Dia dos Pais: 5 brigas históricas entre pais e filhos - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

História 10/08/2025 16:35

Dia dos Pais: 5 brigas históricas entre pais e filhos

Dia dos Pais: 5 brigas históricas entre pais e filhos

Neste domingo, 10 de agosto, famílias de todo o Brasil se reúnem para comemorar o Dia dos Pais. E, embora a data não seja comemorada desde sempre, fato é que a relação entre pais e filhos muitas vezes pode ser bastante positiva, ou, em alguns casos, consideravelmente conflituosas.

E esses atritos também não são exclusividade de hoje. Pelo contrário, ao longo da história, desde a Antiguidade, vários conflitos entre pais e filhos foram decisivos para o mundo ou até mesmo culturalmente. Confira a seguir 5 brigas históricas entre pais e filhos:

1. Harry x Charles

Harry e Charles em 2015 / Crédito: Getty Images

A briga mais recente da lista chama atenção ainda hoje, mesmo que talvez esteja perto de chegar ao fim. Em 2020, o príncipe Harry — filho do então príncipe, hoje rei Charles III — abdicou de suas funções na realeza britânica em um feito que chamou grande atenção de todo o mundo, e se mudou para os Estados Unidos com sua esposa Meghan Markle, com quem é casado desde 2018 e tem dois filhos, Archie e Lilibet.

Mesmo que ele não fosse o herdeiro direto do trono após Charles — isso ficando a cargo, antes de Harry, ao príncipe William, primogênito de Charles, e aos seus três filhos, GeorgeCharlotte e Louis —, a saída de Harry da “Família Real” foi apenas o início de uma série de atritos, com o ex-príncipe fazendo uma série de revelações polêmicas sobre sua família, com grande destaque principalmente ao irmão mais velho, ao pai e à madrasta, Camilla Parker Bowles, com quem Charles se casou após o fim do casamento com a mãe dos herdeiros, Diana.

Mais recentemente, fontes próximas aos membros da realeza britânica afirmam que HarryWilliam e Charles podem estar perto de alguma reconciliação. “Harry ainda não gosta de ser controlado pela realeza, e isso não vai mudar.

Entretanto, se a Família Real souber seus próximos movimentos, eles poderão pelo menos traçar um planejamento adequado”, relatou um informante. Já Harry expressou em entrevista no mês passado à BBC: “Eu adoraria me reconciliar com a minha família. Não adianta mais continuar brigando”.

2. Alexandre, o Grande

Bustos de Alexandre, o Grande, e de Filipe II da Macedônia – Getty Images / Licença Creative Commons/Ricardo Mortel

Agora, voltando bastante no tempo, um dos maiores líderes militares que o mundo antigo viu foi Alexandre, o Grande, que se tornou rei da Macedônia aos 20 anos de idade, até sua morte em 323 a.C., aos 32 anos, após uma doença que se acredita ter sido malária, febre tifóide ou até causada por envenenamento. E ele também teve problemas com seu antecessor no trono, seu pai, o rei Filipe II.

Durante sua infância e juventude, Alexandre foi criado de maneira digna de um príncipe, sendo inclusive educado pessoalmente por Aristóteles. Com apenas 16 anos, já atuou como regente durante uma ausência de seu pai, e liderou campanhas bem-sucedidas contra tribos próximas ao Império da Macedônia, sendo também respeitado por sua nação.

Mas quando Alexandre tinha 18 anos, o rei Filipe II se casou com outra mulher, da Macedônia, que, caso tivessem um filho, poderia ameaçar suas chances herdar o trono. Durante um banquete, na véspera do casamento,

Alexandre chegou a brigar com o general Átalo — que desejou que o casal gerasse “um herdeiro legítimo” ao reino, o que o príncipe interpretou como um ataque pessoal —, e Filipe, para tentar interromper a confusão, levantou-se abruptamente; mas caiu, por estar bêbado.

Alexandre então teria zombado de seu pai, e após isso ele e sua mãe, Olímpia, se exilaram. Posteriormente eles chegaram a se reconciliar, mas a relação nunca mais foi realmente próxima. Até que, em 336 a.C., Filipe foi assassinado durante a celebração do casamento de uma filha por um membro da guarda real, Pausânidas, e Alexandre foi proclamado rei pelo exército, antes de começar seu verdadeiro reinado que marcou profundamente a história.

3. Ivan, o Terrível

‘Ivan, o Terrível, e o Seu Filho Ivan em 16 de Novembro de 1581’, de Ilya Repin / Crédito: Domínio Público

Embora nem todos conheçam os detalhes da história russa, lá também vigorou, no passado, um grande império. Uma figura central nisso tudo é Ivan III, conhecido como Ivan, o Grande, Grão-Príncipe de Moscou, que consolidou o poder em Moscou e expandiu o território russo. Mas quem entra aqui para a lista é seu neto, Ivan IV, o primeiro governante a ser coroado czar de toda a Rússia, estabelecendo assim as bases para o Império Russo.

