Hiroshima e Nagasaki: 5 relatos chocantes de sobreviventes da bomba atômica - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
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História 06/08/2025 14:01

Hiroshima e Nagasaki: 5 relatos chocantes de sobreviventes da bomba atômica

Hiroshima e Nagasaki: 5 relatos chocantes de sobreviventes da bomba atômica

Entre 1939 e 1945, o mundo viveu um período de grande tensão, com a Segunda Guerra Mundial.

A maioria das nações foi envolvida, incluindo todas as grandes potências, que se dividiram em duas alianças militares opostas: de um lado estavam os Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e França), e do outro o Eixo (Alemanha, Itália e Japão), que espalhava a dominância nazista de Hitler pela Europa.

E, embora Hitler seja considerado como o grande vilão por trás do conflito, sua morte não marcou definitivamente o fim da guerra. Enquanto ele cometeu suicídio no dia 30 de abril de 1945, setores do governo nazista continuaram a resistência, especialmente onde ainda havia tropas alemãs, mesmo com uma derrota praticamente inevitável.

Além disso, o Japão também não se rendeu, e seguiu com a intenção de expandir seu império na Ásia e no Pacífico. Porém, por isso, eles acabaram sofrendo um dos maiores e mais letais golpes de todo o conflito:

os bombardeios atômicos, perpetrados pelos Estados Unidos, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto de 1945 (respectivamente) — e que foram decisivos para a eventual rendição japonesa no dia 2 de setembro, encerrando definitivamente a guerra.

Segundo a revista Time, em Hiroshima, cerca de 78.000 de seus 350.000 habitantes foram mortos, enquanto, em Nagasaki, as vítimas foram 40.000 dos 240.000 habitantes. Esse episódio é, até hoje, o bombardeio mais mortal de toda a história, e uma mancha irremediável na história dos Estados Unidos — bem como uma cicatriz que nunca se cura, na história do Japão.

As vítimas dos bombardeios não morreram apenas imediatamente, com o impacto da explosão. Em vez disso, a radioatividade que se espalhou com as bombas ainda foram responsáveis por mais mortes, além de uma série de outros problemas para toda a região no tempo que se seguiu. Veja os relatos de alguns sobreviventes dos bombardeios — muitos dos quais ainda eram crianças na época:

1. Chovendo fogo

Fotografia aérea após a explosão nuclear em Hiroshima / Crédito: Getty Images

Segundo a Time, vários sobreviventes dos bombardeios relataram ter visto luzes brilhantes no céu, no momento da explosão. Kikuyo Nakamura, que tinha 21 anos na época do bombardeio e morava em Nagasaki, disse no documentário ‘Atomic People‘ que as montanhas pareciam estar em chamas.

Já em Hiroshima, vários alunos que estavam em uma escola lembram-se de terem visto uma luz intensa e ofuscante, que parecia vir em suas direções, nas salas de aula. E também na cidade vários efeitos dos bombardeios foram vistos. Um homem chegou a descrever as telhas de sua casa se estilhaçando, e que o céu parecia estar “chovendo fogo“.

2. Carne derretida

Criança japonesa chorando sentada em destroços em Hiroshima / Crédito: Getty Images

Nas pessoas, as consequências eram ainda mais chocantes. Há vários relatos de pessoas serem vistas com “pele pendurada no rosto“, e com a “carne pingando como cera de vela“. Michiko Kodama, que tinha apenas 7 anos na época, descreveu ter visto, enquanto era carregada pelo pai nas costas, pessoas com carne derretida — o que ela descreve como uma “cena do inferno”.

Além dela, uma mulher chamada Chieko Kiriake, que tinha 15 anos na época, também relatou ter visto vítimas com a pele das pernas descascando, em uma cena que a marcou pelo resto de sua vida.

3. Grande nuvem

Fotografia tirada após o atentado na cidade de Nagasaki / Crédito: Getty Images

Sachiko Matsuo vivia em Nagasaki, e tinha apenas 11 anos quando seu pai encontrou um folheto lançado pelos americanos alertando os moradores sobre um ataque iminente. Ele então construiu uma cabana improvisada no alto de uma montanha com vista para a cidade, para onde levou sua família e vários outros parentes, e pediu para que se abrigassem.

Quando a bomba explodiu, todos conseguiram sobreviver — apesar de várias queimaduras e lacerações graves —, mas, como Matsuo relatou em 2017, quando foram a um lugar em que pudessem ver sua casa, “havia algo como uma grande nuvem cobrindo toda a cidade, e a nuvem estava crescendo e subindo em nossa direção. Eu não conseguia ver nada lá embaixo.

Minha avó começou a chorar: ‘Todos estão mortos. Este é o fim do mundo‘”. O pai de Matsuo morreu semanas após o bombardeio, devido à radiação.

4. Chuva preta

Desenho de Akiko Takakura das pontas dos dedos carbonizados / Crédito: Divulgação/Coleção do Museu Memorial da Paz de Hiroshima/Akiko Takakura

Com 19 anos na época do bombardeio de Hiroshima, Akiko Takakura recordou por muito tempo em sua vida de uma cena bastante específica que presenciou após a explosão: um homem cujas pontas dos dedos foram carbonizadas e engolidas por chamas azuis. “Com aqueles dedos, o homem provavelmente pegou seus filhos e virou as páginas dos livros”, disse ela ao Chugoku Shimbun em 2014.

Ela estava trabalhando no momento da explosão, e perdeu a consciência imediatamente, acordando só depois com o som de uma amiga gritando por sua mãe. A dupla conseguiu escapar do prédio, mas se depararam com um “redemoinho de fogo” que queimava tudo que tocava.

“Era como um inferno”, lembrou Takakura. “Depois de um tempo, começou a chover. O fogo e a fumaça nos deixaram com muita sede e não havia nada para beber. … As pessoas abriam a boca e viravam o rosto para o céu [para] tentar beber a chuva, mas não era fácil pegar as gotas de chuva com a boca. Era uma chuva preta, com gotas grandes”.

5. Consequências

Ruínas da cidade de Hiroshima após o bombardeio / Crédito: Getty Images

Os sobreviventes ainda enfrentaram grandes desafios, no tempo que decorreu dos bombardeios. Muitos precisaram construir barracas, por perderem suas casas, e a comida era extremamente escassa.

Muitos iam até as montanhas em busca de árvores com frutos comestíveis, e, nas palavras de Seiichiro Mise, muitos precisaram até comer ovos de abelhas direto dos ninhos; “vivíamos como homens das cavernas”, disse.

Isso sem mencionar, é claro, as vítimas da radiaçãoKiyomi Iguro tinha apenas 19 anos quando aconteceu o bombardeio, mas acredita que o aborto espontâneo que sofreu mais tarde foi causado pela exposição à radiação da bomba que ainda teve, conforme disse ela no documentário ‘Atomic People’.

Kikuyo Nakamura também contou que seu filho desenvolveu leucemia quando adulto, possivelmente, segundo seu médico, porque ela o amamentou.

Deu em Aventuras na História

Ricardo Rosado de Holanda
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