

No Amapá, em média 28% têm essa ancestralidade; no Amazonas, são 22%; no Pará, 19%; em Roraima, 17,5%; e no Acre, 16%.

Em relação aos descendentes de asiáticos, São Paulo fica em primeiro lugar: 3,64% da população paulista tem DNA proveniente de países como Japão, Coreia do Sul e China. Em segundo vem Mato Grosso do Sul, com 2,89%; e em terceiro o Paraná, com 2,63%.

Entre os descendentes de imigrantes do Oriente Médio, destacam-se os estados da Paraíba, com 6,6%; Pernambuco, com 6,5%; e Rio Grande do Norte, com 6,4%.

Por fim, os estados com maior ascendência judaica são São Paulo (3,07%), Rio de Janeiro (2,99%) e Rio Grande do Norte (2,6%).

Para Lazzaro, conhecer a própria ancestralidade fornece entendimentos que muitas vezes passam despercebidos e podem ser desvendados pelo DNA.

“Muitos brasileiros, são celíacos ou têm intolerância à lactose, algo que tem origem genética”, explica o médico. “Tomar leite, por exemplo, vem muito de uma cultura europeia, algo que os povos originários aqui no Brasil não estavam acostumados”, completa.

Deu em Galileu


Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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