Embora tenha sido responsável por expandir as fronteiras de seu império para o leste, até a Sibéria, e para o sul, até o Mar Cáspio, Ivan IV ficou marcado na história pela alcunha de “Ivan, o Terrível“.

E isso não é à toa: considerado por muitos como o “homem mais cruel que já existiu“, os relatos contam que não era incomum que ele mandasse que seus súditos fossem esquartejados, fervidos vivos, empalados, assados, afogados no gelo ou até dilacerados por cavalos.

E um episódio marcante de sua vida, que inclusive inspirou a emblemática pintura ‘Ivan, o Terrível, e o Seu Filho Ivan em 16 de Novembro de 1581’, de Ilya Repin.

Nesta data, ele teria golpeado seu filho mais velho (e herdeiro do trono da Rússia), Ivan Ivanovich, na cabeça com um cajado; o que o levou à morte dias depois. Vale mencionar que a discussão começou com Ivanovich confrontando o pai, que agrediu sua esposa, Yelena Sheremeteva, que estava grávida e sofreu um aborto espontâneo.

Na obra, vemos Ivan desesperado segurando a cabeça de seu filho, sujo de sangue.

Ivan, o Terrível, morreu em 28 de março de 1584, após sofrer um acidente vascular cerebral enquanto jogava xadrez. Seu herdeiro foi o filho do meio, Teodoro, que morreu sem filhos em 1598, encerrando assim a dinastia ruríquida da Rússia, e iniciando o período conhecido como Tempo de Dificuldades.

4. Mary Shelley

Retratos de Mary Shelley e William Godwin / Crédito: Domínio Público

Uma das obras literárias mais influentes de todos os tempos, sendo um grande marco no terror e na ficção científica, ‘Frankenstein‘ foi o romance de estreia de Mary Shelley, sendo publicado anonimamente por ela em 1818, quando tinha apenas 21 anos.

Ela nasceu no dia 30 de agosto de 1797, em Londres, sendo filha do renomado filósofo William Godwin e da escritora feminista Mary Wollstonecraft.

Infelizmente, ela perdeu a mãe com apenas 10 dias de vida, e mesmo tendo sido criada apenas por seu pai com uma infância feliz e repleta de amor, nunca deixou de ouvir calúnias sobre sua mãe, que era mal-vista por muitos por sua alma livre e crença em todas as formas de amar.

Temendo não conseguir cuidar de sua filha sozinho, Godwin eventualmente se casou novamente com uma mulher chamada Mary Jane Clairmont, com quem teve dois filhos, Charles e Claire. Porém, Mary não gostava de sua madrasta “muito regrada” e com “falsas morais” e por isso, com apenas 16 anos, foi enviada à Escócia, com a intenção de evitar mais conflitos e de aprimorar sua escrita.

Foi lá que ela se abrigou na casa do dissidente radical William Baxterher, e também conheceu o poeta Percy Bysshe Shelley, por quem se apaixonou e viveu um romance conturbado.

Eventualmente, conheceram o famoso poeta Lord Byron, que certa vez convidou o casal para passar férias em sua mansão e, em uma noite chuvosa, sugeriu que cada um ali presente escrevesse uma história de terror, e o melhor conto venceria a disputa. E foi nessa ocasião que Mary Shelley acabou criando ‘Frankenstein’.

5. Karl Marx x Heinrich Marx

Antiga fotografia de Karl Marx / Crédito: Getty Images

Nascido em Tréveris, na Alemanha, em 5 de maio de 1818, Karl Marx foi um importante filósofo, economista, historiador, sociólogo, teórico político, jornalista e revolucionário socialista. Ele é considerado por muitos como o “pai do comunismo“, sendo o principal teórico e autor do ‘Manifesto Comunista’, ao lado de Friedrich Engels.

Porém, um fato que nem todos conhecem é que a família Marx era de origem judia, e incluía inúmeros rabinos, como o próprio avô materno de Marx.

Mas, com o fim das Guerras Napoleônicas, os franceses deixaram o governo da Prússia, e as novas autoridades rapidamente começaram a instaurar um regime que proibia a presença de judeus em cargos públicos. Por isso, o pai de Karl, Heinrich Marx, se converteu ao luteranismo, e batizou todos os seus filhos em 1824.

Mas quando começou a estudar na Universidade de Berlim, Karl Marx entrou em contato com todo um novo mundo intelectual, que muito se posicionava contra a burguesia.

Foi então que ele se viu cada vez mais radical, o que incomodou seu pai, que não aceitou a mudança e, uma semana antes de morrer, enviou a seu filho uma carta dizendo que ele “deveria dar a oportunidade de atribuir um papel à genialidade da monarquia”. Heinrich morreu devido à tuberculose em maio de 1838, mas Marx sequer compareceu em seu enterro.

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Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


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