Em um estudo apresentado nesta terça-feira (21), o laboratório brasileiro Genera realizou o maior levantamento de base de dados genômicos da América Latina.
A partir dos resultados de testes genéticos da empresa feitos por pessoas que compraram o produto, foi possível destrinchar parte da história do DNA da população.
A pesquisa reuniu mais de 200 mil códigos genéticos coletados no Brasil, na Argentina e no Uruguai. Com isso, a empresa traçou a relação entre perfil genético, ancestralidade e particularidades histórico-sociais desses três países, bem como semelhanças e diferenças entre eles.
“Esse é um recorte que abrange pessoas que tiveram condições financeiras para adquirir o produto [teste genético]. No entanto, ainda assim é um volume significativo”, ressaltou o médico Ricardo di Lazzaro, CEO da Genera, em evento de lançamento do estudo em São Paulo.
Os cientistas identificaram que cerca de 75% do DNA da base avaliada nos três países é de origem europeia.
Em segundo lugar vem a ancestralidade africana, com uma incidência de 11%, seguida por Américas (6,5%), Oriente Médio (5,4%), judaica (2,7%) e asiática (2%).
De acordo com a pesquisa, o Brasil tem uma incidência maior de ancestralidade africana em comparação à Argentina e ao Uruguai: são 10,95% por aqui, contra 1,13% na Argentina e 1,94% no Uruguai.
Já a ancestralidade das Américas (povos nativos das Américas) é mais preponderante na Argentina, com 12,59%, seguida de Uruguai (6,73%) e Brasil (6,56%),
Ancestralidade brasileira
De acordo com Lazzaro, o brasileiro é um povo que carrega nos seus genes pedaços de DNA que por muito tempo ficaram separados geograficamente.
A miscigenação fez com que cada um carregasse essa herança genética de diversos lugares do mundo.
Analisando os estados brasileiros, a ascendência europeia se destaca em todas as regiões: 72% da população tem algum traço genético da Europa.
No entanto, nos estados do Sul, a incidência é maior, com 83% em Santa Catarina, 82% no Rio Grande do Sul e 77% no Paraná.
O Nordeste é onde está a maioria da pessoas com ancestralidade africana.
Na Bahia, por exemplo, 23% das 3.258 pessoas testadas apresentaram características genéticas da África; já em Sergipe, são 16,9% e no Maranhão, 15,9%.
Os estados com maior origem indígena são aqueles do Norte.
No Amapá, em média 28% têm essa ancestralidade; no Amazonas, são 22%; no Pará, 19%; em Roraima, 17,5%; e no Acre, 16%.
Em relação aos descendentes de asiáticos, São Paulo fica em primeiro lugar: 3,64% da população paulista tem DNA proveniente de países como Japão, Coreia do Sul e China. Em segundo vem Mato Grosso do Sul, com 2,89%; e em terceiro o Paraná, com 2,63%.
Entre os descendentes de imigrantes do Oriente Médio, destacam-se os estados da Paraíba, com 6,6%; Pernambuco, com 6,5%; e Rio Grande do Norte, com 6,4%.
Por fim, os estados com maior ascendência judaica são São Paulo (3,07%), Rio de Janeiro (2,99%) e Rio Grande do Norte (2,6%).
Para Lazzaro, conhecer a própria ancestralidade fornece entendimentos que muitas vezes passam despercebidos e podem ser desvendados pelo DNA.
“Muitos brasileiros, são celíacos ou têm intolerância à lactose, algo que tem origem genética”, explica o médico. “Tomar leite, por exemplo, vem muito de uma cultura europeia, algo que os povos originários aqui no Brasil não estavam acostumados”, completa.
Deu em Galileu