Como funciona a operação de um camarote premium nos maiores shows do país - Fatorrrh - Ricardo Rosado de Holanda
FatorRRHFatorRRH — por Ricardo Rosado

Luxo 19/11/2025 17:33

Como funciona a operação de um camarote premium nos maiores shows do país

Como funciona a operação de um camarote premium nos maiores shows do país

Nos últimos dois anos, quem frequenta os grandes shows da capital paulista começou a notar um novo protagonista na cena de hospitalidade: o Backstage Mirante.

Com operações no Allianz Parque, no Morumbis — em parceria com a Cia Athletica — e na Mercado Livre Arena Pacaembu, o espaço se consolidou como um dos locais mais desejados para assistir a turnês nacionais e internacionais, combinando serviço premium, ambientação cenográfica e after exclusivo.

Além dos grandes shows, jogos de futebol e eventos corporativos — que juntos somam mais de 120 ativações por ano — Fernando e seus sócios, Thiago Armentano e Thomaz Rothmann, planejam inaugurar um novo espaço totalmente dedicado a eventos corporativos, fora das arenas, com foco em arquitetura, personalização e experiência sob medida.

Paralelamente, o grupo pretende ampliar sua presença em grandes festivais e eventos esportivos nacionais, como a NFL e o The Town, dos quais já participou, expandindo seu modelo de hospitalidade para novos palcos e diferentes públicos.

Este mês, o camarote recebeu a energia de Dua Lipa, que se apresentou no último sábado (15), e agora se prepara para a chegada de Oasis no próximo dia 22. Em meio à maratona de shows, Ximenes conta como é manter a engrenagem funcionando em semanas de movimento intenso.

Um público amplo, múltiplo — e sempre em busca de alto padrão

O público do Backstage Mirante varia conforme o artista. Em shows como o de Travis Scott, predominam jovens de 18 a 20 anos; já Oasis, a média sobe para 35 a 50. Em apresentações como Imagine Dragons, a experiência se torna familiar, com pais e filhos compartilhando o programa.

O que une todas essas tribos é a busca por uma experiência de alto padrão. A cada show, o espaço é transformado em uma cenografia alinhada ao artista da noite, mantendo sempre a identidade de hospitalidade premium.

Concierge desde a compra: a experiência começa antes do show

A jornada do cliente começa no momento da compra do ingresso, quando passa a contar com um concierge exclusivo. O atendimento orienta sobre acesso, horários, estacionamento e fluxos — essencial em eventos que reúnem até 70 mil pessoas nos arredores.

No dia do show, hosts posicionados na rua recebem o cliente na chegada ao portão. Para Ximenes, luxo é, sobretudo, sobre pessoas: atendimento atento, serviço ágil e uma experiência que antecipa necessidades. No camarote, um prato vazio não fica mais de 30 segundos sobre a mesa.

Capacidade, operações simultâneas e ticket médio
Hoje, o Backstage Mirante comporta cerca de 500 pessoas no Allianz Parque, 400 no Morumbis e 250 no Pacaembu, com média de 380 a 400 ingressos por show.

A regra de precificação é clara: o ingresso costuma custar cerca de três vezes o valor da pista premium. Shows internacionais começam na faixa de R$ 3.000; nacionais, a partir de R$ 1.500. Com os lotes e a demanda, os valores finais podem chegar a R$ 8.000. O clube de clientes da marca oferece previsibilidade para quem deseja acompanhar a programação.

Desde o início, o grupo adotou uma lógica direta: primeiro entregar a melhor experiência possível, só depois ajustar contas. Nas primeiras operações, investiram o necessário em estrutura, equipe, cenografia e alimentos e bebidas — apenas depois entenderam o modelo ideal de precificação.

Hoje, o investimento por show gira entre 35% e 40% do faturamento, apenas em operação (estrutura, A&B, equipe e cenografia). “É um percentual alto, mas que diferencia o serviço e garante a qualidade que o público espera.”

Consumo impressionante: da comida “fun” ao gin que não para de sair
A operação é longa: portões abrem às 17h, show até meia-noite e after de duas horas. Isso gera uma demanda naturalmente alta por comida e bebida.

O Mirante optou por uma gastronomia “fun”, com parceiros como Stunt Burger, Cristal Pizza e Papila Poke. O consumo médio é de 2 itens de comida por pessoa.

No bar, o número chama que chama atenção: 3.600 garrafas de gin por ano. Os drinks seguem a linha clássica, mas enlatados, equilibrando sofisticação com agilidade — “essencial em noites tão longas.”

Bastidores: montar um evento dentro do outro
O maior desafio é logístico: montar um evento robusto dentro da montagem de um mega show. Isso exige alinhamento constante com as equipes do artista e do estádio, coordenando docas, elevadores, acessos e horários.

A cenografia também muda a cada evento, e entre shows, jogos e ativações corporativas, o espaço precisa virar rapidamente. Para isso, o Mirante opera com três equipes em três turnos, trabalhando 24 horas por dia. Abertura de portões não muda — imprevistos precisam ser resolvidos em tempo real.

Quando o artista decide ficar no after

Momentos marcantes acontecem quando o artista ou a banda escolhe estender a noite no after do camarote. Já subiram ao palco do Mirante músicos do Natiruts, Jota Quest e até artistas internacionais, como YG e Zion Marley, filhos de Lauryn Hill e netos de Bob Marley, criando cenas espontâneas que o público jamais esquece.

Para a equipe, é sinal de que a experiência funcionou — “quando o artista fica, é porque a noite foi boa.”

Da estreia arriscada à expansão planejada

O grupo estreou em abril de 2023, no Allianz Parque, abrindo o espaço dois dias após o fim da obra — e inaugurando às 11h da manhã para mil pessoas. O desafio marcou o início de uma trajetória acelerada.

Hoje, além dos shows, o Mirante administra espaços para eventos corporativos e realiza cerca de 120 eventos por ano, somando jogos, ativações e experiências de marca.

Do corporativo ao fã: o equilíbrio do modelo

Atualmente, 70% do faturamento vem de vendas corporativas e 30% de pessoas físicas. Os lounges privativos — usados por marcas de moda, bancos, tecnologia e montadoras — são parte central da operação. O camarote funciona como plataforma de relacionamento em ambiente exclusivo, sem perder a atmosfera de show.

O que vem aí

Para 2026, a empresa prepara dois movimentos principais. Um novo espaço totalmente dedicado a eventos corporativos, fora das arenas, com foco em arquitetura e personalização e maior presença em grandes festivais e eventos esportivos, ampliando o modelo de hospitalidade para novos palcos e públicos.

Enquanto isso, segue a rotina intensa: Dua Lipa no último sábado, Oasis no próximo, estádios lotados e uma engrenagem que não para.

Deu em Forbes

Ricardo Rosado de Holanda
Ricardo Rosado de Holanda


Descrição Jornalista