É muita falsidade: como narcisistas, maquiavélicas e psicopatas usam o toque para manipular parceiros - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Comportamento 24/10/2025 09:05

É muita falsidade: como narcisistas, maquiavélicas e psicopatas usam o toque para manipular parceiros

É muita falsidade: como narcisistas, maquiavélicas e psicopatas usam o toque para manipular parceiros

O toque é um dos pilares da comunicação emocional entre humanos. Capaz de ativar a ocitocina – o chamado “hormônio do amor” –, um simples contato físico pode aliviar o estresse, acalmar a mente e até fortalecer os laços entre parceiros. Frente a tantos pontos positivos, os autores da pesquisa seguiram outra linha, e decidiram estudar as suas nocividades nas dinâmicas afetivas.

“A novidade em nosso trabalho não está apenas na identificação de usos problemáticos do toque: é na vinculação desses comportamentos ao tipo de pessoa que tende a usá-los com um parceiro romântico”, afirma Richard Mattson, da Universidade de Binghamton, em comunicado.

Quando o carinho domina

O estudo analisou a maneira como 526 estudantes universitários recebiam e respondiam ao toque físico.

Os participantes responderam questões sobre seu grau de conforto ao serem tocados, a frequência com que evitavam o toque por desconforto e, principalmente, como e quando utilizavam o toque com seus parceiros.

Os resultados revelaram padrões distintos entre homens e mulheres. Entre os homens, o uso do toque esteve mais associado à insegurança: aqueles ansiosos quanto ao status do relacionamento recorriam ao contato físico como forma de garantir atenção e reafirmar o vínculo.

Já os homens que evitam intimidade física frequentemente relataram desconforto ao serem tocados, independentemente de outros fatores.

No caso das mulheres, elas eram mais propensas a evitar o toque quando direcionado a elas, mas também a usá-lo como forma de manipulação, caso fossem pessoas com personalidades consideradas mais “obscuras”.

O “toque íntimo” é o contato físico que transmite proximidade, afeição ou conexão emocional. Esse toque é essencial no desenvolvimento de relacionamentos pessoais, desde o nascimento até a velhice — Foto: PxHere
O “toque íntimo” é o contato físico que transmite proximidade, afeição ou conexão emocional. Esse toque é essencial no desenvolvimento de relacionamentos pessoais, desde o nascimento até a velhice — Foto: PxHere

Por personalidades “obscuras”, os autores do estudo apontaram para os participantes que usavam o toque de forma manipulativa, aqueles pertencentes à “tríade sombria”, composta por três traços de personalidade:

narcisismo (autoimagem inflada), maquiavelismo (manipulação intencional) e psicopatia (falta de empatia e impulsividade).

Pessoas com essas características tendem a buscar vantagens pessoais nas relações interpessoais, inclusive nas demonstrações de afeto.

Segundo Mattson, o problema do uso de toque em relacionamentos que envolvem pessoas dessa tríade é que apenas um lado sai ganhando: o que manipula. Normalmente, esses relacionamentos costumam ser curtos, com muitos deles sendo marcados pela violência.

Alerta: toque!

Os pesquisadores apontam que, em vez de funcionar como um termômetro de afeto e proximidade, o toque em certos contextos pode ser um indicador de desequilíbrio no relacionamento e até de abuso emocional. Com isso, o estudo também sugere que o toque pode ser usado como ferramenta clínica: identificar padrões de toque manipulativo pode ajudar psicólogos a propor intervenções precoces e acessíveis.

“Podemos alavancar o toque nesses cenários para desenvolver intervenções de linha de frente, especialmente para pessoas que não aprenderam a usá-lo de forma saudável e recíproca”, destacou Mattson em comunicado.

Estudo analisou como pessoas se orientam e trocam afeto por meio do toque — Foto: Maksim Sokolov/Wikimedia Commons
Estudo analisou como pessoas se orientam e trocam afeto por meio do toque — Foto: Maksim Sokolov/Wikimedia Commons

Moral da história? Apesar da aparência semelhante entre gestos de carinho e ações de controle, a intenção por trás do toque faz toda a diferença.

Em relacionamentos marcados por personalidades antagonistas e pouco empáticas, o abraço que deveria acolher pode, na verdade, servir como uma forma de pressão.

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista