O futuro do trabalho na indústria brasileira foi tema da reunião de diretoria da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), realizada nesta sexta-feira (25), na Casa da Indústria.

O presidente do Conselho Temático de Relações de Trabalho e Desenvolvimento Social da Confederação Nacional da Indústria (CRT/CNI), Alexandre Furlan, fez um panorama a respeito do tema.

Furlan destaca que a indústria emprega 11,5 milhões de trabalhadores, o que equivale a 21% dos empregos formais no Brasil. Por outro lado, ele aponta os principais desafios na formação e qualificação de profissionais para a indústria.

“Até 2027 será necessário qualificar cerca de 14 milhões de profissionais e 2,2 milhões precisarão de formação”, destaca.

O especialista acrescenta que apesar de empregar cerca de 20% dos trabalhadores formais no Brasil, a indústria brasileira permanece em como última colocada em competitividade quando se trata de desenvolvimento humano e trabalho, no Ranking Competitividade Brasil (2023-2024).

O documento, elaborado pela CNI, compara o país a outras 17 economias que competem no mercado internacional em produtos industriais semelhantes.

“Há um desinteresse no trabalho celetista”, ressalta.

“A reforma trabalhista promoveu e promove avanços, mas fortalecer as relações de trabalho é o caminho para promover segurança jurídica para empregadores e trabalhadores”, completa.

De acordo com o presidente da FIERN, Roberto Serquiz, é fundamental trazer o tema ao debate para o entendimento das lideranças industriais do estado.

“Hoje temos um novo empresário, preocupado com a responsabilidade social e com os conceitos ESG”, comenta. “O que precisamos é de regras claras e segurança jurídica para atuar e ter segurança nos investimentos”, acrescenta Serquiz.

Curtailment nas energias renováveis

O presidente da Comissão Temática de Energias Renováveis da FIERN (COERE), Sérgio Azevedo, chamou a atenção para o curtailment na geração de energia por fontes eólica e solar.

O curtailment, que pode ser traduzido como “restrição”, refere-se à limitação da geração de energia imposta a usinas mesmo quando há condições ideais de vento ou sol, devido a gargalos na rede de transmissão.

O tema se tornou uma das principais pautas do setor de energias renováveis desde o segundo semestre de 2024, quando as primeiras restrições passaram a ser impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que é responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração de energia elétrica no país.

“O cenário se agrava no segundo semestre porque é um período de maiores ventos e de mais sol”, frisa Azevedo. “Precisamos industrializar a região para termos consumidores dessa energia. Um data center deve ser prioridade a curto prazo para aproveitar esse potencial de energias renováveis. A médio e longo prazo podemos voltar as atenções para hidrogênio verde e eólica offshore”, conclui.

Jornada Nacional de Inovação da Indústria

Roberto Serquiz passou ainda a palavra ao presidente da Comissão Temática de Inovação, Ciência e Tecnologia da FIERN (COINCITEC), Djalma Júnior, falou sobre a Jornada Nacional de Inovação, que percorrerá todos os estados e regiões do Brasil para conectar e dar voz às ideias que embasam transformações ecológica e digital.

O encontro estadual acontece no dia 10 de outubro, na Casa da Indústria, e vai preparar os atores da inovação potiguar para a jornada regional, que acontece em 4 de novembro no SENAI CIMATEC, em Salvador/BA. Já o encontro nacional será realizado em São Paulo, nos dias 24, 25 e 26 de novembro.

“É muito importante a participação dos industriais e dos atores do ecossistema de inovação do Rio Grande do Norte no encontro estadual”, afirma o presidente da COINCITEC.