A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendeu neste sábado, 15, que o governo brasileiro intensifique negociações com os Estados Unidos para a retirada da sobretaxa de 40% sobre produtos nacionais.
A manifestação ocorre após a decisão do presidente americano, Donald Trump, de eliminar a tarifa de 10% sobre um grupo de produtos agrícolas, incluindo café, carne bovina e frutas.
A medida, como mostramos, retira as taxas impostas em 2 de abril deste ano, mas mantém a sobretaxa de 40% introduzida em agosto.
“É muito importante negociar o quanto antes um acordo para que o produto brasileiro volte a competir em condições melhores no principal destino das exportações industriais brasileiras”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.
De acordo com a análise da entidade, dos 238 produtos beneficiados pela retirada da tarifa global, 80 são exportados pelo Brasil. Entre eles estão carne bovina, café não torrado, suco de laranja, frutas e tomates.
Apenas quatro itens — três tipos de suco de laranja e castanha-do-pará — ficaram totalmente isentos da tarifa.
A manutenção da sobretaxa de 40% sobre os outros 76 produtos ainda afeta setores em que o Brasil se destaca, como café e carne.
Em 2024, as exportações brasileiras desses itens para os EUA totalizaram US$ 4,6 bilhões, cerca de 11% do total das vendas para o país norte-americano.
Entre agosto e outubro, as exportações de café brasileiro para os EUA caíram 51,5% em relação ao mesmo período de 2024, de acordo com o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Já a FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) afirmou que a decisão americana representa um avanço inicial, mas de caráter limitado para os produtos brasileiros.
“Persistem dúvidas relevantes sobre a manutenção da sobretaxa de 40%, o que continua afetando a competitividade de setores como carnes e café”, afirmou a entidade.
O presidente da FIEMG, Flávio Roscoe, acrescentou que a decisão demonstra disposição ao diálogo, mas ainda é necessário avançar para eliminar barreiras e restabelecer condições adequadas de competitividade para a indústria mineira.

