Saúde 16/12/2025 15:52
Como se sentir injustiçado pode intensificar a dor crônica

Um novo estudo com mais de 700 pessoas que convivem com dor crônica mostrou que pacientes que se sentem injustiçados pela própria condição tendem a relatar dores mais intensas, mais disseminadas pelo corpo e que persistem por mais tempo.
A pesquisa sugere que entender como cada pessoa lida com a raiva pode ser tão importante quanto identificar a origem física da dor.
Esse trabalho foi publicado no The Journal of Pain. Segundo o neurocientista Gadi Gilam, da Universidade Hebraica de Jerusalém, os pesquisadores analisaram adultos em tratamento para diferentes tipos de dor crônica e identificaram quatro “perfis de raiva”, que descrevem como cada indivíduo vivencia, expressa e regula esse sentimento, além do grau de injustiça percebida em relação à própria dor.
“A raiva não é inerentemente ruim”, explica o Gilam. “É um sinal emocional comum do dia a dia e pode promover o bem-estar pessoal e interpessoal quando bem regulada.
Mas quando a raiva se mistura com um sentimento de injustiça, que por si só já é um gatilho para reações de raiva, ela pode aprisionar as pessoas em um ciclo de sofrimento emocional e físico que amplifica e mantém a dor crônica.”
Os resultados chamaram atenção. Pessoas que apresentavam níveis médios ou altos de raiva combinados com forte sensação de injustiça, como a percepção de que a dor representa uma perda irreparável ou um tratamento injusto da vida, tiveram os piores desfechos.
Esses pacientes relataram maior intensidade da dor, maior incapacidade funcional e sofrimento emocional mais elevado, mesmo meses depois da avaliação inicial.
Em contraste, participantes que conseguiam regular melhor a raiva e encarar sua condição com menos ressentimento mostraram evolução significativamente mais favorável ao longo do tempo. Para os cientistas, a raiva não é, em si, um problema. Trata-se de uma emoção comum e até adaptativa.
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A pesquisa acompanhou parte dos voluntários por cerca de cinco meses e constatou que os perfis de raiva eram capazes de prever a persistência da dor independentemente de fatores como ansiedade ou depressão. Isso reforça a ideia de que emoções específicas e não apenas o sofrimento psicológico de forma genérica exercem um papel central na dor crônica.
O risco surge quando ela se associa à percepção de injustiça. “Quando a raiva se mistura com o sentimento de que a dor é injusta, as pessoas podem ficar presas em um ciclo emocional que intensifica e mantém o sofrimento físico”, diz o pesquisador.
As descobertas levantam implicações importantes para o tratamento da dor. Em vez de focar exclusivamente em medicamentos ou intervenções físicas, os autores defendem a inclusão de avaliações emocionais mais detalhadas nos protocolos clínicos.
“Não temos uma pílula simples para curar a dor crônica, nem ferramentas eficazes para prever em quem ela vai persistir”, afirma Gilam. “A forma como o paciente se sente em relação à própria dor pode ser tão importante quanto as causas biológicas.”
Identificar precocemente pacientes com maior tendência à raiva associada à injustiça poderia ajudar a personalizar o tratamento e prevenir quadros de dor crônica de alto impacto.
Abordagens terapêuticas voltadas à regulação emocional, como terapias baseadas na consciência emocional, na expressão dos sentimentos e na compaixão, aparecem como caminhos promissores. Ao compreender as múltiplas faces da raiva, a medicina da dor pode avançar do tratamento dos sintomas para um cuidado mais integral, centrado na experiência do paciente.
“Este estudo destaca que a forma como os pacientes se sentem em relação à sua dor, particularmente se a consideram injusta, pode ser tão importante quanto as causas biológicas”, explica Gilam.
Descrição Jornalista
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