Os pesquisadores entrevistaram quase 9 mil pessoas nos Estados Unidos e cerca de 30 mil em outros 24 países. O Brasil aparece em 4º lugar entre os mais receosos, com 47% demonstrando preocupação.
Na liderança do ranking negativo estão os Estados Unidos (50%), a Itália (50%) e a Austrália (49%).
Entre os brasileiros, 37% mantêm um sentimento equilibrado e apenas 10% se mostram animados, enquanto países como a Coreia do Sul (16%) e a Índia (19%) registram níveis muito menores de apreensão.
Panorama global de percepção da IA
Os números globais revelam ceticismo persistente, porém heterogêneo entre os países. Enquanto alguns mercados demonstram apreensão elevada, outros exibem cautela moderada.
O estudo destaca que o entusiasmo predominante não alcança a maioria em nenhum país analisado, o que reforça um clima de vigilância prudente.
Para dimensionar a balança entre entusiasmo e receio, o levantamento consolida três faixas de percepção. No panorama global, apenas 16% dos entrevistados se dizem mais animados do que preocupados com a IA, enquanto 34% demonstram maior apreensão.
A maior parte, 42%, mantém uma postura equilibrada entre entusiasmo e cautela, e nenhum país ultrapassou 30% de otimismo predominante. Assim, os percentuais sintetizam a leitura global do momento.
- 16% estão mais animados do que preocupados.
- 34% estão mais preocupados do que animados.
- 42% têm entusiasmo e angústia em níveis iguais.
Confiança na regulação: governos e potências em xeque
Quando o tema é regulação, a confiança varia conforme o ator. Globalmente, 55% confiam muito nos próprios governos, e 53% avaliam positivamente a União Europeia (UE). Já a confiança cai diante dos Estados Unidos e da China, o que sinaliza cautela geopolítica.
Confiança global em ordem crescente
- 27% — Confiam muito na China
- 37% — Confiam muito nos Estados Unidos
- 53% — Confiam muito na União Europeia
- 55% — Confiam muito nos próprios governos
A maioria relata desconfiança diante das potências: 48% confiam pouco ou nada nos Estados Unidos, e 67% expressam o mesmo em relação à China. Assim, a percepção regulatória tende a se ancorar em arranjos domésticos e regionais.
Recorte brasileiro
O Brasil exibe um quadro próprio. Por aqui, 45% confiam pouco ou nada no governo para regular a IA, enquanto 36% dizem confiar muito. Além disso, a confiança em atores externos permanece baixa e difusa: 26% dos brasileiros confiam na UE, 32% na China e 35% nos Estados Unidos.
Informação, economia e alinhamentos políticos
O estudo também mede o grau de informação sobre IA. No Brasil, 22% dizem ter lido ou ouvido muito, 47% afirmam saber pouco e 30% declaram não ter informações. Além disso, países com maior PIB tendem a concentrar mais pessoas bem informadas.
Os contrastes são claros. Nos Estados Unidos, os percentuais atingem 47%, 48% e 5%, respectivamente. Já na França, são 52%, 40% e 8%. Entretanto, na Índia, 35% dizem não ter qualquer informação.
O recorte político também pesa sobre a confiança regulatória. Nos Estados Unidos, 54% dos republicanos confiam no governo, em contraste com 36% dos democratas. Dessa forma, preferências ideológicas moldam as expectativas sobre quem deve arbitrar a IA.
Quando saber impulsiona otimismo
Conhecimento e expectativa caminham juntos. Na Coreia do Sul, 39% dos que se consideram muito bem informados mostram-se otimistas com a tecnologia, enquanto apenas 19% dos que sabem pouco compartilham dessa visão. Assim, a informação reduz incertezas.
O diagnóstico do Pew Research Center indica uma comunidade global atenta, porém fragmentada por contextos econômicos, informacionais e políticos. Para o Brasil, o desafio passa por ampliar o conhecimento, fortalecer a confiança regulatória e, sobretudo, equilibrar a prudência com a capacidade de inovação